São Paulo, segunda-feira, 30 de abril de 2007

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Estrangeiros vêem país menos vulnerável

Planeta tem grande liquidez de dinheiro e, com juros ainda altos, Brasil atrai recursos para o mercado e para a produção

Com inflação controlada e gordas reservas em dólares, estabilidade do Brasil está conquistando a confiança dos investidores de fora


DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

Para aplicações no mercado ou no setor produtivo, o Brasil nunca foi tão atraente aos olhos dos estrangeiros como neste momento. Todos os dias são divulgados indicadores que provam isso. Mas a melhor notícia, destacada pelos economistas, é a de que diminuiu a vulnerabilidade do país às crises externas -então, no caso de turbulências, a possibilidade de uma fuga de capitais ficou menor.
Neste ano, até o último dia 26, o saldo de investimento estrangeiro na Bovespa estava positivo em US$ 1,572 bilhão, movimentação que tem ajudado a Bolsa a atingir patamares inéditos. E, segundo o Banco Central, o país recebeu US$ 6,578 bilhões em investimentos diretos no primeiro trimestre de 2007 -o maior volume já registrado no período descontando o que entrou na época das privatizações.
Enquanto o governo comemora os números, os donos de todo esse dinheiro dizem que, embora ainda haja muito a fazer, a estabilidade atingida nos últimos anos é a principal explicação para que coloquem seus recursos no país. Com a inflação controlada e gordas reservas em dólares, o Brasil está conquistando a sua confiança.
"Já houve outros tempos em que era abundante o fluxo de dinheiro para o Brasil. A diferença, hoje, é que isso se faz com fundamentos melhores", afirma Paulo Leme, diretor para a América Latina do banco de investimentos Goldman Sachs. "Além disso, a trajetória de queda dos juros permite prever maior crescimento do PIB, o que sem dúvida também atrai muito os investidores, que vêem os ganhos", completa Emy Shayo, economista para a América Latina do banco de investimentos Bear Stearns.
O país também desfruta do clima extremamente positivo em todo o mundo, devido, principalmente, ao forte avanço de emergentes como a China. "A liquidez é abundante e os gestores buscam boas oportunidades para aplicar esses fundos. O Brasil oferece maiores rendimentos, porque tem uma taxa de juros elevada-uma anomalia-, com risco inferior", comenta Marcela Meirelles, analista para a América Latina da administradora de recursos americana TCW (portfólio total de US$ 153 bilhões). Ela esclarece que os volumes que vão para o Brasil não estão sendo retirados de outros países -justamente devido ao fato de sobrar dinheiro no planeta.
Na opinião de Marcela, o panorama para o Brasil continua favorável. "É difícil prever, mas não antecipo nenhuma deterioração grave das condições internacionais e nem da política macroeconômica interna", diz. "O país está em posição completamente diferente da que tinha no final dos anos 90."
"Embora a probabilidade de fuga de capitais seja menor, ela existe, e não devemos baixar a guarda", alerta Leme.
Faltam alguns passos para o Brasil obter o sonhado "grau de investimento", a começar pela redução da dívida pública e um maior equilíbrio fiscal.
Entretanto, os estrangeiros que querem fazer investimentos produtivos no país não se encontram muito preocupados com o que pensam as agências de classificação de risco, no entendimento de Mario Garnero, presidente da Brasilinvest e veterano representante da diplomacia empresarial do país. "Esse conceito já foi superado, essa coisa de BBBB, BB sei lá o quê, é uma bobagem. O Brasil já é um país com um grau de investimento que o mercado outorgou, por causa do modelo de estabilidade econômica e política que começou com FHC e ao qual o Lula deu continuidade."


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