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Estrangeiros vêem país menos vulnerável
Planeta tem grande liquidez de dinheiro e, com juros ainda altos, Brasil atrai recursos para o mercado e para a produção
Com inflação controlada e gordas reservas em dólares, estabilidade do Brasil está conquistando a confiança dos investidores de fora
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
Para aplicações no mercado
ou no setor produtivo, o Brasil
nunca foi tão atraente aos olhos
dos estrangeiros como neste
momento. Todos os dias são divulgados indicadores que provam isso. Mas a melhor notícia,
destacada pelos economistas, é
a de que diminuiu a vulnerabilidade do país às crises externas
-então, no caso de turbulências, a possibilidade de uma fuga de capitais ficou menor.
Neste ano, até o último dia
26, o saldo de investimento estrangeiro na Bovespa estava
positivo em US$ 1,572 bilhão,
movimentação que tem ajudado a Bolsa a atingir patamares
inéditos. E, segundo o Banco
Central, o país recebeu US$
6,578 bilhões em investimentos diretos no primeiro trimestre de 2007 -o maior volume já
registrado no período descontando o que entrou na época
das privatizações.
Enquanto o governo comemora os números, os donos de
todo esse dinheiro dizem que,
embora ainda haja muito a fazer, a estabilidade atingida nos
últimos anos é a principal explicação para que coloquem
seus recursos no país. Com a inflação controlada e gordas reservas em dólares, o Brasil está
conquistando a sua confiança.
"Já houve outros tempos em
que era abundante o fluxo de
dinheiro para o Brasil. A diferença, hoje, é que isso se faz
com fundamentos melhores",
afirma Paulo Leme, diretor para a América Latina do banco
de investimentos Goldman
Sachs. "Além disso, a trajetória
de queda dos juros permite
prever maior crescimento do
PIB, o que sem dúvida também
atrai muito os investidores, que
vêem os ganhos", completa
Emy Shayo, economista para a
América Latina do banco de investimentos Bear Stearns.
O país também desfruta do
clima extremamente positivo
em todo o mundo, devido, principalmente, ao forte avanço de
emergentes como a China. "A
liquidez é abundante e os gestores buscam boas oportunidades para aplicar esses fundos. O
Brasil oferece maiores rendimentos, porque tem uma taxa
de juros elevada-uma anomalia-, com risco inferior", comenta Marcela Meirelles, analista para a América Latina da
administradora de recursos
americana TCW (portfólio total de US$ 153 bilhões). Ela esclarece que os volumes que vão
para o Brasil não estão sendo
retirados de outros países
-justamente devido ao fato de
sobrar dinheiro no planeta.
Na opinião de Marcela, o panorama para o Brasil continua
favorável. "É difícil prever, mas
não antecipo nenhuma deterioração grave das condições
internacionais e nem da política macroeconômica interna",
diz. "O país está em posição
completamente diferente da
que tinha no final dos anos 90."
"Embora a probabilidade de
fuga de capitais seja menor, ela
existe, e não devemos baixar a
guarda", alerta Leme.
Faltam alguns passos para o
Brasil obter o sonhado "grau de
investimento", a começar pela
redução da dívida pública e um
maior equilíbrio fiscal.
Entretanto, os estrangeiros
que querem fazer investimentos produtivos no país não se
encontram muito preocupados
com o que pensam as agências
de classificação de risco, no entendimento de Mario Garnero,
presidente da Brasilinvest e veterano representante da diplomacia empresarial do país. "Esse conceito já foi superado, essa
coisa de BBBB, BB sei lá o quê, é
uma bobagem. O Brasil já é um
país com um grau de investimento que o mercado outorgou, por causa do modelo de estabilidade econômica e política
que começou com FHC e ao
qual o Lula deu continuidade."
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