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SOCORRO
Para presidente do BNDES, operação para rolar dívidas de empresas concorre com outra do Banco Mundial
Pio Borges vê ciúmes em críticas do Bird
FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), José Pio Borges, rebateu ontem as críticas feitas
pelo Bird (Banco Mundial) ao programa de reestruturação da dívida
externa de empresas privadas instaladas no Brasil.
O programa foi lançado no início
desta semana pelo BNDES e irá repactuar pelo menos US$ 1 bilhão
em dívidas de 90 empresas. Ontem, ele foi denunciado no Ministério Público pelo PT.
A CFI (Corporação Financeira
Internacional), instituição do Bird
voltada para o financiamento do
setor privado, disse em Washington que o governo brasileiro deve
garantir os serviços básicos da sociedade em vez de "dar subsídios a
empresas privadas".
Pio Borges disse que existem
"competição, ciúme e inveja" entre os bancos de investimento do
mundo e que a "revolta" da CFI se
explica porque o Bird queria (mas
não conseguiu) montar uma operação semelhante à do BNDES.
"Isso gera um ciúme inacreditável, que parece coisa de jardim de
infância", disse ontem o presidente do BNDES, durante audiência
na Câmara dos Deputados.
A representação contra o programa do BNDES foi encaminhada ao
Ministério Público pelo deputado
Milton Temer (PT-RJ). "Não acelerem demais essa operação, porque vamos tentar barrá-la antes
que ela seja concretizada", disse,
durante debate com Pio Borges.
A renegociação das dívidas de
empresas privadas instaladas no
país vai começar dentro de 20 dias.
Para Temer, a operação não passa
de uma "estatização de dívidas privadas brasileiras".
Paraíso fiscal
Borges explicou para os deputados que o BNDES, o Banco do Brasil e o banco norte-americano
Goldman Sachs criarão uma empresa no paraíso fiscal das Ilhas
Cayman com o propósito específico de lançar títulos no mercado internacional lastreados nos papéis
já emitidos pelas 90 empresas beneficiadas pelo programa.
Os detentores desses papéis terão a oportunidade de trocá-los
pelos títulos da nova empresa pagando por eles o valor de face.
Os papéis das empresas serão entregues pelo valor de mercado,
que, segundo Pio Borges, vem aplicando um desconto (ou deságio)
de até 50% sobre o preço original.
"Não há recursos novos. É um
alongamento voluntário de papéis
já existentes", disse.
Ele afirmou que o prejuízo realizado pelos investidores na troca
dos papéis será compensado pela
maior liquidez do novo papel e pela ampliação de negócios que ele
representa (estará lastreado nas
ações de 90 diferentes empresas).
Borges afirmou também que a
operação é vantajosa para o
BNDES, pois as empresas endividadas acabariam recorrendo ao
banco para refinanciar suas dívidas no exterior.
Para o Tesouro, a vantagem seria
reduzir os desembolsos dessas empresas no exterior para resgatar
seus títulos, o que pressiona o déficit nas transações correntes.
Mais empresas
O BNDES está estudando com o
Banco do Brasil e o banco de investimentos Goldman Sachs a inclusão de seis novas emissões de títulos, no valor total de US$ 3,93 bilhões, entre as que poderão entrar
na operação de troca no exterior
por títulos de longo prazo.
A inclusão desses papéis elevaria
o número de emissões passíveis de
troca para 153 e o valor total dessas
emissões para aproximadamente
US$ 26,5 bilhões.
Das seis emissões, cinco são de
empresas privatizadas ou formadas para a compra de serviços privatizados. A maior de todas é uma
de US$ 1,25 bilhão da BCP, a empresa que comprou a banda B da
telefonia celular de São Paulo e que
tem como acionistas, entre outros,
o banco Safra e o grupo "O Estado
de S. Paulo". O próprio Safra tem
uma outra emissão de US$ 200 milhões incluída na lista.
Outra emissão é da VBC, consórcio formado pela Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa para investir no setor elétrico privatizado.
As outras três emissões são da a
Light (US$ 600 milhões); Metropolitana, controlada pela própria
Light (US$ 580 milhões); e da CSN
(Companhia Siderúrgica Nacional) (US$ 500 milhões).
Colaborou a Sucursal do Rio
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