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SALTO NO ESCURO
Mesmo com ajuda da região Norte, residências nordestinas terão de poupar mais de 20% de energia
Norte raciona para tirar Nordeste do apagão
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
A região Norte, na realidade o
Pará, terá de se submeter ao esforço de corte de 20% no consumo
de energia a partir de julho. Todo
o Estado do Maranhão também
terá de poupar. A medida seria tomada com o objetivo de transferir
mais energia para o Nordeste, numa tentativa de evitar apagões
nessa região.
A partir de julho, consumidores
nordestinos também deverão ser
obrigados a poupar mais do que
os 20% já estabelecidos pelo programa do governo (no caso de
consumidores residenciais).
Pará
As informações são de Mário
Santos, presidente do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). A Folha apurou com o "ministério do apagão" (oficialmente
Comitê de Gestão da Crise de
Energia Elétrica) que o corte do
consumo no Nordeste pode atingir até 40%. Mário Santos diz que
desconhece esse número.
O presidente do ONS disse que
o racionamento no Norte irá começar quando ficar concluída a linha de transmissão da usina hidrelétrica de Tucuruí, responsável
pelo abastecimento de energia da
região, para a bacia do rio São
Francisco. O governo estima que
a obra deve ficar pronta até julho.
Quando isso acontecer, o Nordeste passará a receber um adicional de 1.200 megawatts de Tucuruí. O ONS não fez os cálculos de
quanto poderá representar essa
contribuição para o abastecimento de energia no Nordeste. Os estudos deverão ficar prontos até o
início da semana que vem. Santos
espera que, com essa ajuda, pelo
menos se evite o "apagão" no
Nordeste, uma possibilidade que
não foi afastada pelo "ministério
do apagão".
O problema no Nordeste é que,
em maio, a capacidade de armazenamento da bacia do rio São
Francisco, responsável pelo abastecimento da região, ficou abaixo
3,5 pontos percentuais abaixo do
previsto pelo ONS -que estimava reservatórios com 31% de capacidade média.
A grande responsável pelo fato
de a meta não ter sido atingida foi
a seca. O ONS fez seus cálculos
com uma previsão de chuvas correspondendo a 73% da média dos
últimos 70 anos. O resultado, no
entanto, foi de 40%, bem abaixo
da previsão. Foi a partir desse parâmetro que o ONS definiu o corte de 20% de consumo para os
próximos seis meses, quando se
encerra o período de seca.
Como essa hipótese de chuva
não foi atingida, a cota teria provavelmente de ser ampliada ou o
governo seria obrigado a fazer o
"apagão". Só que o ONS, quando
fez esses cálculos, não incluiu o
racionamento no Norte e o adicional de energia no Tucuruí. Por
isso, a ampliação da cota de racionamento está por ora afastada.
Já para a região Sudeste, Mário
Santos disse que a meta definida
pelo ONS de armazenamento dos
reservatórios foi atingida, o que
significa que as possibilidades de
aumento da cota de consumo de
energia ou de "apagão" ficaram
mais distantes.
Mário Santos diz, no entanto,
que o mesmo auxílio do Norte para o Nordeste irá ocorrer do Sul
para o Sudeste, quando terminarem, no final de julho, as obras de
reforma do transformador de Tijuco Preto. Quando o transformador ficar concluído, parte da energia gerada no Sul será transferida
para abastecer o Sudeste.
Nesse caso, o Sul também deverá ser obrigado a sofrer um corte
no consumo de energia da ordem
de 20% a partir de agosto, a exemplo das outras regiões.
Mas Mário Santos observa que
as cotas definidas pelo ONS podem ser alteradas dependendo do
comportamento da chuvas ao
longo do período da estiagem.
Nem o "apagão", de acordo
com ele, está afastado. O "ministério do apagão" estuda ainda a
hipótese de desligamento da carga, dependendo principalmente
do resultado do consumo de
energia. Por enquanto, os resultados são bastante animadores.
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