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SALTO NO ESCURO
Em pesquisa da Fiesp, reajuste de preços devido ao racionamento é última hipótese para enfrentar plano
Indústria vai demitir ou cortar expansão
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma entre cada cinco grandes
indústrias poderá demitir pessoal
por causa do racionamento de
energia. E mais de 65% decidiram
reduzir ou deixar os planos de investimento em banho-maria depois que descobriram que podem
ficar na penumbra, segundo pesquisa apresentada ontem pela
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo) e realizada pelo instituto Vox Populi.
O corte de vagas é visto como o
segundo efeito mais provável da
crise energética -perde só para a
paralisação das linhas de produção. A queda nos lucros aparece
em terceiro lugar. O risco de cortes, porém, deve variar de acordo
com o tamanho da companhia.
Mais de 40% das pequenas e microempresas acham que há alto
risco de dispensa, contra 19,5%
das grandes empresas -com
mais de 500 empregados. Os técnicos ouviram 401 indústrias nos
dias 24 e 25 de maio.
A Fiesp pouco fala quando esse
tema vem à tona. Prefere dizer
"que se 20% acham possível cortes, os outros 80% dos empresários não pensam em demitir",
conforme repetiu, três vezes, Pio
Gavazzi, diretor da federação.
O levantamento pode refletir o
efeito das discussões em torno do
feriado às segundas-feiras, já que
o assunto foi amplamente debatido pelo setor nos dias em que a
pesquisa foi feita. O feriado reduzirá a produção e, logo, pode forçar as indústrias a demitir pessoal.
Na média, a pesquisa mostra
que 18,8% das indústrias informam que a demissão é o efeito
mais possível por causa racionamento. Apenas 3,7% pensam em
reajustar preços e quase 10% falam em eliminar áreas.
Essa decisão de fechar departamentos implica aumento no corte
de vagas. A Fiesp frisa que as respostas sobre o assunto foram espontâneas -partiram do dono
da fábrica.
Ontem, o Simpi, sindicato das
pequenas empresas do Estado de
São Paulo, informou que a crise
energética colocará em risco o
emprego de 180 mil trabalhadores
do setor e congelará a geração de
150 mil novas vagas neste ano.
Investimento em baixa
Nos meses anteriores ao anúncio do plano de racionamento,
74,9% das companhias disseram
que iriam investir nas fábricas e
24,9% afirmaram o contrário. O
restante não se posicionou. Após
o dia 18 de maio, data do anúncio
do plano, tudo mudou: 65,3%
irão parar tudo ou engavetar os
projetos temporariamente.
Outros 29,8% disseram que as
companhias manterão a expansão. Os mais relutantes são pequenos e microempresários.
Essas decisões, entretanto, estão
sendo discutidas sem que as empresas tenham informações sobre
o racionamento. Isso porque a indústria está muito mal-informada
sobre a crise, admite a Fiesp.
Uma em cada quatro companhias diz que pouco sabe sobre o
tema. E mais de 43% não faziam a
menor idéia de que o país enfrentaria essa crise. "O resultado foi
uma surpresa", diz Gavazzi.
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