NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com antecedência de dois meses, o Brasil cumpriu em abril a meta de superávit fiscal acertada com o FMI (Fundo Monetário Internacional). De janeiro a abril, o superávit das contas públicas ficou em R$ 23,26 bilhões. O acordo prevê resultado positivo de R$ 21,47 bilhões até junho.
No mês passado, o superávit primário (economia para pagamento de juros da dívida) ficou em R$ 8,25 bilhões. Embora o resultado mensal seja recorde histórico, não foi suficiente para pagar os juros que incidiram sobre a dívida no mês (R$ 10,5 bilhões).
No acumulado do ano, o setor público -que inclui governo federal, Estados, municípios e estatais- gastou R$ 40,45 bilhões com o pagamento de juros da dívida -aumento de 49% em relação ao mesmo período de 2000.
Esse aumento foi causado, principalmente, pela alta de 20% registrada pelo dólar no início do ano. Grande parte da dívida pública está atrelada ao movimento do câmbio. No mesmo período de 2000, o dólar se manteve estável.
O superávit recorde foi obtido um mês antes do agravamento da crise de energia, causado, na opinião de alguns economistas, justamente pela escolha do governo em priorizar o ajuste fiscal -corte de gastos e aumento de impostos- em detrimento dos investimentos no setor elétrico.
É esse ajuste que torna possível a obtenção de superávits primários por parte do governo. O volume de dinheiro economizado pelo setor público no mês passado equivale a 8,45% do PIB de abril, bem superior à meta de 3% estipulada para este ano.


Texto Anterior: Finanças: Dólar alto faz BC advertir mais de 10 bancos
Índice