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FINANÇAS
Banco Central aproveita enquete que faz no mercado para pedir explicações sobre a forte alta da moeda norte-americana
Dólar alto faz BC advertir mais de 10 bancos
ESTELA CAPARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A
O Banco Central reuniu na semana passada em Brasília e São
Paulo diretores financeiros de
mais de dez grandes bancos tanto
estrangeiros como nacionais a
fim de repreendê-los por operações consideradas "fora do manual" no mercado de câmbio
A Folha apurou, no entanto,
que muitos outros bancos participaram da operação e também foram chamados para a conversa
com o Banco Central. As operações não são ilegais e o próprio BC
reconheceu isso no encontro com
os banqueiros. O problema é que a pressão feita por essas instituições têm contribuído para a elevação do dólar em um momento delicado para o mercado de câmbio. As turbulências na Argentina e nos EUA e a crise política no Brasil vem fazendo empresários e investidores comprarem a moeda para se proteger de novas oscilações do dólar. Tanta procura fez com que a quantidade de moeda no mercado diminuísse, elevando ainda mais sua cotação. Aí é que está a preocupação do BC: a alta exagerada do dólar pode contaminar o preços de produtos importados e, por consequência, afetar a meta de inflação prevista para o ano de 4%, com tolerância de dois pontos percentuais para cima.
Por tudo isso, o BC decidiu tomar uma atitude mais firme com alguns bancos.
Tanto em Brasília como em São
Paulo as reuniões com as intituições financeiras foram comandadas pelos diretores Luiz Fernando Figueiredo e Tereza Grossi. Os dois pediram aos executivos
que explicassem os negócios que
suas mesas de operações realizavam no mercado de câmbio.
O que chamou a atenção do
Banco Central foi o movimento
desses bancos para pressionar a
cotação média diária do dólar, a
chamada Ptax. Essa média é a
principal referência no fechamento de contratos comerciais e financeiros feitos pelos bancos ou seus clientes. Também serve de parâmetro no fechamento de balancetes no final de cada mês.
"Fora do manual"
Nesta semana, o BC recebeu relatórios de alguns bancos com o
detalhamento das informações.
Apesar de as operações não serem
ilegais, o BC pediu aos bancos que
não as fizessem mais.
A Folha apurou junto a alguns
executivos desses bancos repreendidos pelo BC que eles não
estavam influenciando a cotação
da moeda americana em benefício próprio. O objetivo era proteger (fazer hedge) o patrimônio
diante do risco de novas oscilações do dólar.
Os bancos alegam que há outro
motivo para o nervosismo no
câmbio nos últimos dias. Além de
todas as crises, existe uma disputa
no mercado futuro às vésperas
dos vencimentos de contratos na
Bolsa de Mercadorias & Futuros
(BM&F). Isso porque uma parte
dos investidores apostou na queda do dólar e uma outra na alta.
Em razão dessa queda-de-braço,
o mercado ficou bastante agitado
nestes últimos dias.
O mercado avalia, no entanto,
que tanto a iniciativa do BC de
chamar os executivos dos bancos
como a intervenção de sexta-feira
passada, quando a autoridade
monetária vendeu títulos cambiais e ainda ofereceu dólar, serviram para aliviar bastante ontem o
mercado. Tanto que o dólar subiu
menos ontem.
O BC não quer se manifestar
oficialmente sobre as conversas
que tem mantido com os bancos.
Tampouco as instituições falam
oficialmente. Mas espera-se que,
depois de analisar os relatórios esta semana, o BC se manifeste sobre essas operações.
A Folha apurou que o BC não se
sentiu plenamente satisfeito com
as explicações dos bancos e que
continua observando as operações no mercado de câmbio.
Os diretores do BC deverão
convidar outros bancos -ou os
mesmos- para pedir que eles
não continuem realizando essas
operações.
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