São Paulo, domingo, 30 de maio de 2004

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POLÍTICA MONETÁRIA

Banco Central diz que, caso cenário atual não mude, considera desistir do centro da meta de inflação de 2004

Dólar e petróleo podem mudar rumo do BC

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central vai mirar num ponto acima do centro da meta de inflação deste ano, mas dentro da margem de tolerância, se constatar que o choque sobre os preços provocado pela alta do dólar e do petróleo for permanente.
Em entrevista à Folha, o diretor de Política Monetária do BC, Luiz Augusto Candiota, disse que isso não será "um problema".
"Não é, porque, se ficar caracterizado como um choque de ofertas permanente, o sistema de metas é para absorver isso", afirmou.
Na ata do Copom (Comitê de Política Monetária) deste mês, divulgada na semana passada, o BC informou que, num cenário de juros a 16% ao ano e dólar a R$ 3,10, a inflação ficaria "ligeiramente" acima do centro da meta para 2004, de 5,5%, com banda de flutuação de 2,5 pontos percentuais para baixo ou para cima.
Muitos analistas interpretaram o dado como um sinal de que o Banco Central teria desistido de perseguir o centro da meta. Candiota negou que o BC tenha abandonado o alvo de 5,5%. Disse que tanto o preço do dólar quanto o do petróleo podem recuar.
Anteontem, o dólar fechou cotado a R$ 3,090. Já o valor do barril de petróleo foi cotado a US$ 39,88 em Nova York. No início do ano, a moeda americana estava na casa dos R$ 2,90, enquanto o petróleo valia cerca de US$ 32,00.
Candiota admitiu que, se permanecerem elevados, a ponto de começar a propagar aumentos de preços ao longo da cadeia econômica, o BC utilizará a margem de tolerância para "acomodar" esse choque de oferta -reajustes iniciais de preços que não são gerados por aumento de consumo.
Candiota disse que o BC voltará a comprar dólar quando avaliar que a turbulência se dissipou e que o mercado voltou a operar numa situação de estabilidade.
O BC interrompeu a compra de dólares em fevereiro, quando as oscilações no mercado se intensificaram. Segundo o diretor, o BC já dispõe de reservas líquidas (descontados os empréstimos do Fundo Monetário Internacional) acima do valor projetado pela equipe econômica quando o governo começou a pensar em não renovar o acordo com o FMI, que termina neste ano.
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) e o presidente do BC, Henrique Meirelles, têm dito que o acordo não será renovado.


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