São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2008

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Serra deve vender 28% das ações da Cesp e reter só 51%

Pessimista em relação a novo leilão, governador quer fazer caixa para investir

Oposição de Dilma a renovação de licença de 2 usinas da estatal paulista inviabiliza nova tentativa de privatização da empresa


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador de São Paulo, José Serra, decidiu vender ações da Cesp (Companhia Energética de São Paulo) até o limite mínimo necessário para manter a estatal sob controle do Estado, que detém hoje 79% das ações da empresa.
A intenção de Serra é colocar 28% delas no mercado, assegurando o controle acionário com a manutenção de 51%, segundo apurou a Folha. O Palácio do Planalto já foi informado da intenção do governador, que ainda insiste num pedido de prorrogação da concessão de duas usinas da Cesp para avaliar se tenta privatizá-la novamente.
Por ora, Serra desistiu da privatização diante da sinalização do governo federal de que dificilmente prorrogará as concessões das usinas de Jupiá e de Ilha Solteira -a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, tem se posicionado contra o pedido que Serra fez ao presidente Lula no início de março.
No final de março, fracassou a tentativa de Serra de privatizar a Cesp em leilão, no qual pretendia obter cerca de R$ 6,5 bilhões. Desde então, analisava com auxiliares se seria melhor investir num novo leilão ou vender ações até o limite do controle acionário. Optou pela segunda saída.
Agora, o governo paulista aguarda o melhor momento para colocar as ações no mercado. Por ora, a prioridade é a venda da Nossa Caixa ao Banco do Brasil, uma operação que conta com a simpatia de Lula.
Serra e auxiliares também aguardam uma resposta definitiva e oficial do governo federal a respeito dos pedidos de prorrogação de Jupiá e Ilha Solteira, cujas concessões terminam em 2015. O governo paulista gostaria de renová-las por mais 30 anos, o que elevaria o valor da Cesp. Entendem que antigo parecer da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) permitiria essa renovação.

Lula e Serra
Líder nas pesquisas para a sucessão de Lula, Serra tem interesse em fortalecer o caixa para fazer investimentos em São Paulo. Daí as operações com a Nossa Caixa e a Cesp.
No PSDB, o principal adversário de Serra é o governador de Minas, Aécio Neves. Mas o paulista avalia que conseguirá vencer a disputa partidária e viabilizar sua candidatura. Entre os movimentos recentes de Serra, um dos mais importantes é sua aproximação de Lula.
Interessa a Lula e a Serra estreitar uma parceria política. O tucano colheria frutos administrativos. E o petista manteria uma ponte com um potencial sucessor, o que garantiria uma transição civilizada.
Segundo um auxiliar presidencial, Lula não tem sonegado recursos federais a Serra. Esse auxiliar diz que o governador paulista reconhece isso. Em temas administrativos e políticos, os dois têm demonstrado sintonia. Serra já acompanhou Lula em inauguração de hospital no Nordeste e participou de cerimônias do PAC em São Paulo. No episódio do dossiê anti-FHC, Serra atuou nos bastidores para amenizar o fogo tucano contra Dilma.


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