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Serra deve vender 28% das ações da Cesp e reter só 51%
Pessimista em relação a novo leilão, governador quer fazer caixa para investir
Oposição de Dilma a renovação de licença de 2 usinas da estatal paulista inviabiliza nova tentativa
de privatização da empresa
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governador de São Paulo,
José Serra, decidiu vender
ações da Cesp (Companhia
Energética de São Paulo) até o
limite mínimo necessário para
manter a estatal sob controle
do Estado, que detém hoje 79%
das ações da empresa.
A intenção de Serra é colocar
28% delas no mercado, assegurando o controle acionário com
a manutenção de 51%, segundo
apurou a Folha. O Palácio do
Planalto já foi informado da intenção do governador, que ainda insiste num pedido de prorrogação da concessão de duas
usinas da Cesp para avaliar se
tenta privatizá-la novamente.
Por ora, Serra desistiu da privatização diante da sinalização
do governo federal de que dificilmente prorrogará as concessões das usinas de Jupiá e de
Ilha Solteira -a ministra da
Casa Civil, Dilma Rousseff, tem
se posicionado contra o pedido
que Serra fez ao presidente Lula no início de março.
No final de março, fracassou
a tentativa de Serra de privatizar a Cesp em leilão, no qual
pretendia obter cerca de R$ 6,5
bilhões. Desde então, analisava
com auxiliares se seria melhor
investir num novo leilão ou
vender ações até o limite do
controle acionário. Optou pela
segunda saída.
Agora, o governo paulista
aguarda o melhor momento
para colocar as ações no mercado. Por ora, a prioridade é a
venda da Nossa Caixa ao Banco
do Brasil, uma operação que
conta com a simpatia de Lula.
Serra e auxiliares também
aguardam uma resposta definitiva e oficial do governo federal
a respeito dos pedidos de prorrogação de Jupiá e Ilha Solteira, cujas concessões terminam
em 2015. O governo paulista
gostaria de renová-las por mais
30 anos, o que elevaria o valor
da Cesp. Entendem que antigo
parecer da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) permitiria essa renovação.
Lula e Serra
Líder nas pesquisas para a
sucessão de Lula, Serra tem interesse em fortalecer o caixa
para fazer investimentos em
São Paulo. Daí as operações
com a Nossa Caixa e a Cesp.
No PSDB, o principal adversário de Serra é o governador de
Minas, Aécio Neves. Mas o paulista avalia que conseguirá vencer a disputa partidária e viabilizar sua candidatura. Entre os
movimentos recentes de Serra,
um dos mais importantes é sua
aproximação de Lula.
Interessa a Lula e a Serra estreitar uma parceria política. O
tucano colheria frutos administrativos. E o petista manteria uma ponte com um potencial sucessor, o que garantiria
uma transição civilizada.
Segundo um auxiliar presidencial, Lula não tem sonegado
recursos federais a Serra. Esse
auxiliar diz que o governador
paulista reconhece isso. Em temas administrativos e políticos, os dois têm demonstrado
sintonia. Serra já acompanhou
Lula em inauguração de hospital no Nordeste e participou de
cerimônias do PAC em São
Paulo. No episódio do dossiê
anti-FHC, Serra atuou nos bastidores para amenizar o fogo
tucano contra Dilma.
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