São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2005

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MT lidera o ranking da produção de grãos

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A pequena e próspera Sorriso, no Mato Grosso, tem só 46 mil habitantes, mas concentra a maior produção de grãos de um município no país. Sozinha, a cidade, líder nacional em soja e terceira colocada em milho, produziu 1,87% de toda a safra de 2004, de acordo com a pesquisa Produção Agrícola Municipal, divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No ranking dos dez maiores produtores de grãos do país, estão sete municípios de Mato Grosso, incluindo Sorriso: Sapezal (1,26%), Nova Mutum (1,09%), Campo Novo do Parecis (1,01%), Primavera do Oeste (0,87%), Tapurah (0,82%) e Diamantino (0,78%).
O crescimento da produção de grãos em Mato Grosso, porém, é acompanhado de devastação ambiental. Sozinho, o Estado respondeu por 48% do desmatamento da Amazônia no biênio 2003-2004 -boa parte em razão de esquema de concessão fraudulenta de licenças para produtores rurais.
Duas cidades, nesse rol, são de Goiás -Jataí (1,10%) e Rio Verde (0,78%). Também faz parte da lista a baiana São Desidério (1,15%), situada na nova fronteira agrícola do oeste da Bahia.
Juntas, essas dez cidades correspondem por 10,73% da produção nacional de grãos. Em comum, elas têm a cobertura vegetal original: todas estão nas planas áreas de cerrado, onde se deu, nos últimos anos, o forte avanço do cultivo de grãos no Brasil.

Multinacionais
Além disso, diz o IBGE, as lavouras dessas cidades são destinadas prioritariamente à exportação e as empresas que cultivam o solo são, em sua maioria, multinacionais ou grandes grupos empresariais brasileiros, que utilizam as mais modernas técnicas de cultivo e colheita.
Segundo os dados do IBGE, a produção de grãos do país está concentrada em duas culturas: soja e milho, que, juntas, corresponderam por 76% da produção brasileira de 2004.
O ano passado, porém, não foi bom para essas duas lavouras. Com preços mais baixos e estiagem prolongada na região Sul, o milho registrou uma quebra de safra de 13,5%, a maior perda de todas as culturas analisadas. No Sul, a queda foi ainda maior: 27%. No Rio Grande do Sul, chegou a 38%. No Paraná, o maior produtor nacional de milho, a perda foi de 24%.
No caso da soja, o Sul também liderou a quebra de safra, com recuo de 23% da produção da região. No Rio Grande do Sul, a perda atingiu 42%. Tamanha foi a retração que nem mesmo o crescimento recorde da lavoura de soja no Nordeste (45%), especialmente na Bahia e no Maranhão, conseguiu evitar a queda.
"No caso do milho, a seca no Sul e o preço internacional desfavorável contribuíram para o desempenho desfavorável", disse o chefe da Coordenação de Agropecuária do IBGE, Flávio Pinto Bolliger. Já em relação à soja, ele afirma que também a estiagem no Sul e o excesso de chuvas e focos de Ferrugem Asiática no Centro-Oeste levaram à quebra de safra.

Arroz em alta
Das grandes lavouras do país, as únicas a registrar expansão em 2004 foram arroz e algodão herbáceo. Beneficiada pelo clima favorável e uso de insumos tecnológicos, a colheita do arroz cresceu 28,5% no ano passado, com destaque para o avanço da produção no Rio Grande do Sul, em Mato Grosso e em Goiás. A região Sul concentra mais da metade de produção brasileira.
Os benefícios da grande safra colhida no ano passado chegaram ao consumidor final: o preço do arroz caiu 17,14% no acumulado de 2004, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Embalada pelos bons preços internacionais, que levaram à expansão da área plantada, a safra de algodão registrou crescimento de 72,7% no ano passado -o maior percentual de todas as culturas de grãos.
Embora muito pequenas se comparada às demais lavouras, a mamona também foi destaque, com alta de 64,9%. O motivo, nesse caso, foi o programa de incentivo à produção de biodiesel.


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