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MT lidera o ranking
da produção de grãos
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A pequena e próspera Sorriso,
no Mato Grosso, tem só 46 mil habitantes, mas concentra a maior
produção de grãos de um município no país. Sozinha, a cidade, líder nacional em soja e terceira colocada em milho, produziu 1,87%
de toda a safra de 2004, de acordo
com a pesquisa Produção Agrícola Municipal, divulgada ontem
pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
No ranking dos dez maiores
produtores de grãos do país, estão
sete municípios de Mato Grosso,
incluindo Sorriso: Sapezal
(1,26%), Nova Mutum (1,09%),
Campo Novo do Parecis (1,01%),
Primavera do Oeste (0,87%), Tapurah (0,82%) e Diamantino
(0,78%).
O crescimento da produção de
grãos em Mato Grosso, porém, é
acompanhado de devastação ambiental. Sozinho, o Estado respondeu por 48% do desmatamento da Amazônia no biênio
2003-2004 -boa parte em razão
de esquema de concessão fraudulenta de licenças para produtores
rurais.
Duas cidades, nesse rol, são de
Goiás -Jataí (1,10%) e Rio Verde
(0,78%). Também faz parte da lista a baiana São Desidério (1,15%),
situada na nova fronteira agrícola
do oeste da Bahia.
Juntas, essas dez cidades correspondem por 10,73% da produção
nacional de grãos. Em comum,
elas têm a cobertura vegetal original: todas estão nas planas áreas
de cerrado, onde se deu, nos últimos anos, o forte avanço do cultivo de grãos no Brasil.
Multinacionais
Além disso, diz o IBGE, as lavouras dessas cidades são destinadas prioritariamente à exportação e as empresas que cultivam o
solo são, em sua maioria, multinacionais ou grandes grupos empresariais brasileiros, que utilizam as mais modernas técnicas
de cultivo e colheita.
Segundo os dados do IBGE, a
produção de grãos do país está
concentrada em duas culturas:
soja e milho, que, juntas, corresponderam por 76% da produção
brasileira de 2004.
O ano passado, porém, não foi
bom para essas duas lavouras.
Com preços mais baixos e estiagem prolongada na região Sul, o
milho registrou uma quebra de
safra de 13,5%, a maior perda de
todas as culturas analisadas. No
Sul, a queda foi ainda maior: 27%.
No Rio Grande do Sul, chegou a
38%. No Paraná, o maior produtor nacional de milho, a perda foi
de 24%.
No caso da soja, o Sul também
liderou a quebra de safra, com recuo de 23% da produção da região. No Rio Grande do Sul, a perda atingiu 42%. Tamanha foi a retração que nem mesmo o crescimento recorde da lavoura de soja
no Nordeste (45%), especialmente na Bahia e no Maranhão, conseguiu evitar a queda.
"No caso do milho, a seca no Sul
e o preço internacional desfavorável contribuíram para o desempenho desfavorável", disse o chefe
da Coordenação de Agropecuária
do IBGE, Flávio Pinto Bolliger. Já
em relação à soja, ele afirma que
também a estiagem no Sul e o excesso de chuvas e focos de Ferrugem Asiática no Centro-Oeste levaram à quebra de safra.
Arroz em alta
Das grandes lavouras do país, as
únicas a registrar expansão em
2004 foram arroz e algodão herbáceo. Beneficiada pelo clima favorável e uso de insumos tecnológicos, a colheita do arroz cresceu
28,5% no ano passado, com destaque para o avanço da produção
no Rio Grande do Sul, em Mato
Grosso e em Goiás. A região Sul
concentra mais da metade de produção brasileira.
Os benefícios da grande safra
colhida no ano passado chegaram
ao consumidor final: o preço do
arroz caiu 17,14% no acumulado
de 2004, de acordo com o IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor
Amplo).
Embalada pelos bons preços internacionais, que levaram à expansão da área plantada, a safra
de algodão registrou crescimento
de 72,7% no ano passado -o
maior percentual de todas as culturas de grãos.
Embora muito pequenas se
comparada às demais lavouras, a
mamona também foi destaque,
com alta de 64,9%. O motivo, nesse caso, foi o programa de incentivo à produção de biodiesel.
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