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MERCADO ABERTO
GUILHERME BARROS
guilherme.barros@uol.com.br
"Custou, mas chegou", diz Almeida
A redução da TJLP de 8,25%
para 7,5% ao ano decidida ontem pelo CMN faz com que o
juro de longo prazo do Brasil
cobrado para investimentos fique muito próximo dos países
emergentes como China, Coréia e Índia. Nesses países, o juro está na faixa de 5% anuais.
A afirmação é do economista
Júlio Sérgio Gomes de Almeida, secretário de Política Econômica da Fazenda. Se for somado o "spread" cobrado pelo
BNDES -varia de 2,5% a 4%-
e descontada a inflação, de
4,5%, o juro real do empréstimo do BNDES deve ficar entre
5,5% a 7%. O "spread" menor é
fixado para os empréstimos diretos do BNDES, e o maior é para os financiamentos intermediados pelos bancos privados.
A redução da TJLP era uma
das principais bandeiras do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Já na reunião anterior do
CMN, Mantega defendeu uma
TJLP mais baixa. "Custou, mas
chegou", diz Almeida.
De acordo com Almeida, daqui para a frente, no entanto,
será mais difícil baixar mais a
TJLP. Para isso, será preciso
que ou a inflação ou o risco-país
caiam mais um pouco.
Segundo analistas de mercado, a TJLP é calculada tendo
como base os 4,5% de inflação e
mais os 3% (cerca de 300 pontos-base) do risco-país. Por isso, para baixar a TJLP, serão
necessários uma inflação e um
risco-país menores.
O secretário de Política Econômica da Fazenda diz que a
redução da TJLP chega em boa
hora, quando os investimentos
estão crescendo no país. "De
nada adiantaria mexer no juro
se o empresário não estivesse
querendo investir", afirma Almeida.
O IBGE divulgou ontem dados que mostram essa evolução. A formação bruta de capital fixo, que mede os investimentos no país, atingiu 20,4%
do PIB, a menor dos últimos
cinco anos. No ano passado, estava em 19,9%.
Almeida admite, no entanto,
que, apesar da redução da
TJLP, o custo do investimento
no Brasil ainda é muito alto, em
razão principalmente dos tributos cobrados sobre o capital.
Houve avanços, como as desonerações promovidas pela MP
do Bem, mas o custo do investimento ainda é elevado. "O custo financeiro está em um nível
bastante razoável, mas o custo
tributário do investimento ainda é alto no Brasil", diz.
O economista afirma também que o investimento neste
ano ainda não dará um grande
salto, apesar da redução da
TJLP, em razão das eleições. O
empresário, segundo ele, sempre adia os investimentos em
anos de eleições com medo de
alguma surpresa.
MUDANÇA DE TOM
A alta de mais de 25 pontos-base, para 5,25%, da taxa
básica de juros dos EUA pelo
Fed -divulgada ontem-
não surpreendeu os analistas da LCA consultoria. Já a
redação do comunicado
trouxe uma pequena surpresa. Para os consultores, apesar de "evasivo", teve tom
"um pouco menos conservador do que se previa".
PRIORIDADE
O ex-ministro Pratini de
Moraes acha
que a saída de Roberto Rodrigues do ministério é a
maior demonstração de que
o agronegócio não é prioridade do governo. Segundo
ele, apesar de Rodrigues ter
trabalhado bem, ele não
conseguiu vencer aqueles
que se opunham ao crescimento do agronegócio. Para
Pratini, é fundamental que o
novo ministro tenha noção
de que o agronegócio é o
grande gerador de renda e
emprego no país e representa 30% do PIB, e de que também é o principal responsável pelo controle da inflação
em razão da queda dos alimentos. Por fim, Pratini
afirma que o agronegócio é o
principal responsável pelo
saldo comercial do país.
FARMÁCIA
A Aché acaba de investir
R$ 20 milhões na criação de
um departamento para promoção de remédios isentos
de prescrição e genéricos.
ALMOÇO DOS MIL
O almoço dos mil empresários, organizado por João
Dória Jr. em apoio ao candidato à presidência Geraldo
Alckmin, já tem data e local:
dia 7 de agosto, exatamente
uma semana antes do início
da propaganda eleitoral gratuita pela TV, no hotel Unique, em São Paulo. Será cobrado R$ 1.000 por pessoa, e
o dinheiro arrecadado, destinado à campanha do tucano. Segundo João Dória, o
primeiro a confirmar presença no almoço foi o empresário Antônio Ermírio de
Moraes. A primeira reunião
de trabalho da organização
acontece na próxima segunda. O evento será chamado
de "o almoço dos mil para
mudar o Brasil".
ENTRA-E-SAI
Os testes com o novo sistema de controle de entrada
e saída de mercadorias do
país serão concluídos pela
Receita Federal no dia 14. A
operação se baseia na troca
eletrônica de documentos.
OTIMISMO
O Credit Suisse afirma
que o relatório de inflação
do Banco Central, divulgado
na quarta-feira, não afetará
sua previsão para a trajetória de queda dos juros. O
banco mantém sua projeção
inicial para a Selic de 13,75%
para o final deste ano, e de
12% para 2007. O otimismo
tem explicação: para o banco, o crescimento econômico do país será mais gradual
do que o esperado pelo BC.
Enquanto o banco prevê um
crescimento de 3% do PIB
para este ano, o Banco Central aposta em 4% (a média
do mercado está em 3,6%).
No cenário previsto pelo
Credit, o crescimento será
gradual, com menor pressão
sobre a inflação.
REAJUSTE
O ministro Luiz Marinho
(Trabalho) conversa, na terça, com membros dos sindicatos dos aposentados sobre
o reajuste dos benefícios
concedidos a quem ganha
mais de um salário mínimo.
PARCERIA
A Accor e a Método Engenharia acabam de fechar
parceria para um novo projeto com a marca Ibis. O plano engloba um modelo de
construção com redução de
custos e rapidez. O piloto deve ser construído em Bauru
e tem valor estipulado em
R$ 9 milhões. A meta é a
construção de 150 hotéis por
todo o país em dez anos.
CIÊNCIA NO ESPELHO
A Associação Brasileira
das Indústrias de Higiene
Pessoal, Perfumaria e Cosméticos acaba de oficializar
a criação do seu Instituto de
Tecnologia, o Itehpec, que
irá desenvolver programas
de inovação tecnológica no
setor, beneficiando-se dos
recursos e facilidades da recém-aprovada Lei da Inovação (lei nš 10.973).
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