São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2006

Próximo Texto | Índice

MERCADO ABERTO

GUILHERME BARROS
guilherme.barros@uol.com.br

"Custou, mas chegou", diz Almeida

A redução da TJLP de 8,25% para 7,5% ao ano decidida ontem pelo CMN faz com que o juro de longo prazo do Brasil cobrado para investimentos fique muito próximo dos países emergentes como China, Coréia e Índia. Nesses países, o juro está na faixa de 5% anuais.
A afirmação é do economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, secretário de Política Econômica da Fazenda. Se for somado o "spread" cobrado pelo BNDES -varia de 2,5% a 4%- e descontada a inflação, de 4,5%, o juro real do empréstimo do BNDES deve ficar entre 5,5% a 7%. O "spread" menor é fixado para os empréstimos diretos do BNDES, e o maior é para os financiamentos intermediados pelos bancos privados.
A redução da TJLP era uma das principais bandeiras do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Já na reunião anterior do CMN, Mantega defendeu uma TJLP mais baixa. "Custou, mas chegou", diz Almeida.
De acordo com Almeida, daqui para a frente, no entanto, será mais difícil baixar mais a TJLP. Para isso, será preciso que ou a inflação ou o risco-país caiam mais um pouco.
Segundo analistas de mercado, a TJLP é calculada tendo como base os 4,5% de inflação e mais os 3% (cerca de 300 pontos-base) do risco-país. Por isso, para baixar a TJLP, serão necessários uma inflação e um risco-país menores.
O secretário de Política Econômica da Fazenda diz que a redução da TJLP chega em boa hora, quando os investimentos estão crescendo no país. "De nada adiantaria mexer no juro se o empresário não estivesse querendo investir", afirma Almeida.
O IBGE divulgou ontem dados que mostram essa evolução. A formação bruta de capital fixo, que mede os investimentos no país, atingiu 20,4% do PIB, a menor dos últimos cinco anos. No ano passado, estava em 19,9%.
Almeida admite, no entanto, que, apesar da redução da TJLP, o custo do investimento no Brasil ainda é muito alto, em razão principalmente dos tributos cobrados sobre o capital. Houve avanços, como as desonerações promovidas pela MP do Bem, mas o custo do investimento ainda é elevado. "O custo financeiro está em um nível bastante razoável, mas o custo tributário do investimento ainda é alto no Brasil", diz.
O economista afirma também que o investimento neste ano ainda não dará um grande salto, apesar da redução da TJLP, em razão das eleições. O empresário, segundo ele, sempre adia os investimentos em anos de eleições com medo de alguma surpresa.

MUDANÇA DE TOM
A alta de mais de 25 pontos-base, para 5,25%, da taxa básica de juros dos EUA pelo Fed -divulgada ontem- não surpreendeu os analistas da LCA consultoria. Já a redação do comunicado trouxe uma pequena surpresa. Para os consultores, apesar de "evasivo", teve tom "um pouco menos conservador do que se previa".

PRIORIDADE
O ex-ministro Pratini de Moraes acha que a saída de Roberto Rodrigues do ministério é a maior demonstração de que o agronegócio não é prioridade do governo. Segundo ele, apesar de Rodrigues ter trabalhado bem, ele não conseguiu vencer aqueles que se opunham ao crescimento do agronegócio. Para Pratini, é fundamental que o novo ministro tenha noção de que o agronegócio é o grande gerador de renda e emprego no país e representa 30% do PIB, e de que também é o principal responsável pelo controle da inflação em razão da queda dos alimentos. Por fim, Pratini afirma que o agronegócio é o principal responsável pelo saldo comercial do país.

FARMÁCIA
A Aché acaba de investir R$ 20 milhões na criação de um departamento para promoção de remédios isentos de prescrição e genéricos.

ALMOÇO DOS MIL
O almoço dos mil empresários, organizado por João Dória Jr. em apoio ao candidato à presidência Geraldo Alckmin, já tem data e local: dia 7 de agosto, exatamente uma semana antes do início da propaganda eleitoral gratuita pela TV, no hotel Unique, em São Paulo. Será cobrado R$ 1.000 por pessoa, e o dinheiro arrecadado, destinado à campanha do tucano. Segundo João Dória, o primeiro a confirmar presença no almoço foi o empresário Antônio Ermírio de Moraes. A primeira reunião de trabalho da organização acontece na próxima segunda. O evento será chamado de "o almoço dos mil para mudar o Brasil".

ENTRA-E-SAI
Os testes com o novo sistema de controle de entrada e saída de mercadorias do país serão concluídos pela Receita Federal no dia 14. A operação se baseia na troca eletrônica de documentos.

OTIMISMO
O Credit Suisse afirma que o relatório de inflação do Banco Central, divulgado na quarta-feira, não afetará sua previsão para a trajetória de queda dos juros. O banco mantém sua projeção inicial para a Selic de 13,75% para o final deste ano, e de 12% para 2007. O otimismo tem explicação: para o banco, o crescimento econômico do país será mais gradual do que o esperado pelo BC. Enquanto o banco prevê um crescimento de 3% do PIB para este ano, o Banco Central aposta em 4% (a média do mercado está em 3,6%). No cenário previsto pelo Credit, o crescimento será gradual, com menor pressão sobre a inflação.

REAJUSTE
O ministro Luiz Marinho (Trabalho) conversa, na terça, com membros dos sindicatos dos aposentados sobre o reajuste dos benefícios concedidos a quem ganha mais de um salário mínimo.

PARCERIA
A Accor e a Método Engenharia acabam de fechar parceria para um novo projeto com a marca Ibis. O plano engloba um modelo de construção com redução de custos e rapidez. O piloto deve ser construído em Bauru e tem valor estipulado em R$ 9 milhões. A meta é a construção de 150 hotéis por todo o país em dez anos.

CIÊNCIA NO ESPELHO
A Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos acaba de oficializar a criação do seu Instituto de Tecnologia, o Itehpec, que irá desenvolver programas de inovação tecnológica no setor, beneficiando-se dos recursos e facilidades da recém-aprovada Lei da Inovação (lei nš 10.973).


Próximo Texto: BC dos EUA agora anima os mercados
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.