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BC dos EUA agora anima os mercados
Taxa de juros no país sobe de 5% para 5,25% anuais, 17ª alta, mas Fed usa tom mais suave ao falar de novos aumentos
Bovespa dispara 4,74%, dólar cai 2% e Bolsas dos EUA e da Europa têm altas expressivas, mas Kawall diz que volatilidade pode seguir
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Fed (Federal Reserve, o BC
dos EUA) elevou ontem, pela
17ª vez consecutiva, a taxa de
juros norte-americana. Porém,
mais importante que o já esperado aumento dos juros de 5%
para 5,25% anuais foi o tom
mais suave da nota que o Fed
emitiu após sua reunião.
No comunicado, de seis curtos parágrafos, o comitê de política monetária (Fomc, na sigla
em inglês) afirma que "os dados
da inflação de base estiveram
altos nesses últimos meses".
"Os últimos indicadores levam
a pensar que o crescimento está
se tornando moderado. Mesmo
que a moderação do crescimento possa ajudar a limitar as
pressões inflacionárias, o comitê estima que persistem alguns
riscos de inflação."
O tom menos incisivo sobre a
inflação teve uma resposta rápida dos mercados globalizados, com as Bolsas subindo com
força nos principais centros financeiros. A Bolsa de Valores
de São Paulo disparou 4,74%,
sua mais expressiva alta em um
mês. O real também refletiu a
melhora do humor internacional e ganhou terreno. O dólar
desceu a seu mais baixo nível
em 40 dias, vendido a R$ 2,175
no fim do dia (baixa de 2,07%).
O risco-país brasileiro recuou
2,31%, a 254 pontos.
Nos EUA, a Bolsa eletrônica
Nasdaq teve expressiva valorização de 2,96%. O índice Dow
Jones, da Bolsa de Nova York,
ganhou 1,98% -maior alta desde abril do ano passado.
Na Europa, o resultado não
foi diferente: em Frankfurt, alta de 2,29%; em Paris, de
2,23%; e em Londres, de 1,99%.
Uma pequena parcela do
mercado apostava em que o
Fed subiria os juros do país para 5,5% na reunião encerrada
ontem -o que favoreceu o ajuste positivo dos ativos.
O mercado entrou na atual
turbulência após a reunião anterior do Fed, em 10 de maio,
quando a instituição americana
mostrou estar bastante preocupada com a inflação e o aquecimento econômico no país.
O Índice de Preços ao Consumidor americano acumulado
em 12 meses ficou em 4,2% em
maio, e o núcleo desse índice,
que exclui alimentos e energia,
foi de 2,4%. O resultado ultrapassa o nível considerado adequado pelo Fed, que, segundo o
mercado, é de 2%.
Esse cenário levou investidores a preverem que os juros
americanos ainda não haviam
encontrado seu teto. Assim, nas
últimas semanas, passaram a se
desfazer de ações e de ativos de
emergentes, fugindo do risco e
procurando investir em títulos
do Tesouro dos EUA.
"Logo após a divulgação da
nota da reunião do Fed, que
veio bem tranqüila, o mercado
acelerou seus ganhos", afirmou
Alex Agostini, economista da
Austin Rating. "Acho que pode
haver uma nova alta de 0,25
ponto em agosto, mas, dependendo do desempenho da economia americana até lá, pode
até não haver", diz.
Alguns economistas vêem a
possibilidade de a taxa chegar a
5,75% antes de parar de subir,
porque o Fed estaria preocupado com o aumento de preços de
matérias-primas e salários.
O atual ciclo de elevações de
juros nos EUA começou em junho de 2004, quando o índice
estava em 1% ao ano.
O secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, afirmou
que, apesar do otimismo do
mercado ontem, ainda não é
possível dizer se a onda de volatilidade já passou.
Juros mais altos nos EUA diminuem a liquidez global que
impulsiona mercados de países
emergentes como o Brasil ao
atrair mais capital para ativos
norte-americanos.
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