São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2006 |
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Efeito sobre a economia do Brasil é duvidoso
GILSON SCHWARTZ
O comunicado do Fed reconhece que os efeitos da alta de juros e da alta nos preços de energia já atingem o consumidor norte-americano. Além do consumo nos EUA, os juros do Fed compõem com as taxas do iene e do euro o tripé monetário que sustenta a economia globalizada. No mesmo momento em que o Fed puxa o freio subindo os juros, o Banco do Japão promete começar a subir suas taxas em breve. Se o Comitê coordenado por Ben Bernanke "errar a mão", o cuidado com o desequilíbrio interno dos EUA (inflação, bolha no mercado imobiliário) pode entrar em fase com o fim do ciclo de liquidez global. Muita gente no mercado ainda acredita que o alívio de ontem foi temporário, pois o tamanho dos desajustes, tanto dentro dos EUA como entre as principais moedas do mundo, vai exigir um caminho ainda longo de altas de juros e contenção de crises localizadas. O grande alívio que os mercados expressaram ontem e devem continuar mostrando hoje, em especial no sentimento com relação a mercados emergentes (como a Turquia) que sofreram mais no vendaval mais recente, talvez reflita mais uma atitude do tipo "tiraram o bode da sala". Ou seja, não teria ocorrido melhora fundamental no cenário internacional, ainda que a reunião do Fed de ontem transmita mais segurança aos mercados. Apesar do alívio, podemos estar vivendo apenas a correção do exagero dos últimos dois meses, não necessariamente a superação dos riscos associados ao fim da era de liquidez, apetite por economias emergentes (como a China e a Índia) e juros baixos ou zero (como no Japão). Para o Brasil, que não sofreu tanto, os desafios continuam os mesmos: encontrar uma taxa de câmbio menos pressionada pelo capital andorinha, investir em competitividade para enfrentar um mundo cada vez mais protecionista e reformar as finanças internas para viabilizar um ciclo de crescimento sustentável e de longo prazo. GILSON SCHWARTZ é professor de economia da informação na ECA-USP. Texto Anterior: Consultor, Greenspan defende ajuste Próximo Texto: EUA revisam alta do PIB no 1º tri para 5,6% Índice |
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