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Taxa de investimento é a maior em 5 anos
Nível de poupança baixou para 21,6% do PIB devido ao crescimento mais elevado do consumo por parte das famílias
PIB do 1º trimestre somou
R$ 478,9 bi (R$ 40,7 bi
a mais do que no ano passado); maior parte do aumento veio da alta dos preços
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A taxa de investimento na
economia chegou a 20,4% do
PIB (Produto Interno Bruto,
soma das riquezas produzidas
pelo país) no primeiro trimestre deste ano, a maior marca
para igual período desde 2001
(20,6%), segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística).
No primeiro trimestre de
2006, o PIB somou R$ 478,9 bilhões -R$ 40,7 bilhões a mais
do que no primeiro trimestre
de 2005 (R$ 438,2 bilhões).
Desse aumento, a maior parcela veio da elevação dos preços
em 5,6% no primeiro trimestre
de 2006 ante igual período de
2005, o que explica uma elevação de R$ 25,6 bilhões.
O crescimento do PIB, em
quantidade de bens e serviços
produzidos, de 3,4% em relação
ao primeiro trimestre de 2005,
contribuiu com uma expansão
de R$ 15,1 bilhões.
Para Maria Laura Muanis,
técnica da Coordenação de
Contas Nacionais do IBGE, o
investimento "foi puxado pelo
fato de 2006 ser um ano de eleições [quando aumentam obras
públicas], pelo programa do governo de recuperação das estradas e pela redução da taxa de
juros".
A taxa de poupança -que indica a capacidade que um país
tem de investir no futuro- caiu
de 22,4% no primeiro trimestre
de 2005 para 21,6% no mesmo
período de 2006 -a menor desde o primeiro trimestre de
2003, quando era de 20,7%.
Segundo a técnica do IBGE, o
crescimento do consumo numa
proporção maior do que a expansão do PIB fez a poupança
cair. Enquanto o consumo das
famílias aumentou 4% em relação ao primeiro trimestre de
2005, o PIB subiu 3,4% (dado
divulgado há um mês).
As taxas representam quanto, em valor, foi poupado e investido em relação ao total do
PIB.
Mais investimentos
Bráulio Borges, economista
da LCA, disse que a menor taxa
de juro aumentou a disposição
dos empresários para investir.
Afirmou ainda que a redução da
TJLP (Taxa de Juros de Longo
Prazo), que serve de referência
para os empréstimos concedidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), também ajudou, assim como o aumento do
investimento público feito pelo
governo federal.
Diferentemente do IBGE, a
LCA calculou a taxa de investimento descontando a variação
dos preços e considerando apenas a quantidade produzida de
máquinas e equipamentos e
bens de construção civil.
O resultado mostrou que a
taxa cresceu de 17,8% no quatro
trimestre de 2005 para 18,3%
nos três primeiros meses de
2006, já eliminando os efeitos
sazonais (típicos de cada período). "Foi um crescimento muito forte, o maior já registrado
de 2002 para cá", disse.
Para Guilherme Maia, da
Tendências Consultoria, os incentivos ao financiamento à
habitação e a expansão da importação de máquinas e equipamentos em razão do dólar
mais baixo também impulsionaram os investimentos.
A partir dos dados de valor do
PIB, a LCA calculou a variação
de estoques da economia e percebeu que eles continuaram em
queda -26,3% no primeiro trimestre de 2006 ante o mesmo
período de 2005.
Isso indica que o PIB poderia
ter crescido mais, já que o país
estava consumindo algo que já
havia sido produzido sem demandar novos produtos.
Sem a queima de estoques, o
PIB teria crescido 3,6% no primeiro trimestre deste ano em
comparação com o mesmo período de 2005, estima a LCA.
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