São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2006

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Taxa de investimento é a maior em 5 anos

Nível de poupança baixou para 21,6% do PIB devido ao crescimento mais elevado do consumo por parte das famílias

PIB do 1º trimestre somou R$ 478,9 bi (R$ 40,7 bi a mais do que no ano passado); maior parte do aumento veio da alta dos preços

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A taxa de investimento na economia chegou a 20,4% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas pelo país) no primeiro trimestre deste ano, a maior marca para igual período desde 2001 (20,6%), segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No primeiro trimestre de 2006, o PIB somou R$ 478,9 bilhões -R$ 40,7 bilhões a mais do que no primeiro trimestre de 2005 (R$ 438,2 bilhões). Desse aumento, a maior parcela veio da elevação dos preços em 5,6% no primeiro trimestre de 2006 ante igual período de 2005, o que explica uma elevação de R$ 25,6 bilhões.
O crescimento do PIB, em quantidade de bens e serviços produzidos, de 3,4% em relação ao primeiro trimestre de 2005, contribuiu com uma expansão de R$ 15,1 bilhões.
Para Maria Laura Muanis, técnica da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, o investimento "foi puxado pelo fato de 2006 ser um ano de eleições [quando aumentam obras públicas], pelo programa do governo de recuperação das estradas e pela redução da taxa de juros".
A taxa de poupança -que indica a capacidade que um país tem de investir no futuro- caiu de 22,4% no primeiro trimestre de 2005 para 21,6% no mesmo período de 2006 -a menor desde o primeiro trimestre de 2003, quando era de 20,7%.
Segundo a técnica do IBGE, o crescimento do consumo numa proporção maior do que a expansão do PIB fez a poupança cair. Enquanto o consumo das famílias aumentou 4% em relação ao primeiro trimestre de 2005, o PIB subiu 3,4% (dado divulgado há um mês).
As taxas representam quanto, em valor, foi poupado e investido em relação ao total do PIB.

Mais investimentos
Bráulio Borges, economista da LCA, disse que a menor taxa de juro aumentou a disposição dos empresários para investir. Afirmou ainda que a redução da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), que serve de referência para os empréstimos concedidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), também ajudou, assim como o aumento do investimento público feito pelo governo federal.
Diferentemente do IBGE, a LCA calculou a taxa de investimento descontando a variação dos preços e considerando apenas a quantidade produzida de máquinas e equipamentos e bens de construção civil.
O resultado mostrou que a taxa cresceu de 17,8% no quatro trimestre de 2005 para 18,3% nos três primeiros meses de 2006, já eliminando os efeitos sazonais (típicos de cada período). "Foi um crescimento muito forte, o maior já registrado de 2002 para cá", disse.
Para Guilherme Maia, da Tendências Consultoria, os incentivos ao financiamento à habitação e a expansão da importação de máquinas e equipamentos em razão do dólar mais baixo também impulsionaram os investimentos.
A partir dos dados de valor do PIB, a LCA calculou a variação de estoques da economia e percebeu que eles continuaram em queda -26,3% no primeiro trimestre de 2006 ante o mesmo período de 2005.
Isso indica que o PIB poderia ter crescido mais, já que o país estava consumindo algo que já havia sido produzido sem demandar novos produtos.
Sem a queima de estoques, o PIB teria crescido 3,6% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2005, estima a LCA.


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