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MST e Incra torcem para vice assumir
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao contrário de setores ruralistas, que vêem Luís Carlos Guedes Pinto como um
militante do MST, o Ministério do Desenvolvimento
Agrário e o Incra (Instituto
Nacional de Colonização e
Reforma Agrária) torcem para que o atual secretário-executivo da Agricultura assuma a vaga do demissionário
ministro Roberto Rodrigues.
Ontem, segundo a Folha
apurou, o primeiro e o segundo escalões da pasta e do
órgão da reforma agrária torciam o nariz pelo fato de ruralistas buscarem uma vinculação de Guedes com os
sem-terra. Consideravam
uma tentativa de desgastá-lo
para que não seja anunciado
como o novo ministro.
Engenheiro agrônomo,
Guedes foi presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária, que tem ligações
históricas com os movimentos sociais do campo. Nos
tempos de professor da Unicamp, atuava como uma espécie de conselheiro intelectual do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra). Dava dicas sobre
conjuntura política e econômica aos seus líderes.
No Desenvolvimento
Agrário e no Incra, a torcida
por Guedes é para que as relações entre as pastas deixem de ser apenas institucionais. Hoje há uma guerra
ideológica entre elas, uma
sendo vista como pró-MST e
anti-ruralista e a outra exatamente o contrário.
Com Guedes no comando,
a expectativa é que a agricultura familiar seja tratada como a agricultura patronal,
com as mesmas prioridades
para pesquisas na Embrapa e
nas negociações de comércio
exterior. Houve um caso recente e emblemático no qual
Miguel Rossetto (ex-ministro) e Roberto Rodrigues ficaram em salas separadas
durante reunião da OMC
(Organização Mundial do
Comércio).
No Ministério do Desenvolvimento Agrário e no Incra, como também no MST,
a atualização dos índices de
produtividade já é coisa do
passado. Ninguém deles
acredita que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva
comprará essa briga com os
fazendeiros faltando pouco
tempo para a eleição. A alteração dos índices, que tende
a agilizar os processos de desapropriação de imóveis rurais para fins de reforma
agrária, é uma antiga promessa do presidente aos
sem-terra, que foi engavetada no ano passado a pedido
de Roberto Rodrigues.
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