São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2006

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MST e Incra torcem para vice assumir

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao contrário de setores ruralistas, que vêem Luís Carlos Guedes Pinto como um militante do MST, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) torcem para que o atual secretário-executivo da Agricultura assuma a vaga do demissionário ministro Roberto Rodrigues.
Ontem, segundo a Folha apurou, o primeiro e o segundo escalões da pasta e do órgão da reforma agrária torciam o nariz pelo fato de ruralistas buscarem uma vinculação de Guedes com os sem-terra. Consideravam uma tentativa de desgastá-lo para que não seja anunciado como o novo ministro.
Engenheiro agrônomo, Guedes foi presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária, que tem ligações históricas com os movimentos sociais do campo. Nos tempos de professor da Unicamp, atuava como uma espécie de conselheiro intelectual do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Dava dicas sobre conjuntura política e econômica aos seus líderes.
No Desenvolvimento Agrário e no Incra, a torcida por Guedes é para que as relações entre as pastas deixem de ser apenas institucionais. Hoje há uma guerra ideológica entre elas, uma sendo vista como pró-MST e anti-ruralista e a outra exatamente o contrário.
Com Guedes no comando, a expectativa é que a agricultura familiar seja tratada como a agricultura patronal, com as mesmas prioridades para pesquisas na Embrapa e nas negociações de comércio exterior. Houve um caso recente e emblemático no qual Miguel Rossetto (ex-ministro) e Roberto Rodrigues ficaram em salas separadas durante reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio).
No Ministério do Desenvolvimento Agrário e no Incra, como também no MST, a atualização dos índices de produtividade já é coisa do passado. Ninguém deles acredita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comprará essa briga com os fazendeiros faltando pouco tempo para a eleição. A alteração dos índices, que tende a agilizar os processos de desapropriação de imóveis rurais para fins de reforma agrária, é uma antiga promessa do presidente aos sem-terra, que foi engavetada no ano passado a pedido de Roberto Rodrigues.


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