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Brasil acena com maior abertura da indústria
Amorim fala em concessões em troca de corte de subsídio agrícola dos ricos
Países em desenvolvimento e União Européia se unem em negociações em Genebra para pressionar EUA a cortarem subsídios
SHEILA D'AMORIM
ENVIADA ESPECIAL A GENEBRA
Na véspera de sentarem frente a frente à mesa para tentar
negociar cortes nos subsídios
agrícolas e maior abertura comercial, industrial e do setor de
serviços, a União Européia e os
países em desenvolvimento liderados pelo Brasil acenaram
com a possibilidade de cederem em suas propostas para
chegarem a um acordo.
A movimentação diplomática, resultado dos encontros
prévios ontem em Genebra, jogou para os EUA a responsabilidade pelo avanço na rodada de
negociação que começa oficialmente hoje na OMC (Organização Mundial do Comércio).
O comissário de Comércio da
UE, Peter Mandelson, surpreendeu ao dizer que o bloco
está disposto a se aproximar
das demandas do G20, grupo liderado entre outros pelo Brasil
e que reúne países em desenvolvimento, fortes exportadores agrícolas. "A UE está preparada para aumentar a oferta
significativamente e mover-se
para perto das reivindicações
do G20", disse, ressaltando, no
entanto, que é preciso que interesses da UE sejam atendidos.
Com isso, segundo ele, o corte geral de tarifas de importação de produtos agrícolas poderia atingir, em média, 54%, e,
para a UE, 51%.
Essa é justamente a proposta
do G20. Até agora, o que estava
na mesa era uma redução de
39%. Em troca, a UE quer que
os EUA reduzam bastante os
subsídios agrícolas de cerca de
US$ 48 bilhões anuais.
Mandelson defendeu ainda
um movimento conjunto e ressaltou que "não é hora de blefar". Já a comissária de Agricultura da UE, Mariann Fischer
Boel, disse que "ofertas de perfumaria" não serão suficientes.
Mais tarde, o chanceler brasileiro, Celso Amorim, admitiu
que poderá aumentar o grau de
abertura industrial do país se as
"ambições na agricultura" forem "atingidas de maneira plena ou quase plena". Ele passou
a manhã discutindo o tema
com o G20 e também com
Mandelson. Na véspera, se reuniu com Susan Schwab, representante comercial dos EUA,
que resiste a um acerto.
Abertura brasileira
Amorim falou que o Brasil
estaria disposto a fazer concessões na área de produtos industriais. Até agora, o Brasil trabalha oficialmente com o chamado coeficiente 30, um fórmula
que faz com que caia pela metade a tarifa máxima aplicada para produtos industriais.
No entanto, a Folha apurou
que o governo está disposto a
aceitar o coeficiente em torno
de 20, o que aumentaria a abertura do mercado nacional. Para
Amorim, essa questão não será
o fator decisiva para o sucesso
do encontro de Genebra. A disputa deve ser entre EUA e UE.
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