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SETOR EM DIFICULDADE
Utilização da capacidade instalada está em 78,7%; vendas paralisam, mas estoques não baixam
Ociosidade da indústria de SP atinge pico
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O número de máquinas paradas
na indústria paulista bateu recorde em junho: o nível de utilização
da capacidade instalada ficou em
78,7%, o menor para o mês desde
1996. É como se uma linha de produção que pudesse fabricar cem
itens, só tivesse produzido cerca
de 79 mercadorias.
Com esse resultado, a ociosidade em junho atingiu o maior patamar para o setor no ano. E o pior:
mesmo produzindo menos, nem
tudo o que é feito é vendido. Os
estoques das fábricas não caíram.
Os dados foram anunciados ontem pela direção da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), que se referiu ao atual
cenário como "o cão correndo
atrás do próprio rabo". Isso porque, diz Clarice Messer, diretora
da entidade, a puxada de freio da
indústria na produção não tem
conseguido acompanhar o movimento de forte queda nas vendas.
"Esse jogo não fecha. A situação
é do cachorro correndo atrás do
próprio rabo, com a indústria
ajustando produção em decorrência da queda de consumo. Mas
isso tem sido ineficaz", disse ela.
Mais números comprovam a
existência de um cenário delicado. A atividade industrial em São
Paulo caiu 0,2% em junho em relação ao mês anterior. Essa retração na produção, porém, foi menor do que a queda nas vendas
reais -0,7% no período.
Com isso, há um descompasso.
As mercadorias não saem dos galpões das fábricas. Indicador da
CNI (Confederação Nacional da
Indústria), que apura nível de estocagem, bateu nos 54,2 pontos
de abril a junho. No mesmo período de 2002 estava em torno de
53. Acima de 50 indica um patamar alto de estoque.
Há setores que não seguem essa
tendência de queda nas atividades. São poucos os que estão acima do registrado no mesmo mês
de 2002: papel, com nível de uso
das instalações em 88,3% em junho, e o químico, em 82%.
Fortes exportadoras, essas empresas, como VCP (Votorantim
Celulose e Papel) e Suzano, tiveram elevação nas vendas externas. A VCP expandiu em 94% a
receita operacional líquida no exterior de abril a junho sobre 2002.
Outro dado positivo mostra
que, em comparação com junho
de 2002, há uma elevação de 1,4%
nas atividades do setor industrial
no mês passado. Para Clarice, no
entanto, o número "tem de ser lido como algo negativo". Isso porque o período tem registrado, historicamente, altas mais elevadas
que a apurada.
A Fiesp ainda crê numa expansão de até 1,5% nas atividades em
2003. A entidade criticou a idéia
de que uma redução nos impostos sobre produtos, como pedem
as montadoras, empolgará o consumo e aquecerá a demanda.
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