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São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2003

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SETOR EM DIFICULDADE

Utilização da capacidade instalada está em 78,7%; vendas paralisam, mas estoques não baixam

Ociosidade da indústria de SP atinge pico

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O número de máquinas paradas na indústria paulista bateu recorde em junho: o nível de utilização da capacidade instalada ficou em 78,7%, o menor para o mês desde 1996. É como se uma linha de produção que pudesse fabricar cem itens, só tivesse produzido cerca de 79 mercadorias.
Com esse resultado, a ociosidade em junho atingiu o maior patamar para o setor no ano. E o pior: mesmo produzindo menos, nem tudo o que é feito é vendido. Os estoques das fábricas não caíram.
Os dados foram anunciados ontem pela direção da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que se referiu ao atual cenário como "o cão correndo atrás do próprio rabo". Isso porque, diz Clarice Messer, diretora da entidade, a puxada de freio da indústria na produção não tem conseguido acompanhar o movimento de forte queda nas vendas.
"Esse jogo não fecha. A situação é do cachorro correndo atrás do próprio rabo, com a indústria ajustando produção em decorrência da queda de consumo. Mas isso tem sido ineficaz", disse ela.
Mais números comprovam a existência de um cenário delicado. A atividade industrial em São Paulo caiu 0,2% em junho em relação ao mês anterior. Essa retração na produção, porém, foi menor do que a queda nas vendas reais -0,7% no período.
Com isso, há um descompasso. As mercadorias não saem dos galpões das fábricas. Indicador da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que apura nível de estocagem, bateu nos 54,2 pontos de abril a junho. No mesmo período de 2002 estava em torno de 53. Acima de 50 indica um patamar alto de estoque.
Há setores que não seguem essa tendência de queda nas atividades. São poucos os que estão acima do registrado no mesmo mês de 2002: papel, com nível de uso das instalações em 88,3% em junho, e o químico, em 82%.
Fortes exportadoras, essas empresas, como VCP (Votorantim Celulose e Papel) e Suzano, tiveram elevação nas vendas externas. A VCP expandiu em 94% a receita operacional líquida no exterior de abril a junho sobre 2002.
Outro dado positivo mostra que, em comparação com junho de 2002, há uma elevação de 1,4% nas atividades do setor industrial no mês passado. Para Clarice, no entanto, o número "tem de ser lido como algo negativo". Isso porque o período tem registrado, historicamente, altas mais elevadas que a apurada.
A Fiesp ainda crê numa expansão de até 1,5% nas atividades em 2003. A entidade criticou a idéia de que uma redução nos impostos sobre produtos, como pedem as montadoras, empolgará o consumo e aquecerá a demanda.


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