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EMPRESAS
Sem consenso com o governo, relator diz que não vai "ceder em tudo"
Lei de Falências deve ir a votação hoje
JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
A Câmara dos Deputados tenta
votar hoje a nova Lei de Falências,
mesmo sem um consenso entre o
governo e o relator Osvaldo Biolchi (PMDB-RS). A votação, prevista para ontem, foi cancelada
em razão da polêmica em torno
do tema e da pauta travada por
uma medida provisória que tratava de créditos sobre royalties.
Depois de quase duas horas de
negociações, que envolveram o líder do governo, Aldo Rebelo (PC
do B-SP), o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), e o próprio relator, o governo decidiu apresentar
três destaques ao relatório.
Um pretende rever a exigência,
que consta do relatório de Biolchi,
de converter em moeda nacional
créditos a receber em moeda estrangeira quando do pedido da
falência. Como argumento contra, o governo diz entender que os
credores e as empresas podem ser
prejudicados com uma mudança
drástica do câmbio.
Outro destaque tem como objetivo alterar a possibilidade de reabrir negociação entre devedores e
credores, a pedido dos devedores.
Isso permitiria a renegociação dos
créditos, durante a recuperação
judicial (novo nome da concordata), antes de completar dois anos.
O governo avalia que a medida
abalaria a credibilidade dos acordos entre as partes.
O último ponto polêmico trata
das companhias aéreas. No relatório, há a possibilidade de que
tais empresas possam pedir concordata. O governo diz ser contra
porque as companhias aéreas são
concessionárias de serviço público. Caso a concordata seja facultada a elas, avalia ainda, haveria a
possibilidade de ser estendida para outras concessionárias.
Biolchi já havia causado constrangimento na ala governista ao
apresentar um relatório, na semana passada, em que constavam 19
pontos que não haviam sido acordados com o governo. O relator é
do PMDB, partido cuja direção
decidiu apoiar o governo.
Na saída da reunião, Biolchi disse: "Nos pontos em que não há
consenso, vão rolar cabeças. Não
vou ceder em tudo".
O governo tentou colocar panos
quentes e disse que as diferenças
não são "filosoficamente grandes,
mas importantes".
"Aguardamos por parte do relator a apresentação do conjunto de
mais de 20 itens que ele retificará
no relatório que havia lido na semana passada", afirmou o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS),
um do vice-líderes do governo na
Câmara.
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