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Agricultura e construção têm menor escolaridade
Redução de pessoal mais qualificado acontece na maioria dos setores
Brasil tem rotatividade
anual de mão-de-obra na
faixa de 42%; geralmente,
demite-se quem ganha mais
para contratar por menos
DA REPORTAGEM LOCAL
A agricultura e a construção
civil estão na base do aumento
da contratação de pessoas com
baixa escolaridade. Já a redução de pessoal mais escolarizado, cuja intenção real é o corte
de salários, acontece na maioria dos setores.
Segundo dados da CNA
(Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil), o saldo de
contratados e demitidos entre
janeiro e abril deste ano no setor é de 71.796 novos empregos
formais -48,3% a mais do que
em igual período de 2005.
Para Clóvis de Queiroz Neto,
técnico da CNA, como a informalidade na agricultura chega
a 68%, o volume de novos empregos -principalmente na
área de cana- tende a ser significativamente maior do que no
lado formal.
Nelson Brandão, vice-presidente da Associação Comercial
da Bahia, afirma que, no Estado, setores de celulose, soja e
algodão também têm puxado
fortemente a contratação de
pessoas menos escolarizadas.
Na construção civil, o Sinduscon, que reúne o setor, contabilizou 132,6 mil novos empregos formais entre maio de
2005 e maio deste ano.
"No Brasil, as coisas sempre
são rompidas, para o bem ou
para o mal, em uma velocidade
desproporcional a qualquer
planejamento. O resultado é
que já começamos a vislumbrar
falta de mão-de-obra com qualificação no setor", diz Maurício Bianchi, coordenador do
Sinduscon.
Paulo Francini, diretor do
Departamento de Economia da
Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo),
afirma que, no caso do setor industrial, a demissão de pessoal
mais escolarizado ocorre durante processos de enxugamento para reduzir custos.
"Há cortes em cargos de chefia, por exemplo. Mas essa
substituição de pessoal mais
qualificado por menos qualificado é sempre a última das etapas de um enxugamento", diz.
O Brasil tem hoje uma rotatividade anual de sua mão-de-obra na faixa de 42%. Geralmente, demite-se quem ganha
mais para contratar por menos,
com impactos sobre a renda.
Segundo o economista Marcio Pochmann, enquanto o emprego formal cresceu 9,2% no
Brasil entre 2002 e 2005, a
massa de rendimentos aumentou apenas 1,3% em termos
reais (acima da inflação).
Sobre o aumento da geração
de empregos formais ao longo
do governo Lula, Francini acredita que há forte influência de
uma maior fiscalização contra a
informalidade e um estímulo
fiscal (por meio do Simples) para novas contratações.
Entre janeiro e junho, o governo fiscalizou 174 mil empresas e autuou mais de 30 mil. Em
2005, foram 375 mil fiscalizações e 60 mil autuações.
(FCZ)
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