São Paulo, domingo, 30 de julho de 2006

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OUTRO LADO

"Olhar só nível de educação é leitura pobre"

DA REPORTAGEM LOCAL

A assessora especial do ministro Luiz Marinho (Trabalho) e coordenadora do Observatório do Trabalho Paula Montagner afirma que não se pode falar em "precarização" do mercado de trabalho brasileiro considerando apenas o nível de escolaridade de quem trabalha.
Ela admite, no entanto, que, embora o governo Lula tenha criado 4,3 milhões de empregos formais (em regime de CLT, no setor privado), o patamar dos salários "não aumentou tanto quanto a gente gostaria".
Montagner também atribui a fatores "fortemente sazonais" a contratação de analfabetos, principalmente por causa da safra de cana-de-açúcar no Nordeste. "Não se pode tirar uma generalidade daí", diz.
Ela reconhece, porém, que o mercado de trabalho vem incorporando cada vez mais pessoas com escolaridade mais baixa. "Mas temos que considerar que essas pessoas podem ter muita experiência. Olhar só para a escolaridade é uma leitura pobre do mercado", afirma.
"Há hoje no mercado muita gente mais jovem disponível que tem escolaridade mais elevada, mas sem nenhuma experiência. Em muitos casos, a empresa é quem acaba pagando pela educação do contratado que tem mais experiência do que escolaridade."

Ampliação de direitos
Montagner afirma que, independentemente do nível de escolaridade, "o importante é que mais gente tem sido trazida para o mercado formal, que garante direitos como FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço], férias e seguro-desemprego".
A assessora do Ministério do Trabalho também reconhece que a alta rotatividade no mercado brasileiro é uma dos principais fatores que impedem uma retomada no aumento da renda.
"A maior permanência em um cargo ou empresa é o que vai garantir aumentos salariais. Com a rotatividade atual, isso continua sendo muito difícil", afirma. (FCZ)


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