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OUTRO LADO
"Olhar só nível de educação é leitura pobre"
DA REPORTAGEM LOCAL
A assessora especial do ministro Luiz Marinho (Trabalho) e coordenadora do Observatório do Trabalho Paula
Montagner afirma que não
se pode falar em "precarização" do mercado de trabalho
brasileiro considerando apenas o nível de escolaridade
de quem trabalha.
Ela admite, no entanto,
que, embora o governo Lula
tenha criado 4,3 milhões de
empregos formais (em regime de CLT, no setor privado), o patamar dos salários
"não aumentou tanto quanto
a gente gostaria".
Montagner também atribui a fatores "fortemente sazonais" a contratação de
analfabetos, principalmente
por causa da safra de cana-de-açúcar no Nordeste. "Não
se pode tirar uma generalidade daí", diz.
Ela reconhece, porém, que
o mercado de trabalho vem
incorporando cada vez mais
pessoas com escolaridade
mais baixa. "Mas temos que
considerar que essas pessoas
podem ter muita experiência. Olhar só para a escolaridade é uma leitura pobre do
mercado", afirma.
"Há hoje no mercado muita gente mais jovem disponível que tem escolaridade
mais elevada, mas sem nenhuma experiência. Em
muitos casos, a empresa é
quem acaba pagando pela
educação do contratado que
tem mais experiência do que
escolaridade."
Ampliação de direitos
Montagner afirma que, independentemente do nível
de escolaridade, "o importante é que mais gente tem
sido trazida para o mercado
formal, que garante direitos
como FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço],
férias e seguro-desemprego".
A assessora do Ministério
do Trabalho também reconhece que a alta rotatividade
no mercado brasileiro é uma
dos principais fatores que
impedem uma retomada no
aumento da renda.
"A maior permanência em
um cargo ou empresa é o que
vai garantir aumentos salariais. Com a rotatividade
atual, isso continua sendo
muito difícil", afirma.
(FCZ)
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