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Boom imobiliário deve perder ritmo no 2º semestre
Volume de empréstimos para a classe média avança
94,6% de janeiro a maio, mas taxa não deve se repetir
Bancos passaram a se interessar por crédito habitacional após medidas legais e melhora do cenário macroeconômico
JULIANNA SOFIA
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O comemorado boom do crédito imobiliário em 2006 deve
começar a dar sinais de arrefecimento e dificilmente se repetirá nos próximos anos. O Ministério da Fazenda e instituições financeiras avaliam que o
mercado ainda tem espaço e fôlego para crescer, mas que o
atual ritmo de expansão dos financiamentos habitacionais
não se sustenta a médio prazo.
De janeiro a maio deste ano,
o volume de empréstimos para
a classe média registrou aumento de 94,6% em relação a
igual período de 2005 (veja
quadro). A expectativa da área
econômica do governo é que financiamentos com recursos da
poupança pulem para R$ 8,7 bilhões no ano, contra os R$ 4,8
bilhões contratados em 2005.
Já os empréstimos voltados à
habitação popular -recursos
do FGTS (Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço), operados pela Caixa Econômica Federal- devem sair dos R$ 5,4
bilhões contratados em 2005
para R$ 5,8 bilhões em 2006,
segundo projeção da Caixa.
O bom momento do setor pode ser traduzido como uma liberação da demanda reprimida
por esse tipo de crédito. Com a
adoção de medidas legais por
parte do governo e a melhora
do cenário macroeconômico,
os bancos passaram a ver nos
empréstimos imobiliários um
bom negócio, e o brasileiro que
vinha aguardando para investir
na casa própria está correndo
para os financiamentos.
A tendência, segundo a avaliação da Fazenda, é que haja
expansão "significativa" do
mercado nos próximos cinco a
dez anos. A velocidade, porém,
deve atingir níveis mais moderados. "Crescimento de 70%
naturalmente é significativo.
Provavelmente em um ou outro momento você poderá observar algo nesse gênero. Mas
70% naturalmente não é um
crescimento de médio prazo",
afirmou à Folha o secretário-adjunto de Política Econômica,
Otávio Damaso.
"Acho que o atual nível de investimento tem fôlego e pode
até aumentar. Mas no ano que
vem não vamos crescer mais
como agora, dobrando os investimentos", disse o vice-presidente de Desenvolvimento
Urbano da Caixa, Jorge Hereda. No primeiro semestre, o volume de recursos contratados
na Caixa subiu 107%.
A Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito
Imobiliário e Poupança) concorda. "Antes, os bancos não
queriam operar crédito imobiliário por causa do risco, mas
agora é um negócio como outro
qualquer. O crescimento que
vemos é sustentável, mas não
nesse patamar. A partir de
2008, deve começar a se estabilizar", disse o superintendente-geral da entidade, Carlos
Eduardo Duarte Fleury.
Espaço
O crédito imobiliário no Brasil atualmente representa apenas 2% do PIB (Produto Interno Bruto). Nos EUA, com mercado de crédito imobiliário
mais evoluído, esse percentual
sobe para entre 20% e 25%.
Na Espanha, o país que mais
oferece esse tipo de empréstimo, o crédito imobiliário representa 42% do PIB. Mesmo países em desenvolvimento têm
resultados melhores. No Chile,
a proporção do crédito imobiliário/PIB é de 15%.
"Os bancos passaram a ocupar seu espaço. Antes eram as
incorporadoras que financiavam os imóveis. Agora elas
constroem e os bancos financiam e é assim que tem que ser.
Os bancos passaram a se interessar por esse mercado, por
causa da estabilidade", afirmou
Fernando Baumeier, superintendente-adjunto de Crédito
Imobiliário do Santander.
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