São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2008

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Aprovação no Congresso dos EUA seria difícil

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Mesmo que o acordo da Rodada Doha tivesse sido aprovado, as concessões oferecidas pelos EUA encontrariam enormes dificuldades para serem validadas pelo Congresso americano, como exige a lei. Afinal, seria um acordo proposto por um presidente virtualmente sem poder, para um Legislativo controlado pela oposição democrata, em ano de eleição.
George W. Bush entrega seu cargo em janeiro. Dentro de 97 dias, o país elege novo presidente. Em menos de um mês, faz convenções que consagrarão os nomes dos dois concorrentes, o democrata Barack Obama e o republicano John McCain. Até a primeira semana de outubro, o Congresso entra em recesso pré-eleições.
Seria pouco provável que um acordo tão complicado fosse sequer levado a votação antes disso. Mesmo se fosse, era pouco provável que passasse. O republicano Bush não conseguiu aprovar um tratado muito mais simples e apoiado pela maioria das lideranças, como o de livre-comércio com a Colômbia, parado desde abril de 2007.
Não conseguiu também renovar sua autoridade especial para aprovar tratados, vencida há um ano. A falta de autoridade da delegação dos EUA foi reforçada por carta enviada na semana passada a Bush pelos senadores Russ Feingold e Robert Byrd.

No texto, os dois democratas perguntam a Bush o que Susan Schwab e seus colegas estariam oferecendo em nome dos EUA, uma vez que o poder de aprovar acordos comerciais era exclusividade do Congresso garantida pela Constituição. Esse entendimento levou o negociador indiano a chamar Schwab ontem, segundo a "Associated Press", de "impostora".

Mesmo que Doha saísse e ficasse para ser aprovada pelo Congresso em 2009, ainda assim a aprovação não seria tranqüila. Pelas pesquisas de opinião de hoje, os democratas devem aumentar sua maioria atual no Congresso -alguns analistas avistam até uma maioria no Congresso "à prova de veto presidencial".
Embora não tenha se manifestado claramente sobre Doha, Obama já disse que, eleito, revisará todos os acordos comerciais de Bush. "O senador crê que precisamos mudar o nosso foco dos acordos dos anos Bush para um foco verdadeiro em trabalhadores, empregos, agricultores e em elevarmos esses padrões nos outros países", disse Jason Furman, seu principal assessor econômico.


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