São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2008

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Governo prepara nova rodada de reajuste do funcionalismo

DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo Luiz Inácio Lula da Silva prepara duas novas medidas provisórias para reajustar os salários de 54 carreiras do funcionalismo federal, incluindo as categorias da elite do Executivo.
Trata-se da última etapa da rodada de reajustes iniciada em maio, quando foram beneficiados cerca de 800 mil civis e 600 mil militares, incluindo aposentados e pensionistas. As próximas MPs, que devem ser editadas até a próxima semana, atingem algo como 350 mil servidores civis.
O pacote acrescentou R$ 7,6 bilhões ao total reservado aos novos gastos com pessoal no Orçamento deste ano, que já contava com R$ 3,5 bilhões. Ao todo, as despesas com o funcionalismo deverão chegar a R$ 133,3 bilhões.
Uma das MPs contemplará as carreiras típicas de Estado, como policiais federais, advogados da União, auditores fiscais, diplomatas e gestores. Nesse grupo, trava-se uma disputa pelo topo salarial do Executivo, hoje ocupado pelos delegados e peritos da PF, com R$ 19 mil mensais.
A outra MP será voltada para categorias remanescentes, caso de servidores do Instituto Nacional do Seguro Social, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes.
O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, afirmou ontem que o impacto total das medidas no Orçamento será de R$ 11 bilhões anuais.
"As MPs já estão na Casa Civil, que está fazendo uma conferência da parte jurídica e orçamentária. Devemos mandar ao Congresso provavelmente nesta semana", disse o ministro ontem, após palestra no Ibef (Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças), no centro do Rio.
Bernardo procurou justificar os reajustes a funcionários da elite."Procuramos valorizar em função da formação, do currículo do servidor", afirmou Bernardo. Ele ressaltou, porém, que categorias "tradicionalmente deprimidas" serão beneficiadas com um reajuste maior. "Não é um índice só para todo mundo", disse, citando como exemplo o caso dos doutores, que terão aumento de mais de 100%.
No governo Lula, esse é o segundo e maior pacote de reajustes gerais para os funcionários públicos, cujos sindicatos estão entre as principais bases políticas do PT. O primeiro foi concedido em 2006, também um ano eleitoral.

Déficit externo
Paulo Bernardo, ainda no Ibef, disse que o déficit nas contas externas não é uma tendência irreversível. Ele atribuiu o mau desempenho no primeiro semestre à crise internacional. Anteontem, o Banco Central revelou que o país acumula um resultado negativo de US$ 17,4 bilhões no ano, recorde para o período.
"Houve um grande aumento no volume de remessas, que mostra que as multinacionais sediadas no Brasil mandaram dinheiro para socorrer as matrizes", disse. "Temos que olhar com atenção, mas não estou convencido de que seja uma tendência irreversível."


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