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É cedo para decretar fim da crise, diz Paulo Skaf
Na avaliação do presidente da Fiesp, recuperação da indústria ainda é lenta
Para confirmar retomada da indústria, governo precisa cortar mais a taxa de juros
e ampliar a desoneração
do setor, defende Skaf
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo), Paulo Skaf, pede
cautela nas comemorações dos
sinais de recuperação da economia brasileira. A empolgação
excessiva é perigosa, na sua avaliação, porque pode fazer com
que sejam deixadas de lado determinadas providências ainda
necessárias para que a tendência de retomada seja mantida.
Leia, abaixo, trechos da entrevista que Skaf concedeu à Folha ontem.
(DENYSE GODOY)
FOLHA - Analistas já dizem que a
recessão no Brasil acabou no segundo trimestre. Mas e a crise, chegou
ao fim?
PAULO SKAF - É precipitado falar
que a crise acabou. Tivemos
crescimento negativo do PIB
[Produto Interno Bruto] no
quarto trimestre de 2008 e no
primeiro de 2009, o que configurou uma retração. A partir de
abril, a situação mudou. Estamos agora em um período de
recuperação, mas uma recuperação muito lenta, frise-se. Certamente, neste ano, por mais
que haja uma melhora até dezembro, não conseguiremos ter
um crescimento positivo. O
PIB do país cairá entre 0,5% e
1%. É perigoso dizer que a crise
acabou porque falariam que os
juros não precisam mais baixar,
que o crédito não precisa aumentar, que as desonerações
não são mais necessárias, e podemos correr o risco de não tomar as providências devidas
considerando que ainda estamos em dificuldades. Temos
que ser otimistas com responsabilidade. Não podemos,
igualmente, dissociar-nos do
resto do mundo, porque não temos certeza de como a crise vai
se comportar nos próximos
meses.
FOLHA - Quais são as medidas que
ainda devem ser tomadas?
SKAF - No curto prazo, é fundamental resolver os problemas
da disponibilidade e do custo
do crédito, especialmente para
as pequenas empresas, e fazer
mais desonerações [tributárias]. Dizem que há um limite
para a desoneração, mas isso é
relativo. O governo reduziu o
IPI [Imposto sobre Produtos
Industrializados] para carros, o
que aumentou a venda de veículos em 45%, compensando
parte da desoneração. No final,
houve mais arrecadação do que
renúncias.
Quando o remédio foi dirigido ao problema, como nesse caso da indústria automobilística,
o resultado foi positivo. No pós-crise -confirmada a expectativa de que será no ano que vem,
está quase aí-, precisamos de
uma infraestrutura melhor, de
educação, de formação profissional, de inovação e de tecnologia. Senão, o Brasil não sairá
da crise reposicionado, sairá do
mesmo jeito que entrou.
FOLHA - No que diz respeito a desonerações, quais setores estão pleiteando redução de impostos?
SKAF - Todos os setores que estão com dificuldades deveriam
ser atendidos, sem exceção. A
estratégia não deve discriminar
setores porque a desoneração
faz com que empregos sejam
mantidos e, em alguns casos,
até gera novas vagas, o que é
bom para o país.
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