São Paulo, quinta-feira, 30 de julho de 2009

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É cedo para decretar fim da crise, diz Paulo Skaf

Na avaliação do presidente da Fiesp, recuperação da indústria ainda é lenta

Para confirmar retomada da indústria, governo precisa cortar mais a taxa de juros e ampliar a desoneração do setor, defende Skaf


DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, pede cautela nas comemorações dos sinais de recuperação da economia brasileira. A empolgação excessiva é perigosa, na sua avaliação, porque pode fazer com que sejam deixadas de lado determinadas providências ainda necessárias para que a tendência de retomada seja mantida. Leia, abaixo, trechos da entrevista que Skaf concedeu à Folha ontem. (DENYSE GODOY)

 

FOLHA - Analistas já dizem que a recessão no Brasil acabou no segundo trimestre. Mas e a crise, chegou ao fim?
PAULO SKAF
- É precipitado falar que a crise acabou. Tivemos crescimento negativo do PIB [Produto Interno Bruto] no quarto trimestre de 2008 e no primeiro de 2009, o que configurou uma retração. A partir de abril, a situação mudou. Estamos agora em um período de recuperação, mas uma recuperação muito lenta, frise-se. Certamente, neste ano, por mais que haja uma melhora até dezembro, não conseguiremos ter um crescimento positivo. O PIB do país cairá entre 0,5% e 1%. É perigoso dizer que a crise acabou porque falariam que os juros não precisam mais baixar, que o crédito não precisa aumentar, que as desonerações não são mais necessárias, e podemos correr o risco de não tomar as providências devidas considerando que ainda estamos em dificuldades. Temos que ser otimistas com responsabilidade. Não podemos, igualmente, dissociar-nos do resto do mundo, porque não temos certeza de como a crise vai se comportar nos próximos meses.

FOLHA - Quais são as medidas que ainda devem ser tomadas?
SKAF
- No curto prazo, é fundamental resolver os problemas da disponibilidade e do custo do crédito, especialmente para as pequenas empresas, e fazer mais desonerações [tributárias]. Dizem que há um limite para a desoneração, mas isso é relativo. O governo reduziu o IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] para carros, o que aumentou a venda de veículos em 45%, compensando parte da desoneração. No final, houve mais arrecadação do que renúncias. Quando o remédio foi dirigido ao problema, como nesse caso da indústria automobilística, o resultado foi positivo. No pós-crise -confirmada a expectativa de que será no ano que vem, está quase aí-, precisamos de uma infraestrutura melhor, de educação, de formação profissional, de inovação e de tecnologia. Senão, o Brasil não sairá da crise reposicionado, sairá do mesmo jeito que entrou.

FOLHA - No que diz respeito a desonerações, quais setores estão pleiteando redução de impostos?
SKAF
- Todos os setores que estão com dificuldades deveriam ser atendidos, sem exceção. A estratégia não deve discriminar setores porque a desoneração faz com que empregos sejam mantidos e, em alguns casos, até gera novas vagas, o que é bom para o país.


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