São Paulo, quinta-feira, 30 de julho de 2009

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País faz emissão com vencimento em prazo mais longo da história

Governo obtém US$ 500 mi em títulos da dívida que vencem em 2037; taxa é a menor já paga

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo brasileiro pegou ontem um empréstimo de US$ 500 milhões por meio da emissão de títulos da dívida externa nos mercados dos Estados Unidos e da Europa. Os papéis, com vencimento em 2037, são os de mais longo prazo vendidos pelo Brasil.
A emissão de título públicos internacionais foi elogiada por analistas do mercado financeiro porque, toda vez que o governo faz uma captação externa, estabelece uma referência de preço para as empresas do país que também querem emitir títulos privados no exterior.
Os investidores estrangeiros que compraram os títulos brasileiros vão receber 6,45% de juros ao ano, o mais baixo já pago por esse título.
Os juros conseguidos ontem são menos de 2% maiores que os cobrados pelos títulos do Tesouro americano com vencimento em 30 anos. Segundo o Tesouro Nacional, o Brasil foi o primeiro país a emitir esse ano títulos com prazo de vencimento de quase 30 anos.
O chamado Global 2037, criado em 2006, foi emitido cinco vezes. Em janeiro de 2007, a última vez que o governo tinha vendido este título no exterior, os juros foram de 6,63% ao ano.
Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a demanda pelos títulos brasileiros no exterior foi 14 vezes maior do que o governo ofereceu. Ou seja, o governo poderia ter captado US$ 7 bilhões se quisesse.
Mantega afirmou que daqui a dois meses o Brasil poderá fazer uma nova emissão de US$ 500 milhões e poderá conseguir uma taxa ainda menor. Ele comentou que a emissão feita ontem foi uma forma de verificar a confiança estrangeira no Brasil.
"Foi uma forma de testar o mercado. Testar a confiança que existe no Brasil. E ver que os investidores preferem o título brasileiro que remunera apenas 2% mais que o Treasury americano. Uma pequena diferença", disse o ministro.
O estrategista-chefe do banco WestLB, Roberto Padovani, disse que a emissão dos títulos brasileiros mostra não só a confiança no Brasil, mas também que o mercado financeiro global voltou a melhorar. "A percepção de risco dos investidores melhorou. Eles estão procurando alternativas mais rentáveis", afirmou.
Padovani diz que o Brasil é uma boa alternativa, porque manteve nos últimos 15 anos políticas responsáveis, além de ter acumulado reservas internacionais que superam a dívida externa, o que dá mais confiança aos investidores.
O Global 2037 poderia ser vendido também no mercado asiático durante esta madrugada. O Tesouro Nacional estudava na noite de ontem a possibilidade de oferecer US$ 25 milhões na Ásia. Os bancos responsáveis pela oferta dos títulos foram Deutsch Bank e JP Morgan.


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