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Importação ilegal é alvo de ação da PF
Quatro auditores fiscais da Receita foram presos, suspeitos de apoiarem esquema que provocou perda de ao menos R$ 100 mi
Organização importava mercadorias de luxo, CDs e DVDs; entre os suspeitos, está funcionário do Ministério
do Desenvolvimento
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 260 policiais federais cumpriram ontem 20 mandados de prisão e 55 mandados
de busca e apreensão nos Estados de São Paulo, Rondônia,
Espírito Santo e Mato Grosso
para combater uma organização criminosa que importava
CDs, DVDs, artigos de luxo e
eletrônicos de forma ilegal. Os
produtos eram distribuídos em
lojas do Estado de São Paulo.
Para trazer as mercadorias
de fora do país sem pagar impostos, principalmente pelo
porto de Santos, a organização
criminosa, que envolvia cerca
de 60 pessoas, contava com a
ajuda de auditores fiscais, policiais civis e um policial federal.
Das 20 pessoas presas, 4 são
auditores fiscais -dois de Rondônia e dois de São Paulo. Os
outros 16 presos são pessoas
que criavam empresas para
atuarem no esquema fraudulento e proprietários de tradings. O dono de um grande
distribuidor paulista de videogames também foi preso. Cinco
pessoas estão foragidas.
Policiais envolvidos na investigação informam que as pessoas que participavam do esquema contavam também com
a ajuda de um funcionário do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
"Sem a participação de funcionários públicos, o esquema
jamais teria sido operacionalizado. Isso posso afirmar com
absoluta certeza", diz Victor
Hugo Rodrigues Alves, delegado que coordenou a operação.
O prejuízo aos cofres públicos,
de 2006 até agora, segundo os
policiais, está estimado em, no
mínimo, R$ 100 milhões.
Os policiais identificaram
que havia dois tipos de empresas envolvidas no esquema: as
"ostensivas", criadas para justificar a ocupação e a renda dos
envolvidos, e as "dissimuladas", abertas em nome de laranjas -neste caso, foram encontradas firmas fantasmas, de
fachada e de aluguel. Além do
apoio de auditores fiscais, a organização contou com a ajuda
de gerentes de instituições financeiras para a abertura de
contas bancárias.
A investigação dos policiais
também identificou que participavam dessa quadrilha servidores públicos que habilitavam
as empresas no Siscomex -o
sistema utilizado para controle
do comércio exterior. "Identificamos casos em que, aparentemente, a carga não estava irregular e, ainda assim, era cobrada propina de em torno de R$
1.000 para a liberação dos produtos. No caso de carga irregular, a propina chegava a até US$
40 mil por contêiner", afirma o
delegado da Polícia Federal.
O esquema dessa organização criminosa que resultou na
Operação Ártico é semelhante
ao identificado na Operação
Narciso, que tinha como alvo a
butique Daslu, e na Operação
Porto Seguro, cujo foco era a loja Tania Bulhões, que comercializa perfumes, móveis e artigos de decoração de luxo.
O inquérito que investiga as
pessoas envolvidas na Operação Ártico está na 2ª Vara Criminal Federal em São Paulo,
que tem como juíza-titular Silvia Maria Rocha. Os autos estão
sob segredo de Justiça.
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