São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

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Relação dívida/PIB deve recuar em agosto

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Altas relações entre dívida pública e PIB (Produto Interno Bruto) não são necessariamente vistas com maus olhos pelo mercado, como acontece com o Brasil. O que mais pesa na avaliação de analistas não são esses dados, mas o histórico de pagamento de determinado país e o nível de estabilidade da expansão de sua dívida em comparação com o crescimento econômico. Fatores que pesam negativamente no caso do Brasil.
A maior parte dos países desenvolvidos têm endividamento alto em comparação com o tamanho de suas economias. Algumas vezes bem próximo aos 61,9% atingidos pelo Brasil em julho passado. A relação entre dívida e PIB de países como França, Alemanha, Itália e Bélgica são de, respectivamente, 57,6%, 60,7%, 107,8% e 104,7%, segundo dados levantados pela GlobalInvest.
Nem por isso, analistas e operadores do mercado financeiro temem que esses países não honrem seus pagamentos. O que alimenta esse temor em relação ao Brasil são os calotes que o país deu no passado (em 83 e 87, na dívida externa e, em 90, na interna) e a trajetória explosiva do endividamento nos últimos oito anos.
"O que importa não é o tamanho da relação dívida/PIB em si, mas a avaliação do mercado da probabilidade de calote", diz o economista Otaviano Canuto, professor da Unicamp.
O economista Fernando Ferreira, sócio da GlobalInvest, lembra que, nos casos dos países desenvolvidos, os custos de rolagem das dívidas são muito menores do que no Brasil.
"Nossa dívida cresceu muito porque nossa taxa de juros é altíssima e sofremos vários choques externos que fizeram o dólar, que corrige parcela importante da dívida, disparar", afirma Ferreira.
A esses fatores, pode ser somado o crescimento econômico medíocre do Brasil, que atingiu a média anual de 1,41% nos últimos dez anos.
Para analistas, no entanto, a relação entre a dívida brasileira e o PIB deverá recuar para 59,5% em agosto, com a queda do dólar.


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