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Relação dívida/PIB deve recuar em agosto
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Altas relações entre dívida pública e PIB (Produto Interno Bruto) não são necessariamente vistas com maus olhos pelo mercado, como acontece com o Brasil.
O que mais pesa na avaliação de
analistas não são esses dados, mas
o histórico de pagamento de determinado país e o nível de estabilidade da expansão de sua dívida
em comparação com o crescimento econômico. Fatores que
pesam negativamente no caso do
Brasil.
A maior parte dos países desenvolvidos têm endividamento alto
em comparação com o tamanho
de suas economias. Algumas vezes bem próximo aos 61,9% atingidos pelo Brasil em julho passado. A relação entre dívida e PIB de
países como França, Alemanha,
Itália e Bélgica são de, respectivamente, 57,6%, 60,7%, 107,8% e
104,7%, segundo dados levantados pela GlobalInvest.
Nem por isso, analistas e operadores do mercado financeiro temem que esses países não honrem seus pagamentos. O que alimenta esse temor em relação ao
Brasil são os calotes que o país deu
no passado (em 83 e 87, na dívida
externa e, em 90, na interna) e a
trajetória explosiva do endividamento nos últimos oito anos.
"O que importa não é o tamanho da relação dívida/PIB em si,
mas a avaliação do mercado da
probabilidade de calote", diz o
economista Otaviano Canuto,
professor da Unicamp.
O economista Fernando Ferreira, sócio da GlobalInvest, lembra
que, nos casos dos países desenvolvidos, os custos de rolagem das
dívidas são muito menores do
que no Brasil.
"Nossa dívida cresceu muito
porque nossa taxa de juros é altíssima e sofremos vários choques
externos que fizeram o dólar, que
corrige parcela importante da dívida, disparar", afirma Ferreira.
A esses fatores, pode ser somado o crescimento econômico medíocre do Brasil, que atingiu a média anual de 1,41% nos últimos
dez anos.
Para analistas, no entanto, a relação entre a dívida brasileira e o
PIB deverá recuar para 59,5% em
agosto, com a queda do dólar.
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