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EM TRANSE
Instituição obtém sucesso na venda de novos lotes de contratos de "swap" cambial; moeda dos EUA cai 1,54%
BC rola dívida e derruba dólar para R$ 3,07
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Banco Central conseguiu dar
continuidade à rolagem de dívida
cambial que vence na segunda-feira e definiu nova baixa para o
dólar ontem. A moeda norte-americana fechou vendida a R$
3,072, em queda de 1,54%.
O mercado cambial iniciou o
dia nervoso. O dólar chegou a subir 1,6%. Havia dúvidas sobre a
capacidade de o BC realizar com
tranquilidade uma nova etapa da
operação de rolagem. Além disso,
pela primeira vez o governo não
conseguiu concretizar o leilão de
linha de crédito para exportadores, o que aumentou o mal-estar.
Mas, no início da tarde, o BC
anunciou o sucesso na venda de
novos lotes de contratos de
"swap" cambial para a rolagem da
dívida. Esses contratos oferecem
ao investidor um seguro contra a
variação cambial.
Para segunda-feira há vencimentos de cerca de US$ 1,6 bilhão
em dívida cambial. Até ontem,
US$ 1,45 bilhão -ou 91% do débito- já havia sido renovado.
A rolagem desses papéis levou
forte tensão ao mercado na terça-feira. O BC não concluiu os leilões
de "swap" pois não aceitou pagar
as taxas superiores a 50% pedidas
pelo mercado. Na quarta-feira, a
operação se concretizou a taxas
mais aceitáveis, entre 28% e 37%.
Ontem, elas ficaram em torno dos
30%, mais baixas, portanto.
Foram oferecidos diferentes lotes de papéis, com vencimentos
em outubro, em novembro e em
dezembro. Não é possível comparar os juros pedidos ontem com
operações realizadas em meses
anteriores porque cada uma delas
envolve tamanhos de lotes diferentes, com prazos diferentes.
Além disso, a formação do preço
para a operação envolve expectativas para o comportamento do
câmbio, dos juros e do risco-país.
Segundo analistas, o resultado
de ontem reflete a atitude correta
do BC de não ter aceitado pagar as
taxas abusivas de terça-feira.
Os juros pedidos pelo mercado
naquela ocasião surpreenderam
os analistas, uma vez que no mesmo dia foi divulgada pesquisa
eleitoral apontando melhora no
desempenho de José Serra
(PSDB). Serra é o candidato do
governo e do mercado, que é
avesso a mudanças e o associa à
continuidade da atual política
econômica. A notícia agradou
porque, há poucos dias, ele chegou a ser considerado fora da disputa.
O dólar pode sofrer nova pressão hoje, último dia útil do mês e
quando será definida a formação
do Ptax (preço médio do dólar,
medido diariamente pelo BC). A
taxa é usada para balizar os vencimentos de contratos do mercado
futuro. Assim, ocorre uma disputa entre os "vendidos" (que se beneficiam com a queda do dólar) e
os "comprados" (que apostam na
valorização). Cada um tenta adequar a cotação a seu interesse.
"Passado esse vencimento amanhã [hoje" e se houver a confirmação de que Serra se mantém na
disputa eleitoral, acredito que o
mercado poderá melhorar sensivelmente", avalia Marcelo
Schmitt, do banco Lloyds TSB.
Em sua avaliação, os preços dos
ativos brasileiros estão muito baixos. "Há muitos investidores com
uma posição "vendida" para o Brasil. Se essa mudança de expectativa se confirmar, poderá começar a zeragem dessas posições."
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