São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

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EM TRANSE

Instituição obtém sucesso na venda de novos lotes de contratos de "swap" cambial; moeda dos EUA cai 1,54%

BC rola dívida e derruba dólar para R$ 3,07

ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central conseguiu dar continuidade à rolagem de dívida cambial que vence na segunda-feira e definiu nova baixa para o dólar ontem. A moeda norte-americana fechou vendida a R$ 3,072, em queda de 1,54%.
O mercado cambial iniciou o dia nervoso. O dólar chegou a subir 1,6%. Havia dúvidas sobre a capacidade de o BC realizar com tranquilidade uma nova etapa da operação de rolagem. Além disso, pela primeira vez o governo não conseguiu concretizar o leilão de linha de crédito para exportadores, o que aumentou o mal-estar.
Mas, no início da tarde, o BC anunciou o sucesso na venda de novos lotes de contratos de "swap" cambial para a rolagem da dívida. Esses contratos oferecem ao investidor um seguro contra a variação cambial.
Para segunda-feira há vencimentos de cerca de US$ 1,6 bilhão em dívida cambial. Até ontem, US$ 1,45 bilhão -ou 91% do débito- já havia sido renovado.
A rolagem desses papéis levou forte tensão ao mercado na terça-feira. O BC não concluiu os leilões de "swap" pois não aceitou pagar as taxas superiores a 50% pedidas pelo mercado. Na quarta-feira, a operação se concretizou a taxas mais aceitáveis, entre 28% e 37%. Ontem, elas ficaram em torno dos 30%, mais baixas, portanto.
Foram oferecidos diferentes lotes de papéis, com vencimentos em outubro, em novembro e em dezembro. Não é possível comparar os juros pedidos ontem com operações realizadas em meses anteriores porque cada uma delas envolve tamanhos de lotes diferentes, com prazos diferentes. Além disso, a formação do preço para a operação envolve expectativas para o comportamento do câmbio, dos juros e do risco-país.
Segundo analistas, o resultado de ontem reflete a atitude correta do BC de não ter aceitado pagar as taxas abusivas de terça-feira.
Os juros pedidos pelo mercado naquela ocasião surpreenderam os analistas, uma vez que no mesmo dia foi divulgada pesquisa eleitoral apontando melhora no desempenho de José Serra (PSDB). Serra é o candidato do governo e do mercado, que é avesso a mudanças e o associa à continuidade da atual política econômica. A notícia agradou porque, há poucos dias, ele chegou a ser considerado fora da disputa.
O dólar pode sofrer nova pressão hoje, último dia útil do mês e quando será definida a formação do Ptax (preço médio do dólar, medido diariamente pelo BC). A taxa é usada para balizar os vencimentos de contratos do mercado futuro. Assim, ocorre uma disputa entre os "vendidos" (que se beneficiam com a queda do dólar) e os "comprados" (que apostam na valorização). Cada um tenta adequar a cotação a seu interesse.
"Passado esse vencimento amanhã [hoje" e se houver a confirmação de que Serra se mantém na disputa eleitoral, acredito que o mercado poderá melhorar sensivelmente", avalia Marcelo Schmitt, do banco Lloyds TSB.
Em sua avaliação, os preços dos ativos brasileiros estão muito baixos. "Há muitos investidores com uma posição "vendida" para o Brasil. Se essa mudança de expectativa se confirmar, poderá começar a zeragem dessas posições."


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