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PRODUÇÃO EM TRANSE
Até julho, setor encolheu 3% em relação ao ano passado
Indústria de São Paulo não crescerá neste ano, diz Fiesp
DA REPORTAGEM LOCAL
A indústria paulista não crescerá neste ano, avalia a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), que não descarta a
possibilidade de a produção industrial no Estado encolher em
relação à registrada em 2001.
Nos primeiros sete meses deste
ano, a produção da indústria paulista já caiu 3% em relação ao
mesmo período do ano passado.
Em julho, a queda foi de 3,5% em
relação a julho de 2001.
Os dados são do INA (Indicador
do Nível de Atividade) e foram divulgados ontem pela diretora do
Departamento de Pesquisas da
Fiesp, Clarice Messer.
Segundo a diretora da instituição, é improvável que a indústria
consiga, nos próximos cinco meses, recuperar a queda registrada
até julho. "Os pedidos para a indústria estão muito fracos", diz.
Revendo projeções
No início deste ano, a previsão
da Fiesp era que a produção industrial das empresas paulistas
cresceria 2,5%. A previsão já havia
sido revista duas vezes: primeiro
para algo em torno de 1,5% a 2%;
depois, para 1%.
"Agora é provável que fiquemos
no zero a zero em relação ao ano
passado ou mesmo que haja um
desempenho negativo", afirma a
diretora da Fiesp.
Segundo Clarice, o fato de não
haver uma recuperação forte nos
pedidos preocupa porque o setor
começa a entrar agora no período
em que as empresas deveriam registrar os maiores níveis de produção e vendas do ano.
Os picos de produção da indústria ocorrem, geralmente, entre os
meses de agosto e outubro, quando as indústrias começam a se
preparar para atender aos pedidos de final de ano. "Mas não há
sinais de que isso já tenha começado a acontecer", afirma Clarice.
Ela faz a ressalva de que, devido
à crise, os pedidos podem começar mais tarde, já que as empresas
poderiam esperar um pouco mais
para avaliar melhor a conjuntura
econômica. Mas, lembra Clarice,
uma recuperação dos pedidos no
final do ano pode não trazer muito alento para a indústria.
"Há a possibilidade de que estejamos lidando com um descolamento no tempo da procura pelos
produtos. Mas isso tem um efeito
colateral: as empresas podem não
conseguir atender aos pedidos se
houver uma concentração no fim
do ano", explica Clarice.
A produção da indústria chegou
a crescer um pouco, em termos
nominais, no mês de julho. Mas
todo o crescimento é explicado
por fatores sazonais. "De maneira
geral, tivemos aumento em julho,
mas isso não foi um sinal de que
tenha havido recuperação", diz a
diretora da Fiesp.
Cenários ruins
Os resultados ruins da indústria
paulista foram divulgados depois
de o presidente do Banco Central,
Armínio Fraga, ter desenhado um
cenário mais pessimista que o anteriormente previsto pelo BC. Segundo ele, a economia brasileira
deverá crescer 1% neste ano.
Na quarta-feira, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), instituição ligada ao governo,
também havia alterado sua projeção de crescimento para este ano.
Segundo as projeções do instituto, o PIB (Produto Interno Bruto -soma dos valores dos serviços e bens finais produzidos na
economia) brasileiro crescerá
1,7% em 2002 -a projeção anterior era de crescimento de 2%. Segundo o Ipea, a indústria brasileira crescerá apenas 0,4% em 2002.
Na avaliação de Clarice, a indústria paulista deverá ter um desempenho pior do que a média brasileira devido à alta concentração
industrial em São Paulo.
"A indústria paulista entra antes
na crise, sente os efeitos da retração primeiro. Mas também é a indústria que começa a se recuperar mais rápido quando a conjuntura melhora", afirma.
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