São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

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PRODUÇÃO EM TRANSE

Até julho, setor encolheu 3% em relação ao ano passado

Indústria de São Paulo não crescerá neste ano, diz Fiesp

DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria paulista não crescerá neste ano, avalia a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que não descarta a possibilidade de a produção industrial no Estado encolher em relação à registrada em 2001.
Nos primeiros sete meses deste ano, a produção da indústria paulista já caiu 3% em relação ao mesmo período do ano passado. Em julho, a queda foi de 3,5% em relação a julho de 2001.
Os dados são do INA (Indicador do Nível de Atividade) e foram divulgados ontem pela diretora do Departamento de Pesquisas da Fiesp, Clarice Messer.
Segundo a diretora da instituição, é improvável que a indústria consiga, nos próximos cinco meses, recuperar a queda registrada até julho. "Os pedidos para a indústria estão muito fracos", diz.

Revendo projeções
No início deste ano, a previsão da Fiesp era que a produção industrial das empresas paulistas cresceria 2,5%. A previsão já havia sido revista duas vezes: primeiro para algo em torno de 1,5% a 2%; depois, para 1%.
"Agora é provável que fiquemos no zero a zero em relação ao ano passado ou mesmo que haja um desempenho negativo", afirma a diretora da Fiesp.
Segundo Clarice, o fato de não haver uma recuperação forte nos pedidos preocupa porque o setor começa a entrar agora no período em que as empresas deveriam registrar os maiores níveis de produção e vendas do ano.
Os picos de produção da indústria ocorrem, geralmente, entre os meses de agosto e outubro, quando as indústrias começam a se preparar para atender aos pedidos de final de ano. "Mas não há sinais de que isso já tenha começado a acontecer", afirma Clarice.
Ela faz a ressalva de que, devido à crise, os pedidos podem começar mais tarde, já que as empresas poderiam esperar um pouco mais para avaliar melhor a conjuntura econômica. Mas, lembra Clarice, uma recuperação dos pedidos no final do ano pode não trazer muito alento para a indústria.
"Há a possibilidade de que estejamos lidando com um descolamento no tempo da procura pelos produtos. Mas isso tem um efeito colateral: as empresas podem não conseguir atender aos pedidos se houver uma concentração no fim do ano", explica Clarice.
A produção da indústria chegou a crescer um pouco, em termos nominais, no mês de julho. Mas todo o crescimento é explicado por fatores sazonais. "De maneira geral, tivemos aumento em julho, mas isso não foi um sinal de que tenha havido recuperação", diz a diretora da Fiesp.

Cenários ruins
Os resultados ruins da indústria paulista foram divulgados depois de o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, ter desenhado um cenário mais pessimista que o anteriormente previsto pelo BC. Segundo ele, a economia brasileira deverá crescer 1% neste ano.
Na quarta-feira, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), instituição ligada ao governo, também havia alterado sua projeção de crescimento para este ano.
Segundo as projeções do instituto, o PIB (Produto Interno Bruto -soma dos valores dos serviços e bens finais produzidos na economia) brasileiro crescerá 1,7% em 2002 -a projeção anterior era de crescimento de 2%. Segundo o Ipea, a indústria brasileira crescerá apenas 0,4% em 2002.
Na avaliação de Clarice, a indústria paulista deverá ter um desempenho pior do que a média brasileira devido à alta concentração industrial em São Paulo.
"A indústria paulista entra antes na crise, sente os efeitos da retração primeiro. Mas também é a indústria que começa a se recuperar mais rápido quando a conjuntura melhora", afirma.


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