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JUSTIÇA
Família processa Andersen
BBVA vê oportunismo na ação dos Nasser
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O BBVA (Banco Bilbao Vizcaya
Argentaria) classificou ontem como ""oportunista e grosseira" a
decisão da família do ex-banqueiro Ezequiel Nasser, antiga controladora do Excel-Econômico, de
ingressar com ação na Justiça dos
EUA contra a empresa de auditoria Arthur Andersen. Os Nasser
requerem indenização de US$
346 milhões da empresa.
Na ação, aberta na segunda na
Corte Federal de Manhattan, em
Nova York, os ex-controladores
do Excel acusam a Andersen de
emitir relatórios supostamente
fraudulentos que teriam depreciado o valor do banco durante a
venda para o BBVA, em 1998.
Em declarações à imprensa espanhola, um dos porta-vozes do
BBVA afirmou que, para o banco,
o processo não ""parece outra coisa senão uma tentativa oportunista e grosseira de aproveitar-se da
situação que a companhia (Andersen) atravessa nos EUA".
É uma referência aos processos
que envolvem a Arthur Andersen,
principalmente no escândalo
contábil que levou à concordata
da Enron. A Andersen era responsável pela auditoria das contas da empresa de energia. O teor
das declarações foram confirmadas pela assessoria do BBV (a denominação do BBVA no Brasil).
Javier Ayuso, diretor-geral de comunicação do BBVA, em Madri,
se negou a fazer comentários.
""Isso não é verdade. Se fosse um
processo oportunista não teríamos entrado com ação desde
2000 no Brasil contra o BBV e o
Banco Central requerendo a anulação da venda do banco", disse
Deborah Srour, advogada responsável, nos EUA, pela ação
contra a auditora. ""A situação
oportunista surgiu pela má conduta da Andersen que afetou não
apenas meus clientes, como a sustentabilidade de várias empresas
americanas", completou.
Ré
Na ação que corre na Justiça
americana, apenas a Andersen
aparece como ré.
Ela fora a consultoria contratada pelo BBVA para conduzir o
processo de avaliação do Excel e
estipular um preço para compra.
Na ação, os advogados da família Nasser afirmam que, em dezembro de 97, a consultoria que
atendia o Excel, a Deloitte Touche
Tohmatsu, estipulava que o banco tinha ativos de R$ 535,9 milhões. Seis meses mais tarde, a
Andersen apontava que o Excel
apresentava patrimônio líquido
negativo de R$ 583,7 milhões.
No documento contra a Andersen, o BBV é citado como participante do ""conluio" para forçar a
venda do banco. São mencionados ainda a diretora de fiscalização do BC, Tereza Grossi, e o ex-diretor Cláudio Mauch, referidos
""como representantes do BC que
ameaçaram liquidar o (Excel) caso não fosse vendido".
Em entrevista à Folha, anteontem, Grossi afirmou que apenas
cumpriu a lei.
Compensação
Para a direção do BBV, ""os denunciantes (a família Nasser) pretendem mediante a apresentação
de uma versão radicalmente falsa
do ocorrido em 1998, envolver o
BBVA e altos funcionários do BC
brasileiro para conseguir uma
compensação econômica".
""Além do processo que movemos contra o BBVA e os diretores
do BC esperamos que o juiz que
investiga o BBVA na Espanha
também se interesse pelo nosso
caso e nos procure para obter
mais informações", disse Srour.
Em abril, a Justiça espanhola
abriu processo criminal para investigar evidências de que o banco teria usado contas secretas em
paraísos fiscais. O desvio seria de
US$ 200 milhões.
Ezequiel Nasser e demais ex-controladores do Excel respondem a processo na 17ª Vara Federal em Salvador por formação de
quadrilha e saques ilegais. A ação
foi movida pelo Ministério Público com base em relatório de fiscalização do BC. Pelo processo, em transações forjadas no primeiro semestre de 1998, foram entregues US$ 124 milhões em empréstimos duvidosos a 15 empresas.
Sobre este caso os representantes da família não se pronunciaram.
Com agências internacionais
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