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APLICAÇÕES
Durante seis meses, a categoria teve fuga de recursos; saldo acumulado neste mês está positivo em R$ 65 mi
Fundo de ação tem mais depósito que saque
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de seis meses de fuga de
recursos, os fundos de ações voltaram a registrar mais aplicações
do que resgates. No mês de agosto, até o dia 27, essa categoria
apresentou captação líquida de
R$ 65 milhões, conforme dados
do site Fortuna.
Ao longo de 2002, cerca de R$
679,4 milhões saíram dos fundos
de ações. O valor que entrou em
agosto representa um acréscimo
de 0,36% no patrimônio da categoria, que atualmente é de R$
18,590 bilhões.
Segundo profissionais do mercado, os aportes estão sendo feitos
tanto por pessoas físicas como
por investidores institucionais, a
exemplo dos fundos de pensão.
Um dos motivos apontados pelos analistas para a volta dos investidores é que a cotação das
ações, historicamente, está num
ponto muito baixo.
No final de julho, exemplifica
Antonio Manuel Caieiro, gerente
geral da Sul América Investimentos, o valor do Ibovespa (Índice da
Bolsa de Valores de São Paulo),
em dólares, estava menor que o
apurado no fim de janeiro de
1999, após a mudança no regime
cambial e de o real ter sofrido forte desvalorização: US$ 2.900 contra US$ 4.120, respectivamente.
O raciocínio do investidor é
que, ao comprar num ponto tão
baixo, mesmo que o mercado demore para reagir, o risco de perder uma parte do principal torna-se pequeno.
A queda nas projeções dos juros
no mercado futuro, observada
nos últimos dias, também é outro
fator de atração. "A Bolsa sempre
responde positivamente quando
as taxas de juros caem no mercado futuro", afirma Renato Russo,
vice-presidente da Sul América
Investimentos.
Segundo Walter Mendes, diretor da Schroder Brasil, além da redução da taxa nominal de juros, o
investidor ainda está observando
que a taxa real, que é o que sobra
depois de descontada a inflação,
também está caindo.
Na última reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária),
realizada semana passada, o Banco Central adotou o chamado viés
de baixa, que permite ao presidente da instituição, a qualquer
momento, reduzir a taxa básica
de juros da economia, hoje em
18% ao ano. Já as previsões de inflação vêm aumentando. A expectativa do mercado é que o IPCA fique em torno de 6,5% neste ano,
acima do teto da meta fixada pelo
governo (5,5%).
Também há uma sensação no
mercado de que o pico do estresse
já passou. "Está cada vez mais consolidada a idéia de que, qualquer que seja o próximo presidente da República, ele manterá os pilares da atual política econômica", afirma Mendes. "O medo de que o governo não consiga rolar a dívida pública em reais está se dissipando."
Rentabilidade
De acordo com dados do site Fortuna, até o dia 27 os fundos de ações estavam com rentabilidade média de 2,4% em agosto. É o segundo mês com rendimento positivo no ano. Até ontem, o Ibovespa estava com valorização no mês de 7,1%
Apesar do fluxo positivo nos fundos e da valorização das ações em agosto, os analistas dizem que ainda é cedo para falar em tendência coerente de alta para a Bolsa. Para isso acontecer, a volta do investidor estrangeiro seria essencial e a expectativa é que isso só aconteça depois que o novo presidente tomar posse e mostrar como será o seu programa de governo.
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