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Congressistas argentinos pediram suborno a bancos
THOMAS CATAN
DO "FINANCIAL TIMES", EM BUENOS AIRES
Membros do Congresso argentino solicitaram suborno a bancos
estrangeiros que operam no país.
Em troca, foi ofertado o bloqueio
de um controvertido projeto de
lei que poderia lhes custar centenas de milhões de dólares, de
acordo com banqueiros e diplomatas entrevistados pelo "Financial Times"
O pedido -supostamente rejeitado pelos bancos- foi feito
pouco mais de duas semanas
atrás, pouco antes que o Senado
aprovasse por unanimidade o
projeto de lei em questão, que
reinstitui um imposto de 2% suspenso anos atrás, sobre os juros e
comissões auferidos pelos bancos.
Trabalho e propina
O projeto, que ainda precisa ser
votado pela câmara baixa do Parlamento, foi redigido pelo senador José Luís Barrionuevo, um ex-líder sindical notório por ter dito
que "na Argentina ninguém ganha dinheiro trabalhando".
Em maio, Barrionuevo conclamou os argentinos a "sair às ruas
destruindo bancos". No entanto,
não há indícios de que ele estivesse envolvido no suposto pedido
de suborno.
De acordo com banqueiros e diplomatas, a Associação dos Bancos Argentinos (ABA) foi contatada por uma pessoa conhecida da
organização, que apresentou uma
proposta de bloquear o projeto de
lei em troca do pagamento de
uma quantia não especificada.
As fontes dizem que a ABA rejeitou a proposta. A associação representa os maiores bancos estrangeiros operando na Argentina, entre os quais Citigroup,
HSBC, FleetBoston, Deutsche
Bank, JP Morgan e os espanhóis
Santander Central Hispano e
BBVA.
Corrupção negada
Mario Vicens, presidente da
ABA, negou vigorosamente ter
recebido a proposta. "Não vi ou
soube que ninguém estivesse tentando solicitar suborno aos bancos para evitar quaisquer leis",
disse o executivo. "A única coisa
que penso a respeito é que houve
um mal-entendido", afirma.
Vicens disse que a alegação pode complicar as sensíveis negociações entre a ABA e os congressistas argentinos, que estudam diversas propostas que podem prejudicar seriamente os bancos estrangeiros.
Entre elas há uma proposta que
tornaria os acionistas estrangeiros de bancos argentinos legalmente responsáveis por depósitos
locais, o que uma análise interna
da ABA diz "representar risco
material para as operações de
bancos estrangeiros na Argentina".
"Ação imediata deve ser tomada para impedir que a proposta se
torne lei", aconselham os advogados da ABA.
Reunião com embaixadores
Em uma reunião com os embaixadores dos Estados Unidos e do
Reino Unido, em 16 de agosto, em
Buenos Aires, os executivos dos
bancos se queixaram das medidas
em discussão no Congresso e comentaram a respeito das acusações de suborno.
A imprensa argentina diz que
James Walsh, o embaixador norte-americano, a seguir mencionou o assunto em reunião com o
ministro do Exterior argentino,
Carlos Ruckauf.
O esforço de lobby de alto nível
dos bancos parece ter dado frutos.
Eduardo Amadeo, porta-voz do
presidente, disse que o governo
"não aceitaria" as propostas previstas em projeto de lei.
No entanto, não estava claro de
que maneira seria resolvido o ruidoso problema entre o governo e
o Congresso argentinos e os bancos estrangeiros.
Tradução de Paulo Migliacci
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