UOL


São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RECEITA ORTODOXA

União, Estados, municípios e estatais deviam R$ 877 bi em julho

Dívida do governo atinge o maior nível desde outubro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os gastos com juros e a queda da inflação fizeram a dívida pública atingir, no mês passado, o nível mais elevado desde outubro de 2002, segundo o Banco Central. O endividamento da União, Estados, municípios e estatais atingiu R$ 877,157 bilhões, valor equivalente a 57% do PIB (Produto Interno Bruto).
A comparação entre a dívida e o total de riquezas produzidas pelo país é uma das maneiras mais usadas por analistas para verificar a capacidade de o governo continuar honrando seus compromissos. Quanto maior a proporção, maiores as dúvidas em relação à solvência do setor público.
No final do ano passado, pouco antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a relação entre dívida e PIB estava em 56,5%. De lá para cá, a variação do dólar, os gastos com juros e a queda da inflação foram os fatores que mais influenciaram no endividamento do governo.
Entre janeiro e julho, o setor público gastou R$ 89,257 bilhões com juros. Porém o dinheiro economizado no período (o chamado superávit primário) ficou em R$ 44,329 bilhões -menos da metade do total gasto com os juros, portanto. A diferença foi financiada por meio de novos empréstimos, que aumentaram a proporção entre dívida e PIB em 2,92 pontos percentuais.

Positivo e negativo
O movimento do câmbio, por sua vez, teve impacto positivo sobre a dívida. Depois da disparada ocorrida no ano passado, o recuo observado nos últimos meses colaborou para reduzir a relação entre dívida e PIB em 3,71 pontos.
Já a inflação puxou essa relação para cima, devido a um efeito estatístico decorrente da maneira usada pelo Banco Central para calcular seus dados. No Brasil, o órgão responsável pelo cálculo do PIB é o IBGE, que o faz a cada três meses.
Como os números da dívida são divulgados mensalmente, o Banco Central faz algumas estimativas com base nos dados do IBGE. Nessas estimativas, os valores oficiais do PIB são corrigidos pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços -Disponibilidade Interna).
Entre janeiro e julho, o IGP-DI registrou alta de apenas 4,31%. Em 2002, o índice subiu 26,41%. O resultado é que, com a queda da inflação, o PIB usado pelo Banco Central também encolheu, de R$ 1,559 trilhão em dezembro do ano passado para R$ 1,539 trilhão no mês passado.
Com um PIB menor, a relação entre dívida e PIB sobe, mesmo que a dívida não cresça muito. Entre janeiro e julho, a queda da inflação resultou no aumento de 0,73 ponto percentual na proporção, de acordo com estimativa do Banco Central.


Texto Anterior: Luís Nassif: As fontes na economia
Próximo Texto: Frase
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.