São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2004

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Alta do petróleo diminuirá ritmo recorde de recuperação econômica

DE WASHINGTON

O FMI aumentou ontem a previsão de crescimento mundial em 2004 para 5%, a maior taxa em 30 anos. Ao mesmo tempo, o Fundo alertou de que a tendência de alta nos preços do petróleo diminuirá o ímpeto da atual recuperação.
A última vez em que o mundo cresceu no ritmo atual foi em 1984, quando atingiu 4,8%.
Para 2005, o Fundo prevê uma taxa de 4,3% -0,1 ponto abaixo da projeção feita em abril passado. Mesmo assim, o ritmo continuará acima dos níveis históricos.
Raghuram Rajan, economista-chefe do FMI, qualificou como "muito fortes" os resultados previstos para os dois anos.
Os dados foram apresentados durante a reunião anual do FMI, em Washington. O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, participam do encontro a partir de hoje.
O impacto do petróleo em alta, segundo Rajan, deve afetar "moderadamente" os níveis de inflação e crescimento nas economias desenvolvidas. "Em países emergentes [como o Brasil], o impacto tende a ser maior", disse.
Nesta semana, o preço do barril do petróleo chegou a atingir US$ 50. Segundo cálculos do Fundo, cada aumento de US$ 5 no preço do barril retira 0,3 ponto percentual do crescimento global.
Os emergentes devem ser afetados tanto pelo preço do petróleo quanto por um aumento, que espera-se "gradual", nos níveis de juros nas economias avançadas, sobretudo nos EUA.
Depois do temor de deflação no início do ano passado, o FMI puxou para cima todas as previsões de inflação nas economias avançadas e emergentes.
Rajan afirmou que os bancos centrais de países em desenvolvimento devem se manter "vigilantes" para evitar pressões inflacionárias. O economista elogiou a decisão do Brasil de aumentar recentemente a taxa de juro básica em 0,25 ponto percentual.
Rajan disse ainda que os emergentes devem aproveitar a "robusta recuperação" atual para aprofundar reformas e "aumentar a margem de manobra" para enfrentar crises no futuro.
Para o FMI, o alto endividamento, que tende a piorar com juros maiores, continua sendo o calcanhar-de-aquiles dos emergentes.
Mais uma vez, o crescimento mundial vem sendo puxado em boa medida pelo desempenho dos EUA, que deve crescer 4,3% neste ano e 3,5% em 2005.
China e Índia, com taxas em 2004 de 9% e 6,4%, respectivamente, puxando a média global.
Pela primeira vez em uma década, o Japão também apresentará resultado bastante positivo e crescerá 4,4% neste ano. O ritmo deve diminuir em 2005, para 2,3%.
Entre as economias desenvolvidas, a União Européia continuará com um desempenho bem abaixo da média mundial, com previsão de crescimento de 2,2% tanto neste quanto no próximo ano. O resultado, porém, é bem melhor do que os 0,8% e 0,5%, respectivamente, de 2002 e 2003.
Na América Latina, o crescimento previsto é de 4,6% para este ano e de 3,6% em 2005.
Boa parte da recuperação atual é atribuída a um aumento do comércio mundial, que deve crescer 8,8% neste ano e 7,2% em 2005. Em 2002 e 2003, o ritmo do comércio havia subido 3,3% e 5,1%, respectivamente. (FCz)


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