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Alta do petróleo diminuirá ritmo
recorde de recuperação econômica
DE WASHINGTON
O FMI aumentou ontem a previsão de crescimento mundial em
2004 para 5%, a maior taxa em 30
anos. Ao mesmo tempo, o Fundo
alertou de que a tendência de alta
nos preços do petróleo diminuirá
o ímpeto da atual recuperação.
A última vez em que o mundo
cresceu no ritmo atual foi em
1984, quando atingiu 4,8%.
Para 2005, o Fundo prevê uma
taxa de 4,3% -0,1 ponto abaixo
da projeção feita em abril passado. Mesmo assim, o ritmo continuará acima dos níveis históricos.
Raghuram Rajan, economista-chefe do FMI, qualificou como
"muito fortes" os resultados previstos para os dois anos.
Os dados foram apresentados
durante a reunião anual do FMI,
em Washington. O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) e o
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, participam
do encontro a partir de hoje.
O impacto do petróleo em alta,
segundo Rajan, deve afetar "moderadamente" os níveis de inflação e crescimento nas economias
desenvolvidas. "Em países emergentes [como o Brasil], o impacto
tende a ser maior", disse.
Nesta semana, o preço do barril
do petróleo chegou a atingir US$
50. Segundo cálculos do Fundo,
cada aumento de US$ 5 no preço
do barril retira 0,3 ponto percentual do crescimento global.
Os emergentes devem ser afetados tanto pelo preço do petróleo
quanto por um aumento, que espera-se "gradual", nos níveis de
juros nas economias avançadas,
sobretudo nos EUA.
Depois do temor de deflação no
início do ano passado, o FMI puxou para cima todas as previsões
de inflação nas economias avançadas e emergentes.
Rajan afirmou que os bancos
centrais de países em desenvolvimento devem se manter "vigilantes" para evitar pressões inflacionárias. O economista elogiou a
decisão do Brasil de aumentar recentemente a taxa de juro básica
em 0,25 ponto percentual.
Rajan disse ainda que os emergentes devem aproveitar a "robusta recuperação" atual para
aprofundar reformas e "aumentar a margem de manobra" para
enfrentar crises no futuro.
Para o FMI, o alto endividamento, que tende a piorar com juros
maiores, continua sendo o calcanhar-de-aquiles dos emergentes.
Mais uma vez, o crescimento
mundial vem sendo puxado em
boa medida pelo desempenho
dos EUA, que deve crescer 4,3%
neste ano e 3,5% em 2005.
China e Índia, com taxas em
2004 de 9% e 6,4%, respectivamente, puxando a média global.
Pela primeira vez em uma década, o Japão também apresentará
resultado bastante positivo e crescerá 4,4% neste ano. O ritmo deve
diminuir em 2005, para 2,3%.
Entre as economias desenvolvidas, a União Européia continuará
com um desempenho bem abaixo
da média mundial, com previsão
de crescimento de 2,2% tanto neste quanto no próximo ano. O resultado, porém, é bem melhor do
que os 0,8% e 0,5%, respectivamente, de 2002 e 2003.
Na América Latina, o crescimento previsto é de 4,6% para este ano e de 3,6% em 2005.
Boa parte da recuperação atual é
atribuída a um aumento do comércio mundial, que deve crescer
8,8% neste ano e 7,2% em 2005.
Em 2002 e 2003, o ritmo do comércio havia subido 3,3% e 5,1%,
respectivamente.
(FCz)
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