São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2004

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NA CONTRAMÃO

Para Cláudio Vaz, presidente do Ciesp, escolha do governo abandona crescimento interno

Política monetária está errada, diz Vaz

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao deixar reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o novo presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Claudio Vaz, disse que a política monetária atual está "abandonando o crescimento do mercado interno".
"O governo acredita que esse é o bom caminho. Nós, como indústria, temos segurança que esse caminho não é bom", completou Vaz, ao deixar ontem o Palácio do Planalto.
Para Vaz, o momento atual da economia é "mais favorável" que outros. "Se vamos aproveitar ou não, depende desse ajuste fino da política monetária."
"Os investimentos em alguns setores estão retornando. Não é um aumento bárbaro, mas eles estão retornando, e a produção de bens de capital mostra isso. A falha fica sendo o consumo do cotidiano das famílias", disse o presidente do Ciesp, que tomou posse na segunda-feira.
Para ele, "não há ninguém no Brasil que possa apoiar essa taxa de juros" -a taxa básica está hoje em 16,25% ao ano. A carga tributária no país, disse Vaz, limita os negócios: "Isso é uma unanimidade nacional."
"O governo tem uma estratégia diferente. Nós acreditamos que a estratégia não é certa, mas a respeitamos até porque ela agora vai ser colocada à prova. O aumento do superávit primário permite que o governo possa reduzir os juros. O aumento dos juros e o aumento do superávit primário trazem um constrangimento para o mercado interno."
Vaz disse que o encontro com Lula foi bastante cordial. Durante a eleição da presidência do sistema Fiesp/Ciesp, que antes tinha um único presidente, o governo apoiou a chapa de Paulo Skaf, que elegeu-se presidente da Fiesp.
Quanto à pesquisa do Banco Mundial, que diz que 51% dos empresários já pagaram propinas para diversos níveis de governo, Vaz afirmou que o número é elevado. "No ramo em que atuo, o de autopeças, isso me parece extremamente alto."


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