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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Sem pacote, PIB cresce só 2% em 2009, diz LCA
Se o pacote americano de salvação das instituições financeira não for mesmo aprovado pelo Congresso, a recessão será
mais forte do que se imaginava
e o Brasil só crescerá 2% em
2009 e 2,9% em 2010, segundo
cálculos feitos ontem pela LCA
Consultores Associados. Em
2008, o crescimento do PIB será de 4,8%.
Já se o pacote for aprovado, o
quadro é completamente diferente. O PIB do Brasil cresce
3,7% em 2009 e 4,4% em 2010.
Para este ano, a taxa de crescimento do PIB fica em 5,1%. A
esse cenário, chamado de básico, a LCA atribuiu 65% de
chances de se confirmar. Em
relação ao outro cenário, batizado de adverso, as probabilidades são de 35% de se efetivar.
Segundo Francisco Pessoa,
da LCA, no caso de o pacote
americano não ser mesmo
aprovado, irá ocorrer uma série
de fatores econômicos adversos que afetarão o Brasil de diversas formas. O crédito vai ficar ainda mais escasso, a aversão ao risco aumenta e as exportações sofrem uma queda
significativa, entre outras conseqüências negativas.
Tudo isso, na opinião de
Francisco Pessoa, vai representar um aumento da pressão inflacionária e obrigar o Banco
Central a elevar os juros num
patamar acima do previsto.
No cenário adverso, a taxa
básica de juros sobe para
16,25% neste ano, quando no
cenário básico a previsão é que
feche 2008 em 14,75%.
"No cenário adverso, a recessão será mais profunda e mais
longa", diz Francisco Pessoa.
O relatório de inflação divulgado ontem pelo Banco Central
contém, de forma bastante clara, esse alerta a respeito dos riscos sobre a inflação no caso de
uma desvalorização do câmbio.
De acordo com a LCA, no cenário adverso, a inflação fecha
este ano em 6,7%, e, no ano que
vem, em 5,1%, apesar da alta
dos juros.
Já no cenário básico, as previsões para a inflação são de
6,3% para este ano e 4,6% para
2009.
De qualquer forma, a expectativa da LCA é que o pacote seja aprovado nos próximos dias.
"A Câmara só está cobrando
mais caro", diz Pessoa. "Agora,
se não for aprovado, o contágio
financeiro será muito maior e a
recessão será maior e mais prolongada."
O Brasil, segundo a LCA, terá
mais dificuldades em financiar
o déficit em conta corrente no
cenário adverso. O déficit em
transações correntes fecharia
em US$ 28,6 bilhões neste ano
e em US$ 20 bilhões em 2009.
MINGAU
Será do Brasil que a PeraltaStrawberyFrog vai cuidar
da recém conquistada conta
da Quaker no México. O
mercado de aveia mexicano
movimenta US$ 107 milhões, quase o triplo do brasileiro, com US$ 40 milhões.
A agência brasileira é a base
na América Latina da StrawberryFrog, que tem também
escritórios em Londres e em
Nova York. Além da Quaker
no México, a PeraltaStrawberryFrog é a agência da Natura, Toddy e outros.
EM FUGA
De acordo com o Banco do
Brasil, aumentou a procura,
nas agências do banco em
Londres e em Nova York, de
empresas brasileiras autorizadas pelo Banco Central a
manter conta no exterior. O
Banco do Brasil afirma que
começou uma migração das
companhias que tinham
contas em outros bancos para a instituição brasileira.
Segundo o BB, esse movimento se intensificou, principalmente, desde o início
do mês de setembro.
MÃO-DE-OBRA
A Fiemg (Federação das
Indústrias de Minas Gerais),
que mantém um programa
para treinar mão-de-obra
especializada, ganhou adesão da Fiat, da V&S e da
MMX. Vale, CSN, Anglo Ferrous, Samarco, FCA e Rio
Doce Manganês também
participam do projeto. Os
investimentos dessas corporações em MG somam R$ 48
bilhões nos próximos cinco
anos. Pelo menos 60 mil
profissionais devem ser treinados pela Fiemg.
NO ESPELHO
O Brasil passou a ser o
quarto país no ranking por
faturamento da L'Occitane,
atrás do Japão, dos EUA e da
França. Há cerca de um ano,
o país estava em sétimo lugar. Para fortalecer a presença no Brasil, haverá expansão de lojas, reformas
nos pontos-de-venda e lançamento de produtos. Entre
os focos, estão cosméticos
para cuidados faciais -em
seis meses, esses produtos
devem representar 12% do
volume de vendas no país.
Não existe problema de falta de crédito do Brasil, diz Barbosa
O presidente da Febraban e
do Real/Santander, Fábio Barbosa, afirma que não existe nenhum problema de crédito no
Brasil. O que aconteceu, segundo ele, foi uma escassez de financiamentos externos, mas as
linhas internas estão funcionando normalmente. Ele admite, no entanto, que o custo do
dinheiro está maior. "As taxas
de juros estão subindo, mas não
há problema nenhum de falta
de crédito", afirma.
Para Barbosa, hoje é muito
difícil fazer qualquer prognóstico do desenrolar da crise depois da rejeição ao pacote de
salvação das instituições americanas. Ele acha que, agora,
não há muito o que fazer, apenas acompanhar os próximos
passos da crise. "O Brasil está a
reboque dessa crise e não tem
muito o que fazer", diz. A crise
está concentrada hoje nos Estados Unidos e na Europa.
Segundo Barbosa, o que se se
tem que fazer agora é mesmo ir
apagando alguns incêndios que
forem aparecendo aqui e ali.
Mas, segundo ele, o Banco
Central está atento e adotando
as medidas necessárias. "A situação do Brasil ainda é privilegiada."
INSEGURANÇA
Carlos Mancusi, dono da Titanium, de serviços de vigilância e segurança privada, que diz que a greve da Polícia Civil no Estado de São Paulo, iniciada no dia 16, alavanca negócios no mercado da segurança privada; "muitas vezes o cliente já tinha decidido buscar o serviço, mas ficava adiando; com a greve, a decisão é antecipada"; em 2008, a empresa cresceu 40%
DURA LIÇÃO
Em meio às convulsões de
Wall Street, escolas de negócios dos EUA, como MIT e
Harvard, tentam tirar uma lição. Até mudanças nos currículos começam a ser cogitadas
para preparar os futuros profissionais, segundo o "Boston
Globe". Para William Eid Junior, da FGV, deve haver mudança na cultura de bônus, cujos valores astronômicos têm
sido combatidos em negociações no Congresso dos EUA
sobre o pacote de US$ 700 bilhões. "Os bônus milionários
devem acabar." No Brasil, diz
Junior, o currículo não deve
sofrer alterações porque uma
das grandes lições a tirar desta
crise é a governança, que já tinha força na pauta de escolas
brasileiras. "Nós já discutíamos muito a governança porque o nosso Novo Mercado é
recente." Deve ser criada uma
nova relação entre acionistas e
administradores, sem expectativa de bônus espetaculares,
afirma Junior.
com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI
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