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Fracasso político para aprovar pacote nos EUA aprofunda crise nos mercados
Base governista se revolta, e pacote é rejeitado; Bush se diz "frustrado"
Bolsa de NY tem pior perda em pontos
num dia; Bovespa pára pregão, volta e cai 9,36%
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A rejeição ao pacote do governo Bush de socorro aos mercados derrubou as Bolsas pelo
mundo e revelou um fracasso
de liderança política de dimensões quase tão grandes quanto
a crise econômica. Apesar do
apoio do governo, dos líderes
democratas e republicanos no
Congresso e dos principais candidatos à Presidência, o projeto
com ajuda de até US$ 700 bilhões às instituições financeiras caiu na Câmara com 228 votos contra e só 205 a favor.
O histórico fracasso político
aconteceu mesmo após um
acordo entre as cúpulas dos
partidos Democrata e Republicano, costurado durante o final
da semana e que recebeu o
apoio expresso dos candidatos
democrata Barack Obama e republicano John McCain.
O índice Dow Jones da Bolsa
de Nova York recuou 6,98% e
teve a pior queda de sua história em pontos num único dia.
No Brasil, a baixa foi de
9,36% na Bovespa, após a Bolsa
desabar 10,16% e acionar o "circuit break", sistema que interrompe os negócio por meia hora. Foi a primeira vez que isso
ocorreu desde 14 de janeiro de
1999, época da desvalorização
do real. O dólar quase bateu em
R$ 2,00, mas fechou a R$ 1,966,
com alta de 6,21%.
O petróleo caiu 9,84% e voltou a US$ 96,37 em Nova York,
arrastando as demais commodities e levando à baixa de até
15% nas ações da Petrobras.
O Fed (BC dos EUA) decidiu
dobrar para US$ 620 bilhões o
volume de dinheiro disponível
para noves BCs de Europa,
Austrália, Canadá e Japão.
Também triplicou para US$
225 bilhões os recursos disponíveis para os bancos.
Base governista
Na Câmara, a rejeição surpreendente ao pacote partiu
principalmente da base governista, de olho nas eleições para
a renovação da Casa em novembro. Surpresos também ficaram os líderes democratas,
maioria no Congresso, que
anunciaram horas antes que
havia um acordo.
"Estou desapontado com a
votação. Fizemos um plano que
era grande porque temos um
grande problema", disse o presidente Bush. O secretário do
Tesouro, Henry Paulson, disse
que os instrumentos à disposição do governo "eram significativos mas insuficientes" e repetiu várias vezes que era preciso
"fazer algo" e "rápido".
Dos 435 votos do Congresso,
140 democratas e 65 republicanos votaram a favor do plano,
ante respectivamente 95 e 133
que votaram contra. A Câmara
só deve voltar a se reunir na
quinta, e o Senado, amanhã, devido ao Ano Novo judaico, hoje.
Uma das hipóteses que as lideranças estudavam era que o Senado (onde o apoio ao pacote
parece ser mais forte) votasse o
projeto antes, colocando ainda
mais pressão nos deputados.
As Bolsas asiáticas abriram
hoje com forte queda. O índice
Nikkei, de Tóquio, recuava
4,64%, e Taiwan tinha queda de
6,04%. Em Hong Kong, a desvalorização era de 5,47%.
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