|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Republicanos e democratas se culpam
Por 12 votos, deputados federais do Partido Republicano, de Bush, deixam de aprovar pacote contra a crise financeira
Congressistas republicanos se disseram ofendidos pelo discurso da democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes
Ron Edmonds/Associated Press
|
|
O presidente George W. Bush, após pronunciamento sobre a votação do pacote no Congresso
DE WASHINGTON
Por 12 votos, a Câmara dos
Representantes (deputados federais) dos EUA não aprovou o
pacote pedido pelo governo.
Pois 12 era o número de congressistas republicanos ofendidos que disseram ao líder de
sua bancada, Roy Blunt, que
não votariam a favor da medida
por conta do teor do discurso
da presidente do Congresso, a
democrata Nancy Pelosi.
Na fala, que no início da noite
de ontem já estava sendo chamada de "O Discurso de US$
700 Bilhões", Pelosi abriu a sessão relembrando a gravidade
da crise econômica e instando
membros de ambos partidos a
votarem a favor da lei. Mas antes fez duras críticas à administração do republicano George
W. Bush e ao seu partido.
Os US$ 700 bilhões pedidos
"dão conta das políticas econômicas fracassadas da gestão de
Bush, políticas construídas sobre descuido orçamentário,
mentalidade de "vale-tudo",
sem regulação, sem supervisão,
sem disciplina no sistema. Os
democratas acreditam em livre
mercado, que pode criar e cria
empregos, riqueza e capital,
mas deixado a seu próprio comando só criou o caos".
"Ela envenenou a bancada
republicana com o discurso",
disse o líder da minoria republicana na Câmara, John Boehner, "e levou um número de
membros que nós pensávamos
que estavam conosco a desistir
de votar a favor." Dos 198 representantes do partido de
Bush que votaram ontem nessa
Casa, 133 foram contra a medida do governo, 38 a mais do que
os que escolheram "não" entre
a oposição democrata.
Indagada em entrevista à tarde se acreditava que seu discurso tinha custado o voto, Pelosi
riu e foi acudida pelo democrata Barney Frank, presidente do
comitê de serviços financeiros
da Câmara, que lidera as negociações em torno do pacote:
"Dê-me o nome das 12 pessoas", respondeu, irônico, "e eu
vou falar de maneira inusualmente simpática com elas".
Ambos os lados procuravam
uma desculpa para justificar o
fracasso. Os líderes faziam contas: "Nós conseguimos 65% dos
nossos votos, como prometemos", disse Pelosi, "e os republicanos não conseguiram nem
metade dos deles". Ela manteve
a sessão aberta meia hora além
do período regulamentar para
ver se o número de "nãos" diminuía. Em vão.
Pela manhã, assessores políticos de Bush e o próprio vice-presidente, Dick Cheney, "trabalharam os telefones", segundo o jargão local, em busca dos
votos rebeldes.
O líder da bancada na Câmara, Roy Blunt, chegou a reunir
em seu gabinete republicanos
que não concorrem à reeleição
neste ano -portanto seriam
menos prejudicados pelo voto
com o eleitorado- ou que estão
em grande vantagem nas disputas locais. De novo, em vão.
Enquanto o número de manifestações contrárias ao plano
não diminuir, é pouco provável
que se feche um acordo. A Câmara e o Senado não se reúnem
hoje devido às comemorações
do Ano Novo judaico.
(SÉRGIO DÁVILA)
Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: A crise dos mísseis financeiros Próximo Texto: Frase Índice
|