São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 2008

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Citi compra Wachovia por US$ 2,2 bi em operação com ajuda do governo dos EUA

DO ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

Com a participação crucial de Washington, o Citigroup comprou ontem por US$ 2,2 bilhões o Wachovia, o sexto maior banco dos EUA em ativos e um dos seus principais rivais no mercado americano.
Os ex-acionistas do Wachovia vão receber do Citigroup US$ 1 para cada um dos papéis que tinham do banco -e que valiam US$ 10 na sexta-feira.
O negócio elevou ainda mais a concentração e a estatização do sistema financeiro norte-americano após quebra, venda e federalização de uma série de instituições. O Citigroup, o Bank of America e o JPMorgan Chase agora detêm juntos cerca de um terço de todos os depósitos bancários do país.
Ao assumir as operações do Wachovia, o Citigroup se tornará o maior banco de varejo americano, com mais de US$ 600 bilhões em depósitos e 4.300 agências. Há anos, ele lutava para ampliar sua rede de agências e substituir sua dependência por depósitos de empresas, especialmente de fora dos Estados Unidos, por dinheiro de clientes comuns -considerados mais estáveis.
Agora, o Citigroup pretende fazer um lançamento de novas ações equivalente a US$ 10 bilhões para se recapitalizar. Desde o início da crise, há mais de um ano, o ele já assumiu cerca de US$ 50 bilhões em perdas e baixas contábeis (revisão do valor de ativos), ligadas especialmente ao setor imobiliário.
A compra do Wachovia foi fechada às 4h e teve participação fundamental da FDIC (órgão que garante operações do setor bancário dos EUA). O Citigroup só selou a compra depois que a FDIC concordou em absorver as perdas do Wachovia que superarem o teto de US$ 42 bilhões (a exposição total do Wachovia a créditos imobiliários é de US$ 312 bilhões).
Em contrapartida, a FDIC receberá US$ 12 bilhões em ações e garantias do banco. Embora a FDIC não passe a ter poder de voto nas decisões do Citigroup, o acordo transformou a entidade em uma das maiores acionistas do banco.
A FDIC justificou a operação dando a entender que o Wachovia simplesmente iria à falência caso não tivesse sido garantido um limite máximo de perdas para o comprador. "A ação foi necessária para manter a confiança no setor bancário no momento atual", afirmou em comunicado Sheila Bair, a chefe da FDIC.
O Wachovia era um dos bancos mais agressivos em sua política de atração de clientes e de empréstimos, principalmente para empresas consideradas médias.
Em uma dessas operações agressivas, ele comprou há dois anos a Golden West Financial, especializada em empréstimos imobiliários e que lhe trouxe uma série de prejuízos. (FCZ)


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