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Bolsas européias caem com problemas em bancos
PEDRO DIAS LEITE
DE LONDRES
O temor de que a crise bancária tenha atravessado o Atlântico e chegado com força à Europa derrubou ontem as principais Bolsas do continente, num
dia em que quatro instituições
tiveram de ser socorridas ou estatizadas. Isso tudo antes da decisão da Câmara dos EUA de rejeitar o pacote de US$ 700 bilhões, o que deve piorar ainda
mais o cenário já sombrio.
Os principais responsáveis
por mais um péssimo dia nos
mercados financeiros foram a
confirmação da nacionalização
do britânico Bradford & Bingley, especializado em empréstimos e hipotecas, e o resgate
do Fortis, um enorme banco
belgo-holandês que vinha enfrentando dificuldades.
Também contribuíram a nacionalização do Glitnir, um
banco islandês, e a ajuda de
35 bilhões (R$ 94 bilhões) do
governo alemão e de outras
instituições ao Hypo Real Estate, um dos maiores grupos imobiliários da Europa.
A Bolsa de Londres teve a
maior queda em um dia desde o
início do ano e caminha para
encerrar o pior mês desde 1987,
ano do crash dos mercados financeiros. Paris encerrou o dia
com queda de 5,04%, e Frankfurt recuou 4,23%.
As Bolsas européias já haviam fechado quando as piores
notícias do dia para o mercado
financeiro aconteceram. Com a
rejeição do pacote norte-americano ontem, o cenário para
hoje deverá ser ainda pior.
Analistas se dividiram sobre
a tendência daqui para a frente.
Alguns, como Robin Bew, da
Economist Intelligence Unit,
acham que é apenas o começo.
Outros, como Jane Croft, jornalista do "Financial Times",
afirmam que não deve haver
mais vítimas.
"A crise já atravessou o
Atlântico faz tempo. O endividamento no Reino Unido é
mais alto do que nos Estados
Unidos, a economia está mais
calibrada com o setor financeiro e os preços das casas estavam mais altos. A direção geral
é uma só: para baixo", afirmou
à Folha Charles Dumas, analista da consultoria Lombard
Street Research.
Apesar disso, ele acredita
que ainda é cedo para saber se
haverá novas quebras de bancos, mas lembra que "eles foram burros o bastante para se
exporem a papéis americanos".
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