São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 2008

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Bolsas européias caem com problemas em bancos

PEDRO DIAS LEITE
DE LONDRES

O temor de que a crise bancária tenha atravessado o Atlântico e chegado com força à Europa derrubou ontem as principais Bolsas do continente, num dia em que quatro instituições tiveram de ser socorridas ou estatizadas. Isso tudo antes da decisão da Câmara dos EUA de rejeitar o pacote de US$ 700 bilhões, o que deve piorar ainda mais o cenário já sombrio.
Os principais responsáveis por mais um péssimo dia nos mercados financeiros foram a confirmação da nacionalização do britânico Bradford & Bingley, especializado em empréstimos e hipotecas, e o resgate do Fortis, um enorme banco belgo-holandês que vinha enfrentando dificuldades.
Também contribuíram a nacionalização do Glitnir, um banco islandês, e a ajuda de 35 bilhões (R$ 94 bilhões) do governo alemão e de outras instituições ao Hypo Real Estate, um dos maiores grupos imobiliários da Europa.
A Bolsa de Londres teve a maior queda em um dia desde o início do ano e caminha para encerrar o pior mês desde 1987, ano do crash dos mercados financeiros. Paris encerrou o dia com queda de 5,04%, e Frankfurt recuou 4,23%.
As Bolsas européias já haviam fechado quando as piores notícias do dia para o mercado financeiro aconteceram. Com a rejeição do pacote norte-americano ontem, o cenário para hoje deverá ser ainda pior.
Analistas se dividiram sobre a tendência daqui para a frente. Alguns, como Robin Bew, da Economist Intelligence Unit, acham que é apenas o começo. Outros, como Jane Croft, jornalista do "Financial Times", afirmam que não deve haver mais vítimas.
"A crise já atravessou o Atlântico faz tempo. O endividamento no Reino Unido é mais alto do que nos Estados Unidos, a economia está mais calibrada com o setor financeiro e os preços das casas estavam mais altos. A direção geral é uma só: para baixo", afirmou à Folha Charles Dumas, analista da consultoria Lombard Street Research.
Apesar disso, ele acredita que ainda é cedo para saber se haverá novas quebras de bancos, mas lembra que "eles foram burros o bastante para se exporem a papéis americanos".


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