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Dólar encosta em R$ 2, após alta de 6,2%
DA REPORTAGEM LOCAL
O dólar encostou em R$ 2 ontem. O aprofundamento das incertezas e dos temores que tomaram o mercado internacional levaram o dólar a ser negociado a R$ 1,99 na máxima.
Apesar de haver se afastado
desse teto, a moeda americana
encerrou com apreciação de
6,21%, cotada a R$ 1,966. Essa
foi a maior cotação em um ano.
Após sofrer uma de suas mais
pesadas valorizações em um
dia desde janeiro de 1999,
quando o governo brasileiro,
pressionado pela crise cambial,
decidiu liberar as cotações da
moeda, o dólar passou agora a
registrar alta mensal de 20,24%
diante do real.
"A reprovação do pacote
americano fez com que o mercado tivesse um dia caótico. Na
semana passada, já começaram
a aparecer empresas, como a
Sadia, com problemas decorrentes da apreciação cambial.
Não surpreenderá se novos casos surgirem nos próximos
dias", afirma João Medeiros,
diretor da corretora de câmbio
Pioneer.
"Como a pressão deve continuar, não está difícil de o dólar
romper os R$ 2 em poucos
dias", diz.
O mercado de câmbio tem refletido o desaparecimento das
linhas de financiamento destinadas especialmente aos exportadores. Sem essa oferta de
crédito, o que se tem visto é um
aumento na procura por moeda estrangeira. Como a procura
por dólares cresce e a oferta
não aumenta, a pressão sobre
as cotações é inevitável.
Sem uma melhora no cenário
internacional, fica difícil de o
real voltar a se apreciar. No começo de agosto, US$ 1 valia cerca de R$ 1,56.
"O que presenciamos hoje
[ontem] foram os investidores
saindo do plano racional para o
emocional", afirma o economista Alex Agostini, da consultoria Austin Rating. "As empresas têm encontrado dificuldades muito maiores para conseguir crédito, encontrando exigências maiores e prazos mais
apertados."
O Banco Central renovou ontem apenas 25% de um total de
US$ 2 bilhões em contratos do
chamado "swap cambial reverso" que vencem amanhã. Esses
contratos de "swap reverso"
são acordos em que os bancos
que participam da operação se
comprometem a pagar ao BC
toda a variação do dólar que
ocorrer em determinado período. Por suas características, a
transação equivale a uma compra de dólares no mercado.
No dia tenso, as taxas futuras
de juros terminaram pressionadas na BM&F. No contrato
DI (Depósito Interfinanceiro)
que tem vencimento programado para janeiro de 2010, a
taxa se elevou de 14,66% para
14,71% anuais. As taxas futuras
não tiveram valorização mais
expressiva, pois, em meio à
queda da oferta de crédito, analistas já contam com a possibilidade de o Banco Central interromper antes do previsto o
atual ciclo de alta da taxa Selic.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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