São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 2008

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Em "forte nevoeiro", Coteminas prega cautela e evita previsões

AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Gigante do setor têxtil, a Coteminas, sócia da Springs Global nos Estados Unidos, prega cautela neste momento de turbulência. Nem a súbita elevação do dólar -positiva para uma exportadora- animou.
Segundo Josué Christiano Gomes da Silva, diretor-presidente da Coteminas, a alta do dólar pode beneficiar o exportador, mas o ambiente geral torna qualquer decisão temerária. "Tem que deixar a poeira assentar, porque senão você acaba fazendo besteira", diz.
A seguir, trechos da entrevista concedida ontem, no meio do turbilhão.

 

FOLHA - Como está a Coteminas no mercado norte-americano com esse cenário tão pessimista?
GOMES DA SILVA
- Na verdade, desde o início do ano, o mercado norte-americano vinha se comportando com reduções em relação aos mesmos períodos de 2007. No nosso segmento, foram quedas importantes, acima de 10%.

FOLHA - E agora, com a aparente piora da crise?
GOMES DA SILVA
- Não dá para fazer uma avaliação agora, se esse nervosismo, que se agravou muito nas últimas duas semanas, terá impacto na economia real. Não tenho dados suficientes para avaliar se esse nervosismo das últimas duas semanas vai repercutir na economia real.

FOLHA - Mas ontem, por exemplo, o real teve forte desvalorização. Esse movimento da taxa de câmbio pode beneficiar a exportação?
GOMES DA SILVA
- Para o exportador, a taxa de câmbio começa, de fato, a ficar muito interessante. Exportamos volumes grandes. Em 2007, exportamos US$ 320 milhões. Para nós, tanto reduzir quanto aumentar as exportações é mais fácil, porque temos um volume grande de operações no exterior. São controladas nossas. A gente consegue controlar tanto a redução quanto o aumento das exportações, se quisermos, com muita velocidade.

FOLHA - A Coteminas tem clareza sobre o rumo a tomar agora?
GOMES DA SILVA
- É difícil fazer previsões agora. No meio dessa volatilidade, é preciso fazer como nos ensinou Martinho da Vila: "Faça como o velho marinheiro, que no forte nevoeiro, leva o barco devagar". [O trecho a que se refere Silva é de um samba da autoria de Paulinho da Viola, "Argumento".]
Fazer qualquer coisa no meio desta crise é precipitado. Tem que deixar a poeira assentar, porque senão você acaba fazendo besteira.


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