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Em "forte nevoeiro", Coteminas prega cautela e evita previsões
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Gigante do setor têxtil, a Coteminas, sócia da Springs Global nos Estados Unidos, prega
cautela neste momento de turbulência. Nem a súbita elevação do dólar -positiva para
uma exportadora- animou.
Segundo Josué Christiano
Gomes da Silva, diretor-presidente da Coteminas, a alta do
dólar pode beneficiar o exportador, mas o ambiente geral
torna qualquer decisão temerária. "Tem que deixar a poeira
assentar, porque senão você
acaba fazendo besteira", diz.
A seguir, trechos da entrevista concedida ontem, no meio
do turbilhão.
FOLHA - Como está a Coteminas no
mercado norte-americano com esse
cenário tão pessimista?
GOMES DA SILVA - Na verdade,
desde o início do ano, o mercado norte-americano vinha se
comportando com reduções
em relação aos mesmos períodos de 2007. No nosso segmento, foram quedas importantes,
acima de 10%.
FOLHA - E agora, com a aparente
piora da crise?
GOMES DA SILVA - Não dá para fazer uma avaliação agora, se esse
nervosismo, que se agravou
muito nas últimas duas semanas, terá impacto na economia
real. Não tenho dados suficientes para avaliar se esse nervosismo das últimas duas semanas vai repercutir na economia
real.
FOLHA - Mas ontem, por exemplo,
o real teve forte desvalorização. Esse
movimento da taxa de câmbio pode
beneficiar a exportação?
GOMES DA SILVA - Para o exportador, a taxa de câmbio começa,
de fato, a ficar muito interessante. Exportamos volumes
grandes. Em 2007, exportamos
US$ 320 milhões. Para nós,
tanto reduzir quanto aumentar
as exportações é mais fácil, porque temos um volume grande
de operações no exterior. São
controladas nossas. A gente
consegue controlar tanto a redução quanto o aumento das
exportações, se quisermos,
com muita velocidade.
FOLHA - A Coteminas tem clareza
sobre o rumo a tomar agora?
GOMES DA SILVA - É difícil fazer
previsões agora. No meio dessa
volatilidade, é preciso fazer como nos ensinou Martinho da
Vila: "Faça como o velho marinheiro, que no forte nevoeiro,
leva o barco devagar". [O trecho
a que se refere Silva é de um
samba da autoria de Paulinho
da Viola, "Argumento".]
Fazer qualquer coisa no meio
desta crise é precipitado. Tem
que deixar a poeira assentar,
porque senão você acaba fazendo besteira.
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