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TRABALHO
Paralisação atinge 8 fábricas
Greve pára 27 mil nas montadoras paulistas
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A greve nas montadoras, que teve ontem a adesão de 27,2 mil trabalhadores em oito fábricas de
veículos no Estado de São Paulo,
segundo informaram os sindicatos dos metalúrgicos, vai favorecer as empresas a diminuírem estoques em alta e, se tiver longa duração, pode ter impacto na exportação. A avaliação é de especialistas do setor e empresários.
A Folha apurou que algumas
empresas têm, em seus pátios, estoques para mais de 45 dias.
"O mercado interno está abastecido até o final do ano. Se a greve se estender por período superior a 15 dias pode trazer prejuízos
à exportação, não para as vendas
internas. As revendedoras têm estoque garantido", diz Vitor Meizikas Filho, da área de avaliação de
veículos da Molicar.
A opinião de Richard Dubois,
consultor da Trevisan, é a mesma:
"As montadoras têm estoque suficiente para "bancar" essa greve".
Ele acredita que, como o desfecho
da paralisação deve ser rápido, os
fabricantes de veículos vão "aproveitar o momento para desovar os
seus estoques".
As vendas de setembro -que
registraram aumento de 24% em
relação a agosto- e a redução de
3 pontos percentuais do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), dizem os especialistas,
não foram suficientes para diminuir significativamente os estoques, por isso a paralisação favorece as empresas.
Ademar Cantero, diretor da Anfavea (associação que reúne os fabricantes de veículos), diz que o
setor ainda está avaliando o impacto da paralisação dos metalúrgicos na região do ABC e em algumas fábricas do interior. "Mas a
situação no setor, de qualquer
forma, não é boa. Os investimentos estão estagnados há seis anos,
e a capacidade ociosa média registrada no setor é de 45%." Esses
motivos, associados às vendas
fracas no ano, apesar do resultado
positivo no mês passado, impedem a concessão de aumento.
Os metalúrgicos pararam desde
anteontem parte das fábricas em
protesto à proposta salarial das
montadoras de conceder reajuste
de 15,7% -reposição da inflação
pelo INPC de outubro de 2002 a
setembro deste ano- para quem
ganha até R$ 4.200. Acima dessa
faixa salarial, haveria reajuste único de R$ 659,40. A proposta previa ainda a antecipação da data-base (novembro) para outubro
em 2003 e para setembro em 2004
e o aumento de 19,34% no piso salarial (passaria para R$ 750).
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC,
José Lopez Feijóo, três pontos
emperram o acordo com o setor
patronal: "o teto salarial, o reajuste referente ao mês de outubro
pago em forma de abono apenas
em janeiro e o fato de os metalúrgicos estarem há três anos sem
aumento real de salário".
Na Volks de São Bernardo, a
adesão à greve foi total, diz Feijóo.
Os 14.800 funcionários de setores
produtivos e administrativos não
trabalharam ontem -950 veículos deixaram de ser produzidos
na fábrica. A empresa confirmou
que a fábrica parou. Na Volks de
São Carlos, segundo o sindicato
da região, 530 operários também
entraram em greve ontem à tarde.
Na Ford do ABC, 2.800 horistas
e parte dos 690 funcionários administrativos aderiram à paralisação, segundo a empresa, o que
impediu a fabricação de 500 veículos. Na Mercedes-Benz, a estratégia foi parar o setor de motores,
onde trabalham 1.500. Cerca de
3.000 operários da GM de São José dos Campos também pararam
ontem. Na GM de São Caetano, os
6.500 empregados rejeitaram a
proposta do setor e param hoje.
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