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Professor da
UFRJ vê excesso
em crítica na ata
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O professor do Instituto de
Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) David Kupfer considerou que o Banco Central
se "excedeu" ao explicitar na
ata de outubro do Copom
(Comitê de Política Monetária) que a Petrobras protelou
o reajuste dos combustíveis.
Na visão dele, a Petrobras
detém mais informações sobre "o complexo mercado
internacional de petróleo"
do que o BC, o que dá à estatal capacidade maior para
interpretar os dados e decidir o percentual de aumento.
Kupfer afirmou, no entanto, que a gasolina é "um preço importante" para a economia e, por isso, acha "natural" que o BC faça análises
e projeções sobre a provável
evolução tanto dos preços
dos derivados como do óleo
no mercado internacional.
A gasolina é o terceiro item
que mais pesa no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), usado como referência para o sistema de
metas de inflação. Só perde
para luz e ônibus urbano.
A direção da Petrobras,
que já estava descontente
com as menções sobre a gasolina em atas anteriores,
também avalia que o BC pecou pelo excesso. A estatal
tornou público seu descontentamento em nota anteontem na qual diz: "Os preços
dos combustíveis são competitivos e a política de ajustes da Petrobras observa elementos de mercado".
A Petrobras informou ontem, por sua assessoria de
imprensa, que não irá mais
se pronunciar e que o "assunto está encerrado".
Para o professor Edmar
Almeida, do Grupo de Economia da Energia, da UFRJ,
as críticas do BC só têm um
motivo: a meta de inflação
de 2005. O BC, segundo ele,
queria que a estatal atualizasse seus preços para o patamar de US$ 50 do barril de
petróleo para evitar que um
novo reajuste dos combustíveis tivesse impacto na inflação do próximo ano. Preferia, segundo ele, um aumento ainda neste ano.
"Um ajuste traria conforto
para o BC, já que os preços
do petróleo podem cair em
2005, levando a Petrobras a
baixar seus preços, o que repercutiria positivamente na
inflação do ano que vem."
Segundo ele, a Petrobras trabalha com seus preços alinhados a US$ 45 o barril
-abaixo do atual nível de
US$ 50. Com isso, se os preços do óleo caírem em 2005
abaixo desse patamar e a estatal não repassar a redução
para os combustíveis, ela irá
recuperar o que perdeu nesse ano.
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