São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2004

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Professor da UFRJ vê excesso em crítica na ata

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O professor do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) David Kupfer considerou que o Banco Central se "excedeu" ao explicitar na ata de outubro do Copom (Comitê de Política Monetária) que a Petrobras protelou o reajuste dos combustíveis.
Na visão dele, a Petrobras detém mais informações sobre "o complexo mercado internacional de petróleo" do que o BC, o que dá à estatal capacidade maior para interpretar os dados e decidir o percentual de aumento.
Kupfer afirmou, no entanto, que a gasolina é "um preço importante" para a economia e, por isso, acha "natural" que o BC faça análises e projeções sobre a provável evolução tanto dos preços dos derivados como do óleo no mercado internacional.
A gasolina é o terceiro item que mais pesa no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), usado como referência para o sistema de metas de inflação. Só perde para luz e ônibus urbano.
A direção da Petrobras, que já estava descontente com as menções sobre a gasolina em atas anteriores, também avalia que o BC pecou pelo excesso. A estatal tornou público seu descontentamento em nota anteontem na qual diz: "Os preços dos combustíveis são competitivos e a política de ajustes da Petrobras observa elementos de mercado".
A Petrobras informou ontem, por sua assessoria de imprensa, que não irá mais se pronunciar e que o "assunto está encerrado".
Para o professor Edmar Almeida, do Grupo de Economia da Energia, da UFRJ, as críticas do BC só têm um motivo: a meta de inflação de 2005. O BC, segundo ele, queria que a estatal atualizasse seus preços para o patamar de US$ 50 do barril de petróleo para evitar que um novo reajuste dos combustíveis tivesse impacto na inflação do próximo ano. Preferia, segundo ele, um aumento ainda neste ano.
"Um ajuste traria conforto para o BC, já que os preços do petróleo podem cair em 2005, levando a Petrobras a baixar seus preços, o que repercutiria positivamente na inflação do ano que vem." Segundo ele, a Petrobras trabalha com seus preços alinhados a US$ 45 o barril -abaixo do atual nível de US$ 50. Com isso, se os preços do óleo caírem em 2005 abaixo desse patamar e a estatal não repassar a redução para os combustíveis, ela irá recuperar o que perdeu nesse ano.


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