São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2004

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MÍDIA

Empresa e TV Globo podem se unir

Globopar diz que paga credor em fevereiro

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A reestruturação da dívida da Globopar, que anteontem anunciou um acordo com parte dos seus credores, só deverá estar concluída em meados de janeiro, e os pagamentos serão retomados em fevereiro, segundo informou ontem o presidente da empresa, Ronnie Vaz Moreira.
Os débitos da empresa, que parou de pagar os credores há dois anos, somam US$ 1,34 bilhão. A Globopar é a holding dos negócios de televisão paga do grupo Roberto Marinho e inclui participações na Net, na Sky e no Projac (central de estúdios da TV Globo). A TV Globo é garantidora de mais de 90% das dívidas da Globopar. Segundo Moreira, apenas US$ 100 milhões não têm garantias da emissora de televisão.
A proposta de reestruturação da dívida da holding inclui a integração da Globopar e da TV Globo, que formarão uma nova empresa. Isso, entretanto, não significa que os débitos estejam sendo transferidos para a emissora de televisão, principal geradora de caixa do grupo.
"O responsável pelo repagamento da dívida é o tomador. Num primeiro momento, esses são TV Globo e Globopar. Depois, a companhia resultante da fusão", informou a empresa. A criação da nova companhia depende de aprovação das autoridades competentes.
O acordo anunciado anteontem foi acertado com os comitês de negociação de bancos credores e de investidores que compraram títulos emitidos pela Globopar no exterior. Eles detêm apenas 34% da dívida total da empresa -US$ 421 milhões- e se comprometeram a aprovar a proposta de reestruturação da dívida.
Segundo Moreira, o restante do débito de US$ 1,34 bilhão está pulverizado no mercado financeiro entre "poucos bancos e detentores de títulos". Esses credores têm até dezembro para aderir a uma das propostas do menu de opções aprovado pelos comitês de credores. "Já temos advogados entregando os documentos a esses credores no exterior", disse.
"Vamos convocar a primeira votação em meados de dezembro e, caso não haja o quórum de 75% dos credores, 30 dias depois faremos a segunda convocação. Se o acordo for fechado, depois de mais 30 dias começaremos os pagamentos", explicou o executivo.

Proposta
Segundo os termos do compromisso firmado com os comitês de credores, haverá quatro opções de reestruturação de dívida com diferentes garantias, prazos e taxas de juro para que os credores escolham a que melhor se adaptar à sua situação.
Pelos termos da proposta, a Globopar vai transferir aos credores os recursos que vai apurar com a venda de parte do capital da Net Serviços, a operadora de TV por assinatura do grupo, à Telmex. Segundo a direção da Telmex informou à Folha, em julho, quando foi fechado acordo com a Net, a operação deverá render entre US$ 250 milhões e US$ 370 milhões à Globopar.
O acordo prevê, ainda, a realização de leilão de recompra de parte dos títulos emitidos pela Globopar, até US$ 200 milhões. A empresa pagará entre US$ 0,50 e US$ 0,70 por dólar de valor de face dos papéis. Dependendo do grau de adesão ao leilão, a medida permitirá à Globopar abater entre US$ 241 milhões e US$ 400 milhões do total da dívida.
No fechamento do acordo, a empresa se compromete a pagar US$ 10 milhões ao conjunto dos credores e mais US$ 26 milhões referentes à primeira parcela de juros.


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