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Telemar marca assembléia para tentar fundir ações
Investidores descobriram que são acionistas da empresa ao receber convocação
Fundos de investimento americanos opõem-se à troca de papéis PN por única ação ON; Anatel ainda não aprovou a substituição
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Muita gente tem recebido comunicado da Telemar, sendo
convocado para a assembléia
de acionistas que decidirá a
reestruturação societária da tele, sem nem mesmo saber que
detém papéis da empresa.
Quem foi pego de surpresa
provavelmente "herdou" as
ações de planos de expansão de
telefonia que comprou entre as
décadas de 60 e 90. Com a privatização e repartição da Telebrás em diferentes companhias, em 1998, houve investidores que passaram a ser detentores de papéis da empresa
e nunca se atentaram ao fato.
A Telemar enviou nas últimas semanas cartas a cerca de
750 mil pequenos acionistas
convocando-os para votarem
na assembléia que acontecerá
no dia 13 de novembro.
No evento, será decidida a
reorganização societária. A
idéia é que os cinco papéis do
grupo que circulam na Bolsa de
Valores de São Paulo sejam
fundidos em um só, que levaria
o nome de Oi Participações. Essa ação seria ON (ordinária) e
teria o objetivo de ser negociada no Novo Mercado da Bolsa.
O Novo Mercado é um segmento especial da Bovespa onde apenas ações ON de empresas comprometidas com práticas de boa governança corporativa podem ser negociadas. Para participar, as companhias
têm de passar a cumprir exigências que as tornem mais
transparentes, em especial para os pequenos acionistas.
A Folha teve acesso a um
desses comunicados enviados
aos pequenos acionistas. Há
dois modelos para que o acionista nomeie procuradores,
que foram apontados pela empresa, para que votem, favoravelmente ou não, em seu nome.
"Fizemos um grande esforço
para contatar todos os tipos de
investidores e mostrar a responsabilidade do seu voto",
afirma José Luís Salazar, diretor de Finanças e de Relações
com Investidores da Telemar.
"Para o pequeno acionista
que não pode vir ao Rio para a
assembléia, demos a possibilidade de votar por meio dos
procuradores", diz.
Para que haja a reorganização societária da empresa será
necessário que 50% dos acionistas dêem voto favorável ao
processo. Do contrário, poderá
haver mais duas assembléias
Se na segunda também não
houver votos favoráveis suficientes, na terceira serão necessários apenas 25% dos votos
para aprovar o processo.
Divergências
No mercado, há analistas que
defendem o processo e outros
que vêem pontos negativos.
Para os defensores, a empresa resultante da reestruturação
societária proposta será muito
mais forte. Para os que desaprovam, a relação de troca oferecida pela empresa não é justa.
No entendimento de alguns
analistas, a relação de troca entre as ações ON (ordinária) e
PN (preferencial) não é muito
vantajosa: cada papel ON equivalerá a 2,6 ações PN.
"Entendo que como um todo
a proposta seja positiva. A nova
empresa, reestruturada, nasceria fortalecida. E uma companhia mais forte sempre é algo
que seus acionistas desejam",
avalia Luiz Antonio das Neves,
diretor da corretora Planner.
Na assembléia, votarão apenas detentores de ações preferenciais, que respondem no
pregão da Bovespa ao código
TNLP4.
Salazar afirma que é impossível prever o número de acionistas que irão votar e o resultado
da assembléia: "Além dos comunicados enviados aos pequenos acionistas, fizemos cerca de 160 reuniões e encontros
com grandes investidores para
expor a operação. Mas não podemos prever o resultado. São
muitos acionistas e nunca vimos uma operação desse porte
no país", afirma.
E mesmo com os avisos enviados pela companhia, muita
gente não foi encontrada ou
simplesmente vai ignorar o
processo, avaliam analistas.
Nos EUA, já surgiram alguns
fundos de investimento, que
têm pesadas aplicações em
ações da Telemar, que demonstraram ser desfavoráveis à operação. Juntos, eles deteriam
cerca de 15% das ações PN da
empresa, segundo o mercado.
A Telemar já obteve o registro de Oi Participações na Sec
(Securities and Exchange
Commision, o órgão que regulamenta o mercado de capitais
nos EUA), para que os papéis
possam ser negociados no mercado americano.
Ainda falta a Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações) aprovar a operação o que,
espera-se, ocorrerá antes do dia
da assembléia.
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