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Fabricantes de veículos reduzem férias coletivas
Com a previsão de vendas recordes no ano, montadoras apontam estoques baixos
Volkswagen anuncia alta de 35% nos investimentos para o período até 2011; GM decide suspender férias coletivas de final de ano
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
A indústria automotiva comemorará o melhor ano de sua
história com mais investimentos e férias coletivas menores.
Thomas Schmall, presidente
da Volkswagen, anunciou ontem que os investimentos da
montadora para o período entre 2007 e 2011 aumentaram
em 35% em relação ao inicialmente planejado, atingindo os
R$ 3,2 bilhões. Já as férias coletivas serão menores do que em
2006 em algumas de suas fábricas. Na General Motors, o descanso de final de ano, que chegou a duas semanas no ano passado, será completamente suspenso em algumas unidades.
Na Fiat, foram feitas reuniões,
durante o fim de semana, para
discutir o assunto. "Os estoques estão muito baixos", diz
Ray Young, presidente da GM.
Com o inesperado aumento
de vendas superior a 27% em
carros de passeio e comerciais
leves, em 2007, a indústria está
buscando ganhar produtividade em todas as áreas, antes de
investir em novas fábricas.
"Não cometeremos o mesmo
erro de 1997 [quando as montadoras investiram no país, mas o
mercado não sustentou a demanda]", afirma Young.
A Volks, no entanto, está discutindo com a matriz três possibilidades: aumento de capacidade nas fábricas existentes,
parceria com alguma concorrente que tenha capacidade
ociosa ou uma nova unidade.
"Esperamos atingir nosso limite de capacidade em 2009 e,
por isso, trabalhamos nessas
hipóteses", diz Schmall. "Se
viermos a fazer uma parceria
com uma concorrente, será um
modelo inédito no mundo."
Em 2007, a Volks terá seu
primeiro lucro no Brasil, depois de dez anos de prejuízo. No
início do ano, chegou a cogitar a
hipótese de fechar sua fábrica
em São Bernardo do Campo.
Depois dos bons resultados
de 2007, motivados sobretudo
pelo aumento do crédito ao
consumidor, as montadoras
mantêm também perspectivas
positivas para 2008. Para a
maioria das fabricantes que
participaram ontem do seminário da editora AutoData, o
crescimento de vendas girará
em torno de 15%, atingindo 2,7
milhões de carros de passeio e
comerciais leves.
Já a produção aumentará em
torno de 10%, superando 3 milhões de unidades. As exportações, por sua vez, cairão em todas as marcas, passando de 700
mil unidades para 650 mil.
Otimismo e gargalos
A Fiat, montadora que mais
cresceu em 2007, foi a única a
fazer uma previsão ainda mais
otimista. Para Cledorvino Bellini, presidente da Fiat Brasil, o
crescimento pode chegar a
20%, atingindo 4 milhões de
carros vendidos e 4,5 milhões
de carros produzidos. "Há alguns riscos, mas, se a China não
parar de crescer, se o "subprime" [crise das hipotecas de alto
risco nos EUA] não for tão grave e se continuar havendo acesso ao crédito, há a hipótese de
chegar a 20%", diz Bellini.
Mesmo com boas perspectivas para o próximo ano, o setor
automotivo se diz preocupado
com a sustentabilidade do crescimento no médio e longo prazos. Gargalos estruturais do
Brasil -de infra-estrutura, juros altos e até mesmo o déficit
da Previdência- foram apontados como alguns dos problemas a serem resolvidos. Outras
dificuldades apontadas foram a
forte pressão nos aumentos das
matérias-primas e mesmo a
concorrência com o crescimento do mercado imobiliário, já
que poderá haver custos maiores em aço, vidros e plásticos.
O real apreciado foi alvo de
críticas por parte das montadoras, que tentam negociar com o
governo uma solução tributária
para o aumento das exportações. "As exportações são importantes porque servem de reserva para os momentos de volatilidade", afirma Letícia Costa, presidente da consultoria
Booz Allen Hamilton.
Esse mesmo real valorizado
poderá servir como válvula de
escape das montadoras. "Caso
o dólar atinja R$ 1,50, passaremos a importar mais componentes", diz Schmall. "Na verdade, já estamos aumentando
gradativamente as compras de
materiais variados, como aço
da Ásia, plásticos e outros
itens." A GM também tem pesquisado alternativas de fornecedores estrangeiros para elevar importações em caso de
uma maior valorização do real.
Emergentes
Para se tornar uma região
importante no mundo, enfrentando a competição com os países emergentes, as montadoras
acreditam que o Brasil precisaria ter capacidade instalada entre 5 milhões e 6 milhões de
carros por ano, até 2012. Hoje
são 2,4 milhões. "Precisamos
dobrar a capacidade e ter escala, se quisermos enfrentar o risco dos importados e a competição lá fora", diz Bellini.
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