São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Acordo do BC com o Fed estabiliza câmbio

O acordo fechado entre o Banco Central e o Federal Reserve (o BC americano) de troca de reais por dólares foi acertado na semana passada, dias antes de o governo ter editado a medida provisória 443, que autoriza o BC a fazer a operação.
O acordo foi costurado numa conversa por telefone entre o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o presidente do Fed, Ben Bernanke. O objetivo de Meirelles foi sondar se o Fed estaria disposto a fazer essa operação de troca ("swap") de reais por dólares. Bernanke deu o sinal verde.
A MP 443, no que diz respeito a essa medida especificamente, sempre teve o objetivo de se tornar uma nova ferramenta do BC de captação de dólar para o país para evitar o uso das reservas internacionais. Desde que o dólar disparou, o BC tem procurado poupar ao máximo ter de queimar as reservas para conter a alta da moeda americana.
Segundo Luiz Carlos Mendonça de Barros, economista-chefe da Quest Investimentos, essa operação aprovada pelo Fed não deixa de ser uma demonstração importante de confiança no Brasil.
"É um empréstimo do FMI sem condicionalidades", diz Mendonça de Barros.
O economista diz, ainda, que o Brasil só conseguiu esse acordo com o Fed, ao lado de outros países emergentes, como Cingapura, Coréia do Sul e México, por ter atingido o grau de investimento.
Mendonça de Barros afirma também que essa medida vai contribuir significativamente para estabilizar a cotação do dólar. Para ele, o dólar deve se manter, a partir de agora, próximo a R$ 2, o que não é ruim. Ajuda os exportadores e o impacto inflacionário é reduzido com a queda nos preços das commodities.
O economista diz ainda que tem sido positiva a atuação do Banco Central nesta crise, depois de ter demorado um pouco a agir quando a cotação do dólar começou a subir.

Folha Top of Mind premia 48 marcas mais lembradas

O prêmio Folha Top of Mind reuniu 900 pessoas no HSBC Brasil, em São Paulo, na noite de terça-feira, e distribuiu 57 troféus para 48 empresas. Nesta 18ª edição, conquistaram o Top Performance as marcas Nokia, de telefone celular, e Visa, de cartão de crédito, que apresentaram crescimento de quatro pontos percentuais no índice de lembrança pelos consumidores em relação a 2007.
"O prêmio é o resultado da consistência de nossos produtos e de nossa comunicação", diz Marcelo Câmara, gerente de marketing da Nokia.
Segundo Alessandro Janoni, diretor do Datafolha, a pesquisa é a única que fornece um histórico valioso, com 18 anos de levantamentos nacionais, com entrevistas no país inteiro, em segmentos socioeconômicos.
Luis Cássio de Oliveira, diretor de marketing da Visa, marca que também está na liderança do Top Performance, credita o fato de os consumidores se lembrarem da Visa à inovação e à diversificação dos produtos.
Coca-Cola e Omo também protagonizaram um empate na disputa do prêmio Top do Top, que avalia as marcas mais presentes na memória do brasileiro, independentemente da categoria. "O prêmio é um incentivo para continuarmos reconhecendo as necessidades dos consumidores", resume Priya Patel, diretora de marketing de higiene e limpeza da Unilever.
A experiência e a solidez das marcas foram citadas como grandes trunfos das empresas diante da possibilidade de uma recessão global. "Aprendemos com as crises dos mercados da Ásia e da Argentina. Na hora em que todo mundo pára de investir, temos de investir mais", analisa Ricardo Fort, diretor da Coca-Cola Brasil.
Campeão na categoria banco desde a primeira edição do prêmio, em 1992, o Banco do Brasil (BB), que comemora 200 anos de história em 2008, é um exemplo dessa confiança. "Em 2009, os investimentos serão mantidos: R$ 200 milhões para publicidade e propaganda, R$ 60 milhões para esporte e R$ 48 milhões para marketing cultural", afirma Jussara Silveira, diretora de marketing e comunicação do BB.
Já a diretora de marketing da TAM, Manuela Amaro, diz que a alta do petróleo e do dólar já atingiu o setor da aviação. "Tivemos de reestruturar nosso planejamento para o segundo semestre e, com certeza, o primeiro semestre do ano que vem terá orçamento de tempos de crise", afirma. "Por isso, o prêmio [a TAM é a companhia aérea mais citada pelos brasileiros] tem um gosto especial para nós. Não foi um ano de investimento alto em marketing, mas fizemos uma comunicação consistente", diz Manuela.
A margarina Qualy, produzida pela Sadia, ocupa sozinha, pela primeira vez, a liderança de sua categoria. "O que difere esse prêmio dos demais é que ele mede o "calor da ruas", nos possibilita avaliar o que o consumidor pensa", diz Eduardo Bernstein, diretor de marketing da Sadia.

DIAS CONTADOS

A crise financeira deve encerrar um ciclo de efetivação de trabalhadores temporários que vinha acontecendo nos últimos anos no Brasil. Para Mário Fagundes, consultor de RH da Catho Online, o varejo deve manter a contratação de funcionários para o Natal deste ano, prevista em cerca de 1,5 milhão, mas eles estarão desempregados em janeiro. Segundo ele, a crise deve interromper a criação de novas vagas na maioria dos setores, mas os empregos existentes não devem ser cortados. "Os setores mais prejudicados serão os que dependem de consumo e crédito", diz Fagundes.

AMPULHETA

Os lojistas cadastrados no Zura!, portal de comparação de preços, estão usando giro de estoque antigo, por isso ainda não elevaram preços, segundo Marcelo Peregrino, presidente do Zura!. "Acho que muitos têm intenção de elevar." O portal teve alta nas buscas de produtos de 32% no segundo trimestre. Se destacam TVs, PCs e celulares.

CORTE
As demissões já começaram no setor imobiliário. Os cortes fazem parte da revisão de gastos ante a crise. Nas duas últimas semanas, o segmento de imóveis de alto padrão sentiu os clientes mais cautelosos. "As construtoras focadas em clientes de alta renda devem rever sua previsão de lançamentos e, com isso, reduções de pessoal são normais", diz Flávio Prando, do Secovi.

DOSSIÊ DA CRISE
Luiz Carlos Bresser-Pereira, Marcos Cintra e outros 19 economistas da Associação Keynesiana Brasileira lançaram anteontem o "Dossiê da Crise", que reúne artigos sobre o tema.

NA ESTRADA
Os fundos de pensão Funcef e Petros irão participar do Consórcio Invepar, vencedor da primeira etapa do Programa de Concessões Rodoviárias do Estado de São Paulo. Trata-se do primeiro investimento em infra-estrutura de estradas que os fundos de pensão pretendem fazer em 2009. Em parceria com a Construtora OAS, o Invepar será responsável pelos 444 quilômetros da rodovia Raposo Tavares, mais 389,8 km de estradas vicinais e precisará pagar outorga de R$ 634 milhões no prazo de 18 meses, sendo 20% na assinatura do contrato. A rodovia exigirá também investimentos de R$ 1,803 bilhão durante os 30 anos da concessão.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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