São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2008

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Sadia registra prejuízo de R$ 777,4 mi no 3º trimestre

Perdas foram causadas por operações cambiais e títulos do Lehman Brothers

Empresa diz ter liquidado maior parte da dívida e que não existe ameaça de ficar inadimplente; Perdigão vê oportunidades no exterior


CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Sadia teve prejuízo de R$ 777,4 milhões no terceiro trimestre. As perdas foram causadas pela liquidação de operações financeiras cambiais e pela quebra do banco Lehman Brothers.
No caso das operações cambiais, usadas para proteger a empresa exportadora de oscilações da moeda, a Sadia apostava que o real se manteria valorizado. Com a alta do dólar, teve de pagar, em alguns contratos, a desvalorização do real em dobro. As perdas com essas operações no terceiro trimestre foram de R$ 653 milhões.
"Temos algumas outras operações que serão liquidadas ao longo do tempo, à medida que as negociações com bancos chegarem a ponto razoável", afirma Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho da Sadia. "O principal foi liquidado, e não temos ameaça nem situação de inadimplência. A cada mês que passa nossa posição fica mais confortável."
A Sadia também tinha aplicações no Lehman Brothers. Com a quebra do banco, recebeu títulos e teve de registrar prejuízo contábil com a marcação a mercado de tais títulos. As perdas registradas, sem saída de caixa, foram de R$ 239,5 milhões. A empresa tem um ano para liquidar os títulos.
Apesar das perdas, a Sadia teve um forte trimestre operacional. A empresa teve receita de R$ 3,150 bilhões entre julho e setembro, 28,3% a mais do que no mesmo período de 2007. No ano, o faturamento beira R$ 7 bilhões, 25% a mais do que nos nove primeiros meses de 2007.
Ontem, o conselho de administração aprovou a manutenção dos investimentos de R$ 1,6 bilhão previstos para 2008 e 2009. O relatório da consultoria KPMG sobre as perdas será apresentado na assembléia de acionistas, no dia 3.
"O que for determinado [em relação a processos contra bancos ou executivos] pelo conselho será executado pela administração", diz Furlan.
Na Perdigão, que anunciou prejuízo de R$ 25 milhões no terceiro trimestre, não há clima de pessimismo. Para Nildemar Secches, presidente do conselho, outras crises setoriais tiveram impacto maior nas operações da empresa.
"Essa crise é forte e séria, mas outras, como o banimento do mercado europeu pelo uso do antibiótico nitrofurano, a crise da vaca louca e a gripe aviária, foram piores para o setor", diz Secches.
Nas crises financeiras, diz ele, o consumo de alimentos não diminui. "Nos últimos anos, o dinheiro do consumidor tem ido para pagar prestações", diz José Antônio Fay, presidente da Perdigão. "Não deverá haver queda no consumo de proteínas."
As perspectivas têm feito com que a empresa considere a hipótese de fazer mais uma aquisição internacional, aos moldes da holandesa Plusfood. "O processo de consolidação da compra da Plusfood está se dando de maneira mais rápida do que imaginávamos e talvez voltemos a pensar em aquisição semelhante na Ásia em 2009", diz Secches.
Segundo Fay, a China é um país muito complexo para uma empresa que está aprendendo a se internacionalizar. "Estamos vendo os próximos passos", diz Fay.
A Perdigão também prevê investimentos em aumento de capacidade na operação britânica da Plusfood. Neste último trimestre, a empresa vai juntar em sua pessoa jurídica as oito empresas adquiridas e as suas equipes de vendas.


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