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Sadia registra prejuízo de R$ 777,4 mi no 3º trimestre
Perdas foram causadas por operações cambiais e títulos do Lehman Brothers
Empresa diz ter liquidado
maior parte da dívida e que
não existe ameaça de ficar
inadimplente; Perdigão vê
oportunidades no exterior
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Sadia teve prejuízo de R$
777,4 milhões no terceiro trimestre. As perdas foram causadas pela liquidação de operações financeiras cambiais e pela quebra do banco Lehman
Brothers.
No caso das operações cambiais, usadas para proteger a
empresa exportadora de oscilações da moeda, a Sadia apostava que o real se manteria valorizado. Com a alta do dólar, teve
de pagar, em alguns contratos,
a desvalorização do real em dobro. As perdas com essas operações no terceiro trimestre foram de R$ 653 milhões.
"Temos algumas outras operações que serão liquidadas ao
longo do tempo, à medida que
as negociações com bancos
chegarem a ponto razoável",
afirma Luiz Fernando Furlan,
presidente do conselho da Sadia. "O principal foi liquidado, e
não temos ameaça nem situação de inadimplência. A cada
mês que passa nossa posição fica mais confortável."
A Sadia também tinha aplicações no Lehman Brothers. Com
a quebra do banco, recebeu títulos e teve de registrar prejuízo contábil com a marcação a
mercado de tais títulos. As perdas registradas, sem saída de
caixa, foram de R$ 239,5 milhões. A empresa tem um ano
para liquidar os títulos.
Apesar das perdas, a Sadia teve um forte trimestre operacional. A empresa teve receita de
R$ 3,150 bilhões entre julho e
setembro, 28,3% a mais do que
no mesmo período de 2007. No
ano, o faturamento beira R$ 7
bilhões, 25% a mais do que nos
nove primeiros meses de 2007.
Ontem, o conselho de administração aprovou a manutenção dos investimentos de R$ 1,6
bilhão previstos para 2008 e
2009. O relatório da consultoria KPMG sobre as perdas será
apresentado na assembléia de
acionistas, no dia 3.
"O que for determinado [em
relação a processos contra bancos ou executivos] pelo conselho será executado pela administração", diz Furlan.
Na Perdigão, que anunciou
prejuízo de R$ 25 milhões no
terceiro trimestre, não há clima
de pessimismo. Para Nildemar
Secches, presidente do conselho, outras crises setoriais tiveram impacto maior nas operações da empresa.
"Essa crise é forte e séria,
mas outras, como o banimento
do mercado europeu pelo uso
do antibiótico nitrofurano, a
crise da vaca louca e a gripe
aviária, foram piores para o setor", diz Secches.
Nas crises financeiras, diz
ele, o consumo de alimentos
não diminui. "Nos últimos
anos, o dinheiro do consumidor tem ido para pagar prestações", diz José Antônio Fay,
presidente da Perdigão. "Não
deverá haver queda no consumo de proteínas."
As perspectivas têm feito
com que a empresa considere a
hipótese de fazer mais uma
aquisição internacional, aos
moldes da holandesa Plusfood.
"O processo de consolidação da
compra da Plusfood está se
dando de maneira mais rápida
do que imaginávamos e talvez
voltemos a pensar em aquisição semelhante na Ásia em
2009", diz Secches.
Segundo Fay, a China é um
país muito complexo para uma
empresa que está aprendendo a
se internacionalizar. "Estamos
vendo os próximos passos", diz
Fay.
A Perdigão também prevê investimentos em aumento de
capacidade na operação britânica da Plusfood. Neste último
trimestre, a empresa vai juntar
em sua pessoa jurídica as oito
empresas adquiridas e as suas
equipes de vendas.
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