São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2008

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Dólar recua mais 2%, para R$ 2,14

Na semana, moeda acumula queda de quase 8%; no mês, alta é de 12,5%

Ritmo de fuga de dólares do país caiu na semana passada para US$ 3,2 bi, contra US$ 13,2 bi na semana anterior

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com mais um dia de baixa, o dólar já acumula queda de 7,9% na semana. Ontem a moeda norte-americana fechou a R$ 2,143, após recuar 2,06%.
Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostraram que o ritmo da fuga de dólares do país diminuiu na semana passada, embora os números consolidados do mês continuem negativos. Na média, segundo o BC, US$ 646 milhões deixaram o país a cada dia útil da última semana, uma queda de 75% em relação à média da semana anterior.
Na semana passada, a saída ficou em US$ 3,23 bilhões, contra US$ 13,25 bilhões registrados na semana anterior.
Na mínima de ontem, o dólar chegou aos R$ 2,103. A autoridade monetária ontem voltou a realizar leilão no qual vendeu US$ 1,084 bilhão em contratos de "swap" cambial. Esses títulos rendem a variação do câmbio para as instituições financeiras que os adquirem.
Com o mercado de câmbio menos tenso, o BC tem preferido não vender dólares no mercado à vista. José Roberto Carrera, diretor da Fair corretora, afirma que "é positivo que o dólar esteja caindo apenas com as operações de "swap'".
Porém, o recuo dos últimos dias ainda não conseguiu fazer com que a moeda americana deixasse de acumular alta no mês, que está em 12,55%.
Neste mês, numa parcial fechada na sexta-feira passada, as remessas ao exterior superaram os ingressos ocorridos no período em US$ 4,397 bilhões. Neste ano, o saldo continua positivo em US$ 12,791 bilhões.
A pequena reação ocorrida na semana passada reflete, em parte, a leve recuperação de linhas de crédito para exportação. A concessão de empréstimos por meio de ACC (Adiantamento de Contratos de Câmbio), uma das linhas de financiamento mais usadas no comércio exterior, ficou em US$ 229 milhões por dia útil, 53% a mais do que na semana anterior. Diante da saída de divisas, o BC injetou cerca de US$ 6,5 bilhões no mercado de câmbio para tentar atender a procura por dólar. Para Eduardo Cotrim, sócio-diretor do Banco Modal, a ação do BC está relacionada à quantidade de empresas que fizeram operações no mercado de derivativos e agora precisam comprar a moeda dos EUA para zerar essas posições.
"O mercado ainda está digerindo todo esse movimento, e o BC precisa continuar vendendo dólares para atender à procura dessas empresas", afirma Cotrim.
Para se protegerem de uma possível desvalorização do real, muitas empresas fizeram, nos últimos meses, complexas operações no mercado de derivativos, que incluíam a venda de dólares no mercado futuro. Como a cotação da moeda dos EUA disparou, essas empresas tiveram grandes prejuízos e precisam comprar dólares agora para equilibrar suas contas. "Isso ainda deve afetar o mercado pelo menos até o final da semana que vem", diz Cotrim.


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