São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2008

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Diminuem as vendas em supermercados

Queda é de 5,6% em setembro em relação a agosto; sobre setembro de 2007, houve aumento de 5,5%, segundo a Abras

Para a Abras, há grande expectativa em relação ao consumo neste mês, pois lojas percebem consumidor cauteloso com os gastos


FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

As vendas nos supermercados do país caíram 5,6% em setembro em relação a agosto e cresceram 5,5% sobre igual mês de 2007, segundo a Abras, associação que reúne o setor.
A queda nas vendas em setembro, além de ser sazonal, ocorreu porque, em agosto, houve queda nos preços de alguns alimentos, o que resultou em alta do consumo naquele mês, na avaliação da Abras. De janeiro a setembro, as vendas do setor cresceram 8,9% sobre igual período do ano passado.
"Setembro foi um bom mês para o setor, já que houve crescimento sobre 2007. A grande expectativa agora é em relação a este mês. O que já se percebe é que o consumidor está bem mais cauteloso com os gastos", afirma Sussumu Honda, presidente da Abras.
As notícias sobre os desdobramentos da crise financeira internacional tiveram forte impacto nos consumidores. "Por essa razão, a expectativa é que as vendas neste mês ainda cresçam na comparação com as de igual período do ano passado, mas num ritmo menor", diz.
Pelo fato de o mercado financeiro "estar muito conturbado", segundo ele, a Abras ainda não fez previsões para o último trimestre do ano. "O que podemos dizer é que havia expectativa de o setor vender, neste ano, 10% a mais do que no ano passado. Agora já estamos falando em algo próximo a 9%."
Os supermercados paulistas notaram que o consumidor reduziu o valor de compra neste mês e diminuiu os gastos com produtos supérfluos. Por conta disso, a expectativa da Apas (Associação Paulista de Supermercados) é que as vendas neste mês cresçam 4% em relação a igual mês do ano passado, e não mais 9% como estava previsto anteriormente.
"Com tantas notícias ruins sobre os efeitos da crise, o consumidor está muito indeciso neste mês -uma hora ele parece que está disposto a comprar; na outra, parece indeciso. Estamos até evitando falar em previsões neste momento", diz Martinho Paiva, vice presidente de comunicação da Apas.
A alta do dólar deve resultar na queda de oferta de produtos importados nos supermercados neste final de ano, segundo a Abras. Nos últimos três anos, a participação dos produtos importados no faturamento dos supermercados subiu de 2,5% para 5%. "Não digo que vamos voltar para 2,5% novamente, mas é bem provável que os importados diminuam, sim, nas prateleiras", afirma.
Especializada na venda de produtos importados, a Casa Santa Luzia informa que até agora não mexeu na oferta de produtos, até porque já tinha feito importação para as vendas até dezembro. "O que fizemos para manter o consumo foi trabalhar com preço médio entre produto em estoque e o que chega agora. Basicamente, a alta de preços nos importados foi de 10%. Agora, vamos trabalhar com cautela, pois a expectativa é de queda no consumo em 2009", afirma Jorge da Conceição Lopes, diretor da loja.
Os supermercados, na avaliação de Honda, vão ter de ser criativos para atrair o consumidor neste final de ano. "Quem oferecer crédito pode ter vantagens, pois essa parece ser a grande preocupação do consumidor neste mês", afirma.

Preços
Levantamento feito pela Abras constatou que, em setembro, o preço médio de uma cesta com 35 produtos caiu 1,25% em relação a agosto. Na comparação com igual período de 2007, o preço médio da cesta subiu 8,39%.
Os produtos que registraram maiores reajustes em relação ao ano passado foram sabonete (4,37%), margarina cremosa (4,28%) e tomate (3,37%). Já os que apresentarem as maiores quedas de preços no período foram cebola (26,6%), batata (17,9%) e óleo de soja (5,02%).
"A alta de preços em relação ao ano passado foi bastante significativa, pois os alimentos foram os vilões da inflação, mas acredito que, a partir de agora, virá um processo de estabilidade. Os preços das commodities já estão até em queda lá fora", afirma Honda.


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